O mal tem sido e é de sempre, tanto que ainda hoje a
televisão transforma coisas banais em assuntos mediáticos, e dá a conhecer
pessoas, mais coisas e loas de sacha em bens como se fossem essenciais. Tal
qual no mundo do desporto ainda hoje são conhecidos nomes do passado porque são
badalados na televisão e outros até melhores estão no esquecimento. Mas já era
assim desde que apareceu a televisão e os desportistas da capital do país
passaram a ser mais beneficiados, tal como já eram em jornais e revistas do
tempo. Bastando ver o tratamento dado por essas eras na imprensa e meios revisteiros, de modo que hoje se
pesquisarmos em revistas mais famosas quase só aparecem caras e momentos
relacionados com os clubes de Lisboa. É a verdade, verdadinha, que levou a que esses clubes
ganhassem muitos adeptos pelo resto do país, onde o que chegava era sobretudo
sobre isso, além de ter influenciado pessoas que acreditam em tudo mais que ouvem.
Ora, por tal motivo, quando a televisão em Portugal tinha
ainda poucos anos de existência, mas já muitas cenas transmitidas, segundo esses
interesses, o jornal O Porto teve uma rubrica a chamar a atenção para o facto,
nos inícios dos anos da década de 60, assim já a passar de meio do século XX.
Fazendo entrevista a “ÍDOLOS DO PASSADO… SEM TELEVISÃO”!
Ora, uma dessas entrevistas foi ao antigo guarda-redes Lino
Moreira, o guardião que foi primeiro guarda-redes Campeão Nacional, como n.º 1
da equipa do FC Porto que venceu a primeira prova de âmbito nacional, o
Campeonato de 1921/1922. E apenas não foi ele também o 1º internacional, não tendo sequer
chegado a jogar pela Seleção dita nacional, por não ter sido selecionado para
os primeiros escassos encontros de Seleções, nos tempos iniciais dos anos 20, o
que levou a grandes críticas da imprensa nortenha, de cá de cima como se dizia,
visto a equipa selecionada ser quase toda lá de baixo, apesar do FC Porto ser o
campeão nacional e mesmo assim só ter tido um representante nessa equipa da
Federação Portuguesa de Futebol (e por ter jogado antes lá pelos lados do Tejo)….
Em Portugal vem de longe essa diferenciação, de nada tendo valido ao herói
que ficou decepado na batalha de Toro o seu heróico sacrifício na defesa da bandeira da nação, para a bandeira portuguesa ser nossa, de todos,
pela vista de alguns!
Lino Moreira foi pois o antecessor de Miguel Siska na lista
de grandes guarda-redes do FC Porto, depois continuada por Soares dos Reis I, o
1º internacional do FC Porto em jogos pela Seleção Nacional, e os seguintes entre os melhores que vestiram a camisola das Quinas, como Barrigana,
Acúrcio, Américo, Tibi, Fonseca, Zé Beto, Vitor Baía e Diogo Costa, e das Seleções dos países
deles, como Mlynarczick, Casillas e Marchesín…
Pois em 1962, a rubrica do jornal O Porto sobre ÍDOLOS DO
PASSADO… SEM TELEVISÃO” o antigo guarda-redes Lino Moreira mereceu honras de
ser lembrado e assim dado a (re)conhecer às gerações mais novas. Como se pode
recordar, aqui, através de recortes dessa entrevista, que se partilha agora.
Armando Pinto
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Este artigo foi originalmente publicado neste site