Quão sem passado não haveria presente nem futuro, qual alfa e ómega da exixtência, há que valorizar o que passou e faz parte da memória coletiva do que nos diz respeito, neste caso sobre o FC Porto e evolução duma das mais prestiguiantes modalidades no ecletismo portista – o Hóquei em Patins. E porque onde não houver apreço pela história não haverá alma familiar, pela linhagem de ligação aos nossos antepassados, há mesmo razão para tal, no sentido da mística portista.
Pois bem: Como todos os anos, ao começo de nova época desportiva se renovam aspirações e antevêm possibilidades. tal o facto presente, isso vem a rolar, no início da temporada hoqúística a começar. Sendo ocasião propícia, enquanto isto, para renovar uma memorização pelos inícios da modalidade no FC Porto. Após uma primeira experiência em 1944, muito passageira e depressa acabada. Para ter havido regresso mais consistente uma década depois, sensivelmente. Estava-se em 1956, após a reformulação da secção em 1955. Sabendo-se que até então o hóquei havia estado mais desenvolvido no sul do país, melhor dizendo em Lisboa e arredores, até que com o FC Porto a alcandorar-se aos lugares cimeiros o hóquei patinado se começou a impor também na parte nortenha da nação.
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Ora.. O Hóquei em Patins entrou no FC Porto na década de quarenta, tendo sido em 1944 que o clube «tomou parte em provas oficiais, inscrevendo-se em todos os torneios regionais…». Constituíam a “equipa da fundação” os hoquistas António Castro Lacerda, Álvaro Almeida, António Joaquim Costa, António Brandão, Gualdino Leite, José Archer Carvalho, Delmiro Silva e Alberto Lima Ruella».
= Equipa do FC Porto de Hóquei em Patins da época 1945/46. Pose de um “cinco” dos utilizados durante a temporada –
Identificação: da esquerda para a direita – Queirós, Archer, Faria (guarda-redes),
Lopo Marques e Gualdino.
Viria então, em 1944/45 a pioneira equipa portista a classificar-se em último lugar do Campeonato Regional, também disputado por poucas equipas, «o que “não foi de estranhar” dada a falta de recinto para treinar e de orientador capaz», como se pode ler na revista “Vida do Grande Clube Nortenho (2)”, segunda brochura da coleção Seleções Desportivas (editada em 1978).
Como testemunho dessa antiga realidade, juntamos um exemplo de notícia coeva, dada à estampa na revista Stadium em seu número de 29 de Maio de 1946, aludindo a anterior experiência, quanto à participação duma equipa do FC Porto na época anterior (1944/45).
Contudo, a sua existência sofreu, de permeio, uma interrupção nas atividades, após um curto período de competição entre 1944/45 até 1946.
O hóquei estava a desenvolver-se com maior força no Sul do país, enquanto a Norte poucos eram os clubes que ainda se dedicavam a esta modalidade jogada sobre patins, sendo mais na área do Porto que se encontravam equipas de hóquei patinado, entre clubes que praticavam modalidades de rinque, normalmente ao ar livre. Então, o FC Porto aparecera com uma equipa sénior, mas por pouco tempo, à falta de recinto próprio, pois que mesmo as outras modalidades no clube, como o basquetebol, por exemplo, andavam por diversos rinques, enquanto o campo da Constituição era usado pelo futebol e andebol de onze.
Assim sendo, só mais tarde, e com a construção de um rinque de cimento na Constituição, o hóquei em patins reapareceu no FC Porto. Tendo a secção sido depois reativada já a meio da década de cinquenta, mais concretamente em 1955, por exigência dos sócios, «a pedido do público e até dos clubes adversários», devido ao fascínio que sua prática despertava no país a nível da seleção nacional e por reconhecimento de necessidade «da presença duma equipa portista nas competições, com vista a poder ser desenvolvida a modalidade…»
Após isso o reenício, ou mais propriamente o início definitivo, depois de tempos de atempada preparação, foi já na primavera de 1956, aquando da disputa do Mundial de seleções no Porto, dando-se de seguida a entrada oficial do FC Porto em competição.
A equipa de hóquei em patins do Futebol Clube do Porto estreou-se em competições oficiais na 2ª Divisão Regional da Associação de Patinagem do Porto a 02/07/1956, no rinque das Cavadas (cedido pelo Estrela e Vigorosa), num jogo diante do CDUP, com vitória portista por 9-1. Sendo de acrescentar que os restantes jogos do FC Porto para o campeonato foram disputados no rinque do Lima (cedido pelo Académico), de modo a albergar o grande número de espectadores interessados.
À época, noticiou assim o jornal O Porto, órgão oficiala informativo e historiador do FC Porto, esse tempo dos inícios hoquisticos no clube:
E também ficaram notícias do 2º e 3º jogos da equipa do hóquei portista no jornal O Porto, nesse tempo em que o clube tinha tal órgão a registar a atividade azul e branca em todas as suas vertentes.
… Bem como dos seguintes jogos…
…com foto e legenda do 1º golo no jogo commo Vilanovense.
… Em cuja sequência se pode também e ainda ver algo mais, por quanto o hóquei patinado já então ganhava raízes familiares na secção hoquista da Constituição. Como se pode ver por sintomática imagem e sua legenda.
Extensivamente, fazendo já parte da vida do clube, os hoquistas da então nova modalidade alvi-anil também integraram o desfile habitual de verão nas Antas, como os atletas das outras modalidades, desfilando então diante do público portista no Festival Desportivo realizado em agosto – naturalmente sem patins, por caminharem no relvado do estádio do FC Porto.
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Então, só na década de cinquenta foram obtidos os primeiros títulos de hóquei em patins, tendo em 1955/56 sido conquistado o Metropolitano da 2ª Divisão, fase Norte, mais conhecido ao tempo por Campeonato Regional (mas que dava título de Campeão do Norte), ascendendo por isso o FC Porto à 1ª Divisão. Era chefe de secção o então dirigente Melo Cruz e treinador o Dr. Mário Aragão, no regresso do FC Porto à modalidade.
= Equipa do F C Porto aquando do 1º jogo e depois já com o clube campeão da 2 ª Divisão Regional do norte em 1955/1956. No retorno à competição (sendo este o primeiro ano decompetição após curto período entre 1944/45 até 1946).
Assim, havendo precisado apenas de uma época para alcançar a 1ª Divisão e logo passar a competir ao mais altio nível regional e nacional, a equipa portista obteve o título da divisão em que reeniciou a atividade. Como ficou registado no jornal O Porto:
Desses tempos foi superiormente registado o início da atividade hoquista no anual Relatório e Contas do clube, constando em tal documento publicado da Gerência de 1956 um relato descritivo com a história inicial da modalidade no seio do FC Porto.
Ganho assim um lugar importante no ambiente portista e mesmo algum prestígio no panorama do hóquei nacional, a equipa do FC Porto passou a deter respeito, a pontos de merecer pedidos de comparência em acontecimentos relevantes, como foi o caso de em Novembro do mesmo ano de 1956 ter ido solenizar a inauguração de um recinto desportivo na Beira Litoral.
Ficou então registado no jornal O Porto esse facto, também digna de nota;
Passada a fase embrionária, depressa o hóquei portista ganhou ainda maior visibilidade com a inclusão de um nome mais sonante. Havendo então sido incluído um hoquista-futebolista, Acúrcio Carrelo, o qual acumulava a prática hoquista com o futebol (sendo então Acúrcio guarda-redes de futebol da equipa principal do FC Porto), mais um aderente hoquista-basquetebolista, Ruben Lopez (este por sinal até jogador-treinador do basquetebol portista, nesse tempo).
Seguiram-se os tempos de consolidação, pelos anos adiante, com Alexandre Magalhães e seus pares em campo e o treinador Laurentino Soares no banco, para depois, com a chegada de Cristiano e reforço da equipa valorizada com Leite, Ricardo, Castro, Hernâni, Brito, Fernandes, etc. etc. ter começado a corrida sobre patins que faz parte, no seio do grande clube dragão, da história dessa modalidade jogada com setique sobre rodas.