Quando nada o fazia prever, cerca de 50/60 pessoas afetas aos azuis e brancos foram atacadas em Braga por indivíduos encapuzados. Relatos de adeptos dos dragões recolhidos ontem por O JOGO falam em várias agressões. Acusam um funcionário dos bracarenses de ser cúmplice, mas assinalam a coragem de um segurança.
Vários adeptos do FC Porto foram atacados, na noite de sábado, por um conjunto de indivíduos encapuzados e vestidos de preto, quando saíam do novo Pavilhão do Braga, onde a equipa feminina de voleibol portista tinha batido a local por 3-2. O ataque, considerado pelos adeptos do FC Porto como “uma emboscada”, gerou um ferido, um rapaz de 22 anos, socorrido pelos Bombeiros Sapadores e transportado ao Hospital de Braga, onde ficou três horas a ser observado.
Na “noite do terror”, segundo os azuis e brancos que ali estiveram, também uma senhora com uma criança sofreu. “Estava com o meu filho ao colo quando chegaram dois encapuzados. Um passou-me uma rasteira e tive a sorte de cair para cima de um carro, veio outro e deu-me uns estalos, isto sempre com o miúdo ao colo”, conta. “Apareceu um segurança que me pediu para confiar nele, para me acalmar, que ele tomava conta do menino. A seguir, um diretor do FC Porto levou-o até à camioneta das atletas onde ele ficou e, pelo que me disseram, a chorar compulsivamente. A nossa sorte foi ter caído para cima do carro”, relata. Ontem, no final do FC Porto-Fiães, o menino em causa recebeu da equipa portista uma camisola assinada por todas as atletas.
“A polícia andou lá à volta, não viu os gajos e foi-se embora, quando a obrigação da polícia era estar lá até levar as pessoas aos carros. Correram-se sérios riscos. Não há iluminação, não há segurança e foi apenas um steward a levar cerca de 50/60 pessoas aos carros, até que, do nada, aparecem uns 40 gajos. Podia ter acontecido algo de muito grave”, diz Pires, um conhecido adepto do FC Porto, que vai “há 50 anos a todos os jogos das modalidades e do futebol” e que estava entre os portistas que foram a Braga. “Estas princesas merecem tudo e eu pelo FC Porto dou a cara e o nome sem problemas”, assume.
“Eles apareceram que nem ratos atrás dos carros, tivemos a escolta de um segurança, que, quando eles surgiram, nos deixou sozinhos. Só depois é que chegou o tal segurança, que pegou na criança e os enfrentou”, refere um outro adepto que esteve no local, adiantando que “havia pais de atletas e crianças”.
Na origem deste episódio terá estado uma tarja. “Aquilo estava tudo feito e combinado. Quem começou foi um funcionário do clube, que nos começou a tirar fotografias e a mandar para alguém. Estava lá um pano que dizia ‘valores tripeiros’ e, hoje em dia, para eles roubar uma tarja é um troféu”, diz o pai da senhora agredida com o filho ao colo. “Questionámos esse funcionário, que admitiu que recebeu fotografias e mensagens a perguntar se era claque ou pessoas normais e ele disse ter respondido pessoas normais e meia dúzia de miúdos. Mas eu não acredito, até porque o ouvi a dizer a um colega ‘eles já vêm aí’”, denuncia.
Refira-se que a zona do novo pavilhão, agora mais frequentada mas com iluminação insuficiente, tem gerado preocupação nos habitantes locais. Depois do ataque de sábado, foi anunciado que irá a debate na Assembleia Municipal de Braga.