Arrancou na manhã desta quarta-feira no Tribunal de Matosinhos o julgamento em que Boaventura é acusado pelo Ministério Público de três crimes de corrupção ativa e um crime de corrupção ativa na forma tentada. Em causa está o aliciamento dos jogadores Marcelo, Cássio, Lionn – os três, à época, ao serviço do Rio Ave – e de Salin – então no Marítimo – em jogos contra o Benfica na época 2015-16.
De acordo com depoimento do antigo guardião vilacondense, Boaventura ter-se-á encontrado com Cássio no parque de estacionamento do Estádio dos Arcos no final de um treino da equipa, na quarta-feira que antecedeu o jogo com o Benfica, a 24 de abril de 2016.
“Ele apresentou-se como empresário e disse-me que tinha interesse que o Benfica vencesse e que eu facilitasse”, afirmou Cássio em tribunal esta quarta-feira.
O antigo guarda-redes contou ainda que Boaventura lhe ofereceu 60 mil euros para facilitar no jogo contra o Benfica. O empresário terá garantido ainda que “Marcelo e o Leon aceitaram”.
Cássio garante ter abandonado de imediato o carro de Boaventura, recusado a proposta do empresário e que denunciou de imediato a tentativa de corrupção aos restantes jogadores e dirigentes do clube.
Tal como na operação Malapata, César Boaventura mantém para já o silêncio nesta fase do julgamento.
“Preciso que percas contra o Benfica”
A tentativa de corrupção de Cássio foi noticiada pela primeira vez pelo semanário Expresso a 13 de abril de 2019.
À data, o semanário contava que o antigo atleta do Rio Ave teria confirmado à Polícia Judiciária a abordagem do empresário, que atuaria em nome do Benfica.
À altura dos factos vários elementos do plantel do Rio Ave tinham os telefones sob escuta, na sequência de uma suspeita de de viciação de resultados, relacionada com apostas. Uma das conversas que chamou a atenção dos investigadores foi precisamente de Cássio com César Boaventura e que viria a ser revelada.
– “Cássio, estás sozinho? Precisava de te dar uma palavrinha, mas pessoalmente, porque os telemóveis nascem com ouvidos.
– Se isto é de Lisboa, nem vale a pena conversar. Não quero saber.
– Sim, por acaso uma parte até é, a outra não.”
Cássio contou o sucedido a um amigo, mensagens que acabaram também por ser divulgadas:
– “Lembra aquilo que você me perguntou? Teve aqui um gajo que me tentou fazer o mesmo outra vez.
– É o mesmo da outra vez? Lá de Paços de Ferreira?
– Não, este é outro.”
Fonte: Porto Canal