Administrador de Villas-Boas prioriza equilíbrio positivo nas contas do FC Porto
O equilíbrio positivo da atividade corrente do FC Porto impõe-se nas prioridades de José Pereira da Costa, que foi anunciado como administrador financeiro da candidatura de André Villas-Boas aos vice-campeões nacionais de futebol.
“Existem áreas em que a rentabilidade operacional da atividade pode ser melhorada. Por outro lado, há que fazer um trabalho muito melhor na geração de valor com os principais ativos da SAD, que são os passes dos nossos futebolistas. Não tenho nenhum gosto em mostrar que estamos aquém dos rivais nessa área. Gerar resultados vai levar-nos a uma atividade globalmente positiva, que, depois, permitirá iniciar o percurso de saneamento financeiro da FC Porto SAD. Demorará tempo, mas acho que o caminho é esse”, vincou.
José Pereira da Costa partilhou a sua visão para o futuro financeiro dos ‘dragões’ numa conferência de imprensa decorrida na sede de campanha da lista “Só há um Porto”, no Porto, ambicionando adicionar sucesso financeiro, mas sem hipotecar o êxito desportivo.
“Em primeiro lugar, será essencial fazer uma análise rigorosa das razões que levaram ao atual estado financeiro, que é muito preocupante. Nos últimos 10 anos, houve resultados líquidos acumulados de cerca de 250 milhões de euros (ME) negativos. Em média, são à volta de 25 ME negativos por ano, que levou ao acumular de um passivo de 530 ME e de uma dívida de 310 ME”, analisou, desejando uma “mudança urgente” na gestão da SAD.
Em 13 de outubro de 2023, aquando da divulgação do relatório e contas da temporada 2022/23, os ‘azuis e brancos’ apresentaram um resultado líquido negativo de 47,627 ME, invertendo uma trajetória de lucro visível em 2020/21 (19,3 ME) e 2021/22 (20,765 ME).
“Porque é que o FC Porto fez vendas de jogadores de cerca de 430 ME nos últimos seis anos, mas só foram registados quase 30 ME, isto é, 7% do valor obtido? Fazendo contas rápidas, existe um resultado operacional ligeiramente negativo a tender para zero. Os 20 ME de encargos e os 30 a 40 ME de amortizações anuais significam que têm de se gerar entre 50 e 60 ME em mais-valias com vendas de atletas para equilibrar resultados. É um valor elevado, que coloca grandes questões na gestão da qualidade do plantel”, admitiu, notando uma “dependência grande” das receitas pela participação nas provas europeias.
Sentindo-se “totalmente capacitado” para ser administrador financeiro da FC Porto SAD, face às suas recentes passagens pela operadora de telecomunicações NOS e pelo canal televisivo SportTV, José Pereira da Costa, de 56 anos, vê “oportunidades de melhoria da rentabilidade” dos azuis e brancos, cujas contas estão sob alçada de Fernando Gomes.
“Propomo-nos a procurar restabelecer a credibilidade que o clube merece junto dos seus principais parceiros atuais e potenciais, diversificar as fontes de financiamento, alongar maturidades para médio prazo e refinanciar a dívida com prazos mais longos e, de modo ideal, custos mais baixos, por forma a aliviarmos a pressão da tesouraria no curto prazo, que tanto tem impactado negativamente na gestão desportiva da sociedade”, direcionou.
O candidato da lista de André Villas-Boas deseja uma gestão “muito mais rigorosa”, com “forte disciplina financeira e orçamental”, que, para além da renegociação de contratos e dívidas, racionalize custos e otimize o ‘cash flow’ operacional, com recurso a iniciativas favoráveis à transformação digital, ao aumento das receitas e ao crescimento da marca.
“Há que elevar fortemente os resultados gerados. Isso passa por uma aposta grande na formação, um planeamento a curto, médio e longo prazo, o reforço de competências ao nível da prospeção e a redução de custos de transação de jogadores”, frisou, projetando ainda a adoção de encargos “mais ligeiros” com a remuneração de cada administrador.
Questionado sobre uma eventual ausência do FC Porto na Liga dos Campeões, que terá mais encontros para disputar e prémios monetários superiores a partir da próxima época, Pereira da Costa mostrou otimismo quanto ao futuro do atual terceiro colocado da I Liga.
“Claro que vai ser um desafio ainda maior se não nos conseguirmos qualificar, mas é um cenário que não contemplamos nesta altura. Vamos receber os rivais na segunda volta e achamos que ainda é possível sermos campeões”, terminou, ciente de que só o primeiro classificado entrará diretamente na fase de grupos da principal competição europeia de clubes, ao passo que o segundo vai ter de passar duas pré-eliminatórias para lá chegar.
Nas eleições dos órgãos sociais do FC Porto para o quadriénio 2024-2028, que deverão ser realizadas em abril, André Villas-Boas vai concorrer com o empresário Nuno Lobo, candidato vencido em 2020, e Pinto da Costa, detentor de 15 mandatos consecutivos na presidência dos ‘dragões’ e dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial.
Fonte: ojogo.pt