Declarações de Fernando Gomes, responsável pela área financeira da SAD do FC Porto, na apresentação das contas do primeiro semestre de 2023/24
Previsão de capitais próprios positivos: “Tínhamos o objetivo de atingir capitais próprios positivos esta época e temo-los reduzido substancialmente já neste semestre. Foi logo dito que representava uma perigosa antecipação de receitas. Até foi dito pelo candidato André Villas-Boas que antecipávamos 15 anos de receitas e que já estávamos a transacionar os direitos televisivos para lá de 2028, o que nem existe. Que tínhamos comprometido todos até 2028 e estávamos a negociar para lá. Não é verdade que estejamos a comprometer receitas dos próximos 15 anos, pelo contrário. O FC Porto acaba de fazer um financiamento para antecipar direitos televisivos por mais dois anos, é verdade. Se todos diziam que já tínhamos antecipado as receitas todas, como foi possível ir buscar dois anos? Não é verdade que estejam esgotados, ainda temos um ano de direitos televisivos livres. Por que antecipámos? Por causa da venda do Otávio, que permitiria agora descontar, contrariando as expectativas, não foi possível descontar nos bancos”.
Por que razão não foi possível descontar? “Por ineficácia do Al Nassr não conseguimos descontar, o clube não consegue fornecer os documentos necessários para o clube descontar. Contávamos ter 40 M€ e ficámos sem eles. Antecipámos dois dos três anos e estão cá as receitas da venda do passe do Otávio, cuja prestação só recebemos em 1 julho de 2024 e outra em 1 julho de 2025”.
Contas sem antecipação de receitas ou contabilidade criativa: “O FC Porto negociou mais de um ano com um grande grupo, tão grande que na Europa fechou duas operações, uma no Real e outra no Barcelona. O terceiro é o FC Porto. Se não fosse interessante para os investidores, o FC Porto não era procurado. Estes parceiros juntaram-se como sócios num negócio. Não compram participações financeiras no FC Porto, formam uma sociedade para explorar toda a área comercial do Dragão. Surgiu um incremento de receitas grande que os levou a investir no FC Porto. Temos a Porto Comercial que é a responsável pelas vendas de merchadising, as lojas, a bilhética, catering, naming, camarotes, sponsors, publicidade. E a que acordo chegámos? A Porto Comercial vai ser retirada das lojas. Cria-se uma nova empresa, ainda sem nome, que é constituída por 70% do FCP e 30% do parceiro. Para entrar nesta sociedade, o FC Porto entra com o marketing, o catering, naming e bilhética e os nossos parceiros com uma importância entre 60 e 70 M€. Está a ser feita uma avaliação do valor real ainda. Estes valores serão entregues ao FC Porto em junho. O que é que isto quer dizer? Aos que nos acusaram e andaram a delapidar… Este exercício vai ainda receber no segundo semestre e pago em junho 60 a 70 M€ que vão diretamente para capitais próprios. É a constituição de uma sociedade. Não antecipamos nem vendemos, estamos a criar e a acrescentar valor. Qualquer das projeções feitas demonstram que, logo no primeiro ano desta nova sociedade, os resultados garantem que 70% dos nossos valores são mais do que os 100% de hoje devido ao crescimento do negócio. No final deste exercício, teremos mais de 60 M€ de capitais próprios positivos. Já aconteceu e é apenas um problema de registo contabilístico. O grande objetivo, que era passar de resultados negativos pontuais da época passada para positivos e alterar os capitais próprios está atingido. Não vai ser, está”.