Artur Peixoto (1932-1978): diretor portista de tempos idos – falecido no dia do Porto ser campeão nacional de futebol após 19 anos de espera…. em 1978.
Nos muitos anos da Vida do Futebol Clube do Porto muitos
foram, também, os associados que serviram o Clube como Dirigentes. Uns mais e outros
menos lembrados do conhecimento público que perdura pelos tempos além, mas
todos dignos de menção e merecimento pela sua dedicação à causa portista. Entre
os quais alguns também mais históricos, naturalmente. Além de alguns ainda
conhecidos por algumas características e ligações particulares. Como no caso
desta feita em apreço, sendo vez de lembrar um antigo dirigente portista natural
do concelho de Felgueiras e da felgueirense freguesia de Rande – Artur Peixoto.
Vem a talhe, na ligação mais que justificada desse grande fenómeno, que é o FC Porto, evocar tais laços de afinidade felgueirense à causa portista. Porque, sendo que aqui o autor das lembranças perpetuadas neste
espaço de Memória Portista não se cansa e se orgulha de ser um portista ativo,
podendo, dentro do possível, de certa forma contribuir para o engrandecimento do FC Porto a partir
daqui do habitat natural, houve entretanto também mais felgueirenses que foram portistas
conhecidos e até salientes no seio do clube.
Ora, vem de longe a referida afinidade clubística azul e branca por terras do fofo pão de ló de Margaride, através de alguns Felgueirenses, como foi o caso do Eng.º Mário Castro, que chegou a ser um grande atleta do F. C. Porto em Andebol de Onze, na década de quarenta e cinquenta, do século XX, tendo sido então campeão nacional com o FCP e “internacional” pela seleção portuguesa da modalidade; bem como, já nos anos sessenta, o mesmo também manteve notoriedade como campeão nacional em Pesca Desportiva, igualmente neste caso em representação da coletividade da Constituição e das Antas. Ainda nos anos cinquenta, correu nas estradas do país e pela estranja o ciclista Artur Coelho, que ao serviço do FCP foi camisola amarela em diversas Voltas a Portugal e venceu a Volta a S. Paulo, no Brasil, em 1957, ao passo que nos campos de futebol evoluíram os então jovens Felgueirenses António Freitas e António Silva, que enfileiraram na equipa de juniores de futebol com a mesma camisola alvi-anil, sob orientação de Artur Baeta. Por esse tempo, Felgueiras teve também seu nome associado à magna campanha de angariação de fundos para a construção do Estádio das Antas, inaugurado em 1952. Tendo para o caso estado envolvidos diversos felgueirenses de renome na angariação de fundos de contribuição, incluindo um jogo de futebol em Felgueiras da equipa principal do Porto, com suas vedetas do tempo (conforme registamos no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”). Performances que tiveram sequência com outros vínculos mantidos, por gente destas paragens, noutros campos onde pulsava interesse azul e branco, como foi o caso do dirigismo e demais funções. Quanto aconteceu com Adriano Castro, personagem que por esses idos de cinquenta, sobretudo, trouxe a Felgueiras diversos atletas Portistas, que eram nessa era autênticos ídolos do desporto, para realizações de apreciadas provas; assim como o anteriormente referido Eng.º Mário Sampaio Castro e Deolindo de Sousa Machado foram membros da Assembleia Delegada do FCP, a meio da década de sessenta; tal como o mesmo Eng.º Mário Osório Pinto Sampaio e Castro chegou a ser vice-presidente do F. C. Porto, nos inícios de mandato do Dr. Américo Sá, de finais de sessenta e meados de setenta; altura em que Artur Peixoto Júnior foi Seccionista do Atletismo Portista; como depois Armindo Vasconcelos foi redator do jornal “O Porto”, órgão de informação do F. C. Porto de que o autor destas linhas foi igualmente colaborador, além de, recentemente, aqui o autor destas linhas ter entusiasticamente estado envolvido na caminhada que levou à eleição do Presidente André Villas-Boas.
Está pois Artur Peixoto, como felgueirense, entre esses felgueirenses, e como portista de forma mais saliente como dirigente, que foi. Artur Peixoto, que também e mais até era conhecido por Artur
Peixoto Júnior, como ficou no conhecimento local, em Felgueiras, e depois
praticamente ficou como nome assim adotado no conhecimento geral, como era por exemplo referido
nas crónicas alusivas aos temas de sua atividade no FC Porto. Sendo que esse
acrescento “Júnior” derivou de ter um tio com o mesmo nome (Artur Peixoto, que
inclusive, pelos anos 20 e 30, do séc. XX, foi mesário da Misericórdia do
Unhão, em cuja instituição sita nas redondezas de Rande, chegou a vice-provedor). E assim ser então diferenciado o mais jovem do mais velho, de tio para sobrinho.
Artur Peixoto nasceu em Rande, freguesia do concelho de Felgueiras, a 20 de maio de 1932. E em Rande e na região felgueirense viveu em sua juventude, até ter rumado à cidade do Porto, onde exerceu atividade profissional e se tornou industrial. E por fim foi integrado na Direção do FC Porto, ao tempo da presidência do Dr. Américo Sá, entre 1972 a 1978, quando faleceu, a 11 de junho.
É sensivelmente desse tempo a foto seguinte, captada em plena atividade diretiva na sede do FC Porto –como se pode ver pelas paredes, ocorrida numa das salas da
antiga sede social do F C Porto, ainda no edifício lateral à Câmara Municipal
do Porto, na Praça do Município, hoje Praça General Humberto Delgado. Vendo-se,
por fundo, algumas pequenas molduras com alguns dos quadros dedicados a figuras
do clube, então patentes a decorar espaços e homenageando glórias portistas.
Entretanto, na zona do Grande Porto foi conhecido empresário da Fábrica de Tintas Lexoline, L. da, com sede em Leça da
Palmeira. Entre cujos membros da respetiva sociedade estavam dois naturais de Rande-Felgueiras,
Artur Peixoto e Carlos Alberto Dias Pereira, além de mais três sócios
(conforme escritura de 30 de outubro de 1967, publicada em Diário do Governo de
2 de dezembro de 1967-lll Série).
Ora o sr. Artur Peixoto foi seccionista do Atletismo do F C Porto. Faleceu em 1978 no dia em que o F C Porto se sagrou campeão nacional de futebol sénior, ao fim de 19 anos… mas antes do jogo que consumou essa conquista. Conheci-o bem, pois era meu conterrâneo… sendo natural da freguesia de Rande, onde tinha residência familiar na Casa do Outeiro de Baixo, em pleno concelho de Felgueiras. Tendo depois de uma curta carreira profissional na então povoação da Longra, ido residir para a cidade do Porto, em cuja metrópole da Invicta, após alguns empregos e parcerias com alguns conterrâneos e conhecidos, como Adriano Castro e Carlos Pereira, se dedicou por fim à indústria de tintas, com uma conhecida firma em que foi um dos sócios gerentes.
Recordo-me de ter tomado conhecimento da triste notícia de seu falecimento quando, ao fim desse célebre dia, cheguei à minha terra, à Longra, no regresso depois do jogo do título. Embora então sem noção ainda, por quanto estava tudo ainda em êxtase pela conquista tão ansiada…. enquanto os amigos e conhecidos Portistas da Longra já faziam a festa, metendo até aparelhagem sonora de altifalantes a levar pelos ares música alusiva e gravações do relato do jogo dessa tarde, pela voz do Amaro (do Quadrante Norte, dos Emissores do Norte Reunidos), tendo de seguida sido posto no prato da aparelhagem um disco já alusivo aos campeões, que eu trouxera, comprado que foi na tarde desse dia, numa tenda à saída do estádio, louvando a “Turma de Pedroto, grande comandante / os craques do Porto, equipa gigante / (etc. etc.)… Rodolfo, Ademir, Duda e Oliveira / mais o Gomes na dianteira”…!
No livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras” (publicado em 1997), dedicamos-lhe uma devida atenção, incluindo-o entre pessoas algo salientes na sociedade local, descrevendo:
«Antigo funcionário responsável administrativo do funcionamento da Casa do Povo da Longra, na década de cinquenta, nasceu na Casa do Outeiro de Baixo, em Rande, onde viveu durante a sua juventude…»
Desse período é uma fotografia, reproduzindo à posteridade uma sessão pública em que Artur Peixoto acompanha em palco o então presidente e um vogal da instituição, mais um deputado da nação e os então Presidente da Câmara de Felgueiras e o Vice e Administrador do Concelho – conforme legendagem patente no original datilografado para a monografia histórica da região.
Ainda do mesmo período é o que sobre ele ficou também referenciado no capítulo das instituições locais, do mesmo livro, na parte a historiar a Casa do Povo da Longra.
«Estabeleceu-se mais tarde no Porto como industrial de tintas, tendo sido sócio-gerente da afamada firma nortenha do ramo, a “Lexoline”.
Apesar de não ter deixado vincada sua acção pessoal na terra natal, além de ter operado restauro da sua casa de campo (…), doou a imagem de S. Simão à igreja paroquial de Rande. Fez parte, em 1965, da Assembleia-Delegada do F. C. Porto, em cuja composição de associados também esteve Deolindo de Sousa Machado, natural de Longra-Rande. Em 1972/73 Artur Peixoto fez igualmente parte dos Corpos Gerentes do F. C. Porto, por indicação de Adriano Sampaio e Castro (que não pôde aceitar convite de seu primo Engº Mário Castro), na primeira gerência do Dr. Américo Sá, integrando a secção do atletismo.» – conforme ficou anotado no livro, também.
Sempre que podia vinha à terra natal passar fins de semanas, mais períodos de férias e fazer convívios com familiares e amigos, em sua Casa do Outeiro de baixo, em Rande. E, segundo quem com ele contactou, adorava Rande.
Faleceu precisamente no dia em que o F. C. Porto conquistava o título de Campeão Nacional de 1977/1978 em futebol, que era então muito ansiado devido a longa espera, e a cujo último jogo contava assistir depois de ir dar uns mergulhos à praia, onde morreu por acidente. Na manhã de 11 de junho de 1978.
= Nota de falecimento nos jornais no dia seguinte, 12 de junho de 1978.
Incorporaram-se no funeral vários membros da Direção do FC Porto e amigos do Clube, com realce para o então presidente Dr. Américo Sá e Alexandre Magalhães, antigo hoquista do FC Porto (e mais tarde vice-presidente da Direção seguinte). Além naturalmente de muitos conterrâneos e amigos de diversas procedências.