Em 1984, precisamente no dia de São Martinho, a 11 de
novembro, Aurora Cunha conquistou o título mundial de estrada, o primeiro grande
título do atletismo do FC Porto. Tendo essa modalidade atlética, das corridas a pé, assim tido no FC Porto um feito de nível internacional,
a juntar às poucas proezas que até aí também haviam sido alcançadas em provas de
grande monta.
Então, nesse domingo também de verãozinho de São Martinho, decorreu
o Mundial de Estrada de atletismo feminino em Madrid, em cuja prova disputada na
capital espanhola os dois primeiros lugares foram alcançados por duas atletas
portuguesas, com Aurora Cunha a chegar primeiro à meta, seguida por Rosa Mota.
Havendo ali, sob sol outonal de Espanha, Aurora Cunha conseguido esse importante
resultado mundial, que ficou para a história conforme se pode rever pelo
registo verificado no livro “HISTÓRIA DE 50 ANOS DO DESPORTO PORTUGUÊS”, publicado
pelo jornal a Bola no seu cinquentenário.
Aurora Cunha, que
começara a correr no Ronfe, clube de sua terra natal, veio para o FC Porto
ainda no tempo da presidência do Dr. Américo Sá e quando no atletismo portista estava
Artur Peixoto, também. Havendo ainda corrido em equipa com Rosa Mota e Ana
Paula Mota, que depois saíram do Clube. Até que, decorridos tempos e após vitórias
em diversas provas em Portugal, foi em Espanha, com a camisola de Portugal, que Aurora Cunha alcançou o primeiro
grande triunfo internacional. E, conforme é narrado no “Dragões Diário” desta
data, da lavra de Manuel Pérez, a Aurora «subiu ao degrau mais alto do pódio e
conquistou o título mundial de estrada em Madrid. A fundista natural de Ronfe
fez quase toda a carreira de azul e branco, bateu 37 recordes nacionais dos 800
aos 10.000 metros e viria a sagrar-se Tricampeã do Mundo. Correu nos Jogos
Olímpicos de Los Angeles, Seul e Barcelona, venceu as maratonas de Paris,
Tóquio, Chicago e Roterdão, bem como a São Silvestre de São Paulo, e
representou o FC Porto entre 1978 e 1994, conquistando 22 títulos nacionais –
seis nos 1.500 metros, oito nos 3.000, quatro nos 5.000 e outros tantos no
corta-mato.»
Sintomático do alcance desse título é que até ficou também assinalado num porta-chaves constante da coleção do autor aqui deste blogue.
Conquistava então o Atletismo do FC Porto um grande triunfo
internacional, a enriquecer o historial da modalidade corrida com camisolas azuis
e brancas. Desde os tempos dos primeiros campeões nacionais, Alfredo Carvalho
em 1926, Acácio Mesquita em 1928 e 1929, Barros Gomes em 1934, Arnaldo Borges
em 1936, Albino Silva em 1938, passando pelo Nacional de pista conquistado em
1952 com António Tender, Fernando Romero, António Martins, João Teixeira,
Ângelo Ferreira, Carlos Vieira, Fernando Perdigão; seguindo-se mais tarde vitórias de uns Manuel de Sousa,
Carlos Carneiro, Isolina Pinhel, António Ascensão, etc.; até tempos de evolução
corridos por uns quantos mais que ficaram também a fazer parte da História do
Atletismo do FC Porto. Cuja memória se pode recordar através do artigo (escrito pelo autor destas linhas, também) publicado na revista “Mundo Azul” de
fevereiro de 2010, pouco antes de ter sido extinta a secção na era presidencial
de Pinto da Costa.
Armando Pinto
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Este artigo foi originalmente publicado neste site