A 16 de março de 1911, poucas semanas depois da morte
precoce do então líder máximo José Monteiro da Costa (falecido a 30 de janeiro),
os sócios do FC Porto em Assembleia Geral elegeram Júlio Garcez de Lencastre
como o terceiro presidente da história do clube, em modo interino. Como tal o
mandato daquele tenente do exército durou apenas seis meses, tempo suficiente
para organizar e vencer a primeira edição da Taça José Monteiro da Costa (prova
culminada a 9 de abril, com vitória no jogo final sobre o Leixões, nesse
primeiro Campeonato do Norte disputado entre FC Porto, Leixões, Boavista e
Académica de Coimbra, com a taça com o nome do refundador do FC Porto toda em prata).
Como sobre este Presidente Portista não há muita informação nos meios oficiais portistas, aliás mesmo sem praticamente nada na literatura do clube, deita-se mãos e olhos por outros lados, para o lembrar:
Esse que foi o 3.º Presidente do FC Porto consta na enciclopédia
digital Wikipédia, em sinal de ser algo saliente. De onde se retiram algumas
passagens, mais importantes aqui para o caso:
Júlio Garcês de Lencastre
Presidente do FC Porto – Período de Março a Setembro 1911
46.º Governador-geral de Angola – Período 1934-1935
Júlio Garcês de Lencastre (em grafia antiga Júlio Garcez de
Lencastre) Nascido no Porto, Cedofeita, a 5 de Agosto de 1882- Falecido em Cascais,
São Pedro do Estoril, a 5 de Março de 1970. Foi um militar, dirigente
desportivo, político, administrador colonial, académico e escritor português.
Biografia – Família
Filho segundo de Ernesto Teixeira de Meneses de Lencastre,
Coronel-Médico,e de sua mulher Leopoldina Garcês Pinto de Madureira, filha do
1.° Barão da Várzea do Douro e sobrinha-neta do 1.° Visconde de Garcês.
Futebol Clube do Porto
Sendo Tenente, foi o 3.° Presidente, na qualidade de
Interino, do Futebol Clube do Porto de 16 de Março a 21 de Setembro de 1911,
pelo falecimento do Presidente José Monteiro da Costa. Durante o seu curto
mandato, todavia, o clube venceu o seu primeiro título, na primeira edição da
Taça José Monteiro da Costa.
Casamento
Casou em Lisboa, Anjos, a 7 de Fevereiro de 1920 com
Hermínia Alice Neves da Fontoura (Porto, Cedofeita, 24 de Setembro de 1892 –
Cascais, São Pedro do Estoril, 25 de Agosto de 1942)…
Postos e cargos
Sendo Major, foi acusado de envolvimento no Movimento
Revolucionário de 7 de Fevereiro de 1927 e teve um Processo Político, mas foi
ilibado de culpas pela Direcção de Justiça e Disciplina.
Sendo Tenente-Coronel, foi Comandante Militar de Timor e
Governador do Distrito de Luanda, na Província de Angola.
Foi Administrador do Concelho e Vice-Presidente da Câmara
Municipal de Cascais, localidade onde fez parte da Obra de Assistência no
Concelho de Cascais.
Exerceu o cargo de Encarregado do Governo da Colónia de
Angola entre 1934 e 1935.
Foi Director-Geral das Colónias e responsável pela Agência
Geral das Colónias.
Atingiu o posto de Coronel de Infantaria na Reserva.
Condecorações
A 5 de Outubro de 1922 foi feito Comendador da Ordem Militar
de São Bento de Avis, a 17 de Outubro de 1940 foi elevado a Grande-Oficial da
Ordem Militar de São Bento de Avis, a 19 de Janeiro de 1942 foi feito Comendador
da Ordem de Benemerência e a 16 de Outubro de 1959 foi feito Oficial da Ordem
Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Obras publicadas – Publicou:
Aspectos da administração de Timor / Júlio Garcez de
Lencastre, In: Boletim da Agência Geral das Colónias – Ano V, N.º 54 (Dezembro
de 1929), p. 32.
Propaganda colonial na exposição de Sevilha: a sala das
colónias do pavilhão de Portugal / Júlio Garcês de Lencastre – Conferência
realizada na Sala Algarve da Sociedade de Geografia de Lisboa a 29 de Junho de
1929, In: Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa – Série 47, N.ºs 9-10
(1929), pp. 311–329.
Algumas regras gramaticais da língua tetum e vocabulário /
Júlio Garcez de Lencastre, In: Boletim da Agência Geral das Colónias – Ano V,
N.º 54 (Dezembro de 1929), pp. 82–92.
Visita dos alunos da Escola Superior Colonial à exposição de
Vincennnes / Júlio Garcês de Lencastre – Ilustrações, In: Boletim da Sociedade
de Geografia de Lisboa – Série 49, N.ºs 9-10 (1931), pp. 326–330.
Ensaio do estado sobre paludismo, quinino e mosquito / Júlio
Garcez de Lencastre, In: Anuário da Escola Superior Colonial – (1931 – 1932),
pp. 101–128.
Evolução e aproveitamento do indígena colonial / Júlio
Garcez de Lencaster, In: Boletim da Agência Geral das Colónias – Ano VIII, N.ºs
86-87 (1932), pp. 8–17.
Preparação moral, intelectual e profissional do indígena /
Júlio Garcez de Lencatre – Conferência realizada no Colégio Vasco da Gama, In:
Socieade de Geografia de Lisboa – Série 50, N.ºs 1-12 (1932), pp. 214–235.
Clima de Timor / Júlio Garcez de Lencastre, In: A terra:
revista portuguesa de geofísica – N.º 14, pp. 92–97.
Timor, padrão do império: conferência / Júlio Garcez de
Lencastre – Porto: Edições da 1.ª Exposição Colonial Portuguesa, 1934 – 23 pp..
Marcos da expansão do império Solor-Alor e Timor / Júlio
Garcez de Lencastre – Lisboa: Boletim da Agência Geral das Colónias, 1934 – 29
pp.; 23 cm. – Separata do “Boletim Geral das Colónias, N.º 104.
Climatologia e Nosologia de Timor / Ten. Cor. Júlio Garcês
de Lencastre – Lisboa: [s.n.], 1961 – 16 pp. ; 23 cm (brochado).
Homenagens
Tem uma Rua com o seu nome em São Pedro do Estoril,
Cascais.»
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Da página “FC Porto – Memória”:
« JÚLIO GARCEZ DE LENCASTRE
05-08-1882
Cedofeita, Porto
Eleição, 16-03-1911
até, 20-09-1911
~~~ *** ~~~
No blogue “Estrelas do FCP” é referido do seguinte modo: «Tenente do
Exercito português, foi eleito para presidir aos destinos do clube após a
Assembleia Geral que teve lugar no dia 16 de Março de 1911. Uma Assembleia que
foi convocada quase de emergência para escolher o novo dirigente máximo do F.C.
Porto, pois José Monteiro da Costa, que tinha feito renascer o clube, tinha
falecido em Janeiro.
Foi uma fase bastante difícil para o clube que se viu órfão
do seu mais fervoroso adepto e o receio da extinção chegou mesmo a tomar conta
de alguns elementos da direcção. Felizmente que o tenente Júlio Garcez de
Lencastre aceitou a tarefa de comandar o F.C. Porto até haver novas eleições
para escolher o futuro presidente que o iria suceder.»
~~~ *** ~~~
Ora, como se vê, na história do FC Porto, ao longo dos
tempos, sempre houve superações diante das dificuldades, a bem do Clube.
O então Tenente Lencastre foi depois substituído em setembro
seguinte, com a eleição de nova Direção presidida por Guilherme do Carmo
Pacheco, que antes ocupava o cargo de secretário-geral. Tendo na Assembleia sido reeleito para Presidente da mesa da mesma
Assembleia o Dr. José Guilherme Pacheco de Miranda, que acompanhara o desenvolvimento
que levara ao recurso temporário do anterior presidente.
Curiosamente o antigo Presidente da Direção Tenente Garcês de
Lencastre (mais tarde Tenente-Coronel, depois Major e por fim Coronel de Infantaria na Reserva) faleceu em Março de 1970, mês em que perfazia 88 anos. Cinquenta e nove
anos depois de ter aceitado presidir ao FC Porto durante algum tempo, enquanto
suas funções de militar permitiram. Mas de tal modo que ficou bem notabilizado
nas História do FC Porto.
– Este é um dos Presidentes do F C Porto pouco recordado.
Tal como o Dr. Canto Moniz, entre os Presidentes interinos, mas que foram
Presidentes.
Nota – Foi pena não ter chegado a ser publicado um livro
sobre os Presidentes do F C Porto, cujo estudo estava escrito por um Portista (Francisco
Fardilha), mas que ficou na gaveta, há uns anos, após apresentação do caso à
Direção de Pinto da Costa, não tendo entretanto havido acordo de autorização do
clube para a publicação.
Tendo aqui o autor destas lembranças tido conhecimento do caso por ter sido contactado pelo mesmo, inclusive com visita pessoal para conversas e consultas cá ao arquivo pessoal.
Porém depois ficou tudo sem efeito,
por falta de interesse diretivo, enquanto continuava a haver diversos
presidentes do F C P quase desconhecidos e mesmo muitos dos outros até pouco historiados.
Armando Pinto
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