Lopetegui e os jogadores têm que seguir o politicamente profissional: dizer que o título ainda é possível. Logo, percebe-se que Lopetegui tenha apostado praticamente no melhor 11 à disposição. Mas… Como bons portistas, temos que acreditar no FC Porto. Mas não temos que acreditar em Rui Vitória ou no Guimarães, nem em Carlos Pereira – oh, se não podemos! – ou no Marítimo.
Isto para dizer que teria sido uma boa oportunidade para lançar as segundas linhas. Porque há vários jogadores caros no plantel que, se não servem para jogar contra o Gil Vicente no Dragão, então o seu futuro deve ir à mesa. Mas é Lopetegui quem vê quem trabalha bem ou mal ao longo da semana, logo neste caso a opção do treinador deve sempre ser respeitada.
Mas seria bom aproveitar os últimos dois jogos da época para dar uma oportunidade a menos utilizados, sobretudo porque o campeonato já está, com maior ou menor fé, perdido. E resume-se de forma muito simples: é por culpa própria que o FC Porto não tem mais que 78 pontos. Mas é pelos factores externos que todos conhecem que o Benfica tem 81 pontos. Factores esses que o FC Porto, sobretudo a nível directivo, não combateu como devia.
A SAD construiu (a valente preço, que exigiu a Lopetegui valorização de activos e ao plantel uma excelente Champions – objetivos cumpridos) um bom plantel, mérito nisso, mas há que se mentalizar de algo: o tempo dos campeonatos em piloto automático acabou. Uma lição a aprender para o último triénio do 13º mandato de Pinto da Costa, onde não podemos repetir a passividade demonstrada esta época. Repetindo os erros, não há forma de pensar em 2016-2020.
Jackson Martínez (+) – Não foi campeão europeu, como Derlei ou McCarthy, não foi tetracampeão, como Lisandro López, nem resolveu uma final europeia, como Falcao. Jackson fez algo não menos significativo: foi líder, goleador, referência e inspiração nos últimos 3 anos, nos quais o FC Porto atravessou uma das fases mais delicadas dos últimos 30 anos, inclusive tendo como rival um Benfica forte (e não falamos necessariamente apenas de força futebolística) como há muito não se via. O melhor marcador do FC Porto no séc. XXI faz 30 golos por época e deixa saudades, muitas saudades. Porque Jackson não liderou o FC Porto em tempos áureos, como McCarthy, Derlei, Lisandro ou Falcao. Liderou-o em tempos difíceis. Merece ser perpetuado no museu.
Óliver e Quaresma (+) – Não tendo sido a mais brilhante exibição do FC Porto, não faltou clarividência. Ao contrário do que aconteceu no Bonfim, onde quase não houve oportunidades de golo, desta vez o FC Porto soube criar várias ocasiões. Para isso muito contribuiu Quaresma, preciso nos cruzamentos e a ajustar o seu estilo de jogo à velocidade que já não é muita. De Óliver, o de sempre. Virtuoso, rápido a criar e a corresponder a linhas de passe, e a cruzar muito melhor. De destacar também a boa exibição de Maicon (foi de um dos seus chatíssimos passes longos que começou o lance do 1×0).
2015-16 tem que começar já! (-) – As velhas críticas do costume. Uma dúzia de cantos, zero de perigo. É gritante a falta de evolução no FC Porto nas bolas paradas desde o início da época. Até mesmo em livres cruzados para a grande área, é extremamente raro vermos algum jogador ganhar uma bola de cabeça e criar perigo. Livres batidos de qualquer maneira, movimentações na área que não revelam grande estudo prévio. Agora como há 6 meses: se Lopetegui não consegue evoluir a equipa neste aspecto, que se contrate alguém para reforçar a equipa técnica que o consiga. Por outro lado, a falta de verticalidade em vários momentos do jogo. Somos uma equipa de posse, de ataque planeado, que joga mais com a cabeça do que com o pulmão. Mas num contexto de futebol português, temos que saber jogar em mais de 30 metros, atacar com velocidade e agressividade o último 1/3 do campo e encurtar a distância nas transições. Não é mudar o estilo de jogo, é readaptá-lo. Se não melhorarmos estes dois aspectos, em 2015-16 poderemos repetir erros há muito detetados. E o FC Porto, como qualquer clube com qualquer profissional, tem o direito a errar, desde que trabalhe para corrigir esses erros. 2015-16 tem que começar já.
Fonte: http://otribunaldodragao.blogspot.pt/2015/05/a-diferenca-entre-78-e-81-pontos.html