O reconhecimento das qualidades de André Silva não retiram a Manniche a noção de que é possível o Copenhaga vencer o FC Porto, na terça-feira, porque os loiros já não são tão “toscos” como isso
Esforça-se por falar em português, embora pronunciando as sílabas com os “s” mais sibilantes, e continua a perceber tudo, desde que se fale pausadamente. Quem se lembrar do chavão “altos, loiros e toscos” não vai tardar a fazer a ligação com Michael Manniche, antigo avançado do Benfica, que marcou uma época na Luz entre 1983 e 1987. Portugal deixa-lhe saudades, isso ele não esconde, da mesma forma que não perde a oportunidade para brincar com as palavras. E foi só falar-lhe de André Silva para a agulha lhe saltar do trilho. “André Silva é um grande jogador, mas não é o único no FC Porto”, atirou, numa daquelas frases politicamente corretas que, de seguida, explicou. “É o futuro da seleção portuguesa. Vi os três golos contra as Ilhas Faroé. É fantástico”, completou, antes ainda de abordar o assunto de forma inesperada. “É avançado… mas só lhe falta o cabelo comprido, típico dos avançados da minha época. Não tem o mesmo corte que eu tinha, é pena. Mas é alto e não é nada tosco, isso já percebi. É um grande jogador. Se deixar crescer o cabelo e fizer um corte como o meu, na época em que jogava no Benfica, aposto que se torna um caso sério no futebol”, atirou, antes de irromper numa gargalhada descontrolada. “É muito importante que continue a marcar, como para qualquer avançado”, continuou, num tom mais a sério. “Mas tem tudo para se tornar um grande ponta de lança do futebol europeu, sem dúvida que tem”, rematou.