Um extremo com apetência para cruzar e assistir colegas, é como o descreve quem assistiu a quase todos os jogos do portista, que agora pode voltar ao FC Porto, depois de um ano finalmente regular
Kelvin foi embora em abril de 2015 e, ano e meio depois, volta transformado no jogador que Vítor Pereira, Paulo Fonseca e Julen Lopetegui pediram, mas não conseguiram. A nova versão do jogador, garantem no Brasil, vale muitos golos, ainda que o extremo só tenha marcado três no último ano. Mas no São Paulo foi o rei das assistências, com sete passes para golo em 22 jogos como titular na Série A. E cinco delas foram em cruzamentos para a área, o que reforça uma valência que pouco se lhe havia visto.
Kelvin começou por ser emprestado ao Palmeiras, mas sem sucesso. Em seis meses, teve duas lesões, apanhou uma equipa em crise e não se conseguiu afirmar. Foi seis vezes titular, saltou outras 10 do banco, fez três passes para golo, deixou água na boca, mas falhou sempre que era chamado ao onze. Em janeiro de 2016 rumou ao São Paulo. O início também foi tímido. Nos 10 primeiros jogos do ano, foi suplente utilizado em metade e na outra metade nem saiu do banco. Um golo à oitava partida começou a mudar a opinião do técnico Edgardo Bauza. À 11.ª deu-lhe finalmente uma oportunidade como titular e Kelvin voltou a picar o ponto. Foi na primeira vitória na Taça Libertadores da América (6-0 ao Trujillanos, da Venezuela, que havia empatado 1-1 na primeira volta) e o valor acabou por ser suplementar. Rapidamente se tornou coqueluche dos adeptos e reforçou o moral junto do treinador. Individualista? “Nada disso, ninguém tem essa ideia aqui em São Paulo”, explica-nos Marcelo Hazan, jornalista do Globo Esporte que habitualmente acompanha o clube são-paulino.
Kelvin continuou a jogar. O São Paulo foi melhorando no campeonato e chegou às meias-finais da Libertadores, que perdeu com o Atlético Nacional, que posteriormente venceria a competição. O portista jogava sempre. Marcava pouco, mas assistia muito. “E nem sempre os avançados aproveitavam. Senão seria bem mais de sete”, reforça Marcelo Hazan.
O São Paulo piorou depois de sair da Libertadores. Mas também porque Calleri, o conhecido avançado argentino, rumou ao West Ham. Kelvin, Ganso, Michel Bastos e Calleri foram até apelidados de “quarteto fantástico” por uma das maiores páginas online de adeptos brasileiros (torcedor.com).
O jogador acabou depois por cair na reta final, não só porque Bauza foi treinar a seleção argentina (chegou Ricardo Gomes), mas também porque se lesionou e, no regresso, o São Paulo, já sem aspirações desportivas, deu primazia a quem vai transitar para 2017. Um novo empréstimo de Kelvin ou a compra por um valor reduzido já tinham sido negados pelo FCPorto.