Fernando Fonseca não esconde os seus objetivos: quer ser o futuro lateral direito do FC Porto, quer estar representado no Museu do clube portista. No fundo, daria tudo para chegar ao nível de João Pinto, figura emblemática dos dragões.
Em entrevista ao Maisfutebol, o lateral direito que assinou em setembro um novo contrato com o FC Porto, válido até 2020, fala sobre o seu futuro e o dia em que se sentou no banco da equipa principal, para a Taça da Liga, frente ao Belenenses.
Sonha um dia estar representado no Museu do FC Porto, como por exemplo João Pinto?
«O Museu é incrível. Parece que estás a viver os momentos, é algo que adoro. Qualquer jogador do FC Porto tem esse sonho, estar representado no museu, ter lá uma Taça com o seu nome por baixo, uma taça em que tocou. É um sonho que tenho: estar ali no museu, e sei que um dia vou lá estar. Posso não conseguir, mas quero chegar ao fim a pensar que lutei ao máximo.»
É esse espírito que quem cresce no FC Porto procura passar aos que chegam?
«Todos os atletas que chegam ao FC Porto vêm como são tratados, aprendem a ser Porto. Isso não é de um dia para o outro. Ser Porto é vestir todos os dias a camisola com o mesmo orgulho, ter valores e princípios. Um jogador à Porto precisa de ter raça, ambição, coragem, determinação e rigor. Sem isso não é um jogador à Porto. A partir do momento em que entramos no Dragão, nas instalações do clube, temos de respeitar este emblema, é um emblema com muita história. Para mim é o clube do mundo. Não há como não amar o Porto. Uma pessoa pode ser de outro clube, mas se passar aqui um ano connosco, festejar tanto como nós festejamos, gritar tantas vezes golos como nós gritamos, converte-se.»
Como tem sido a transição do futebol júnior para a II Liga?
«É completamente diferente. O FC Porto na formação está habituado a ganhar os jogos, a vencer quase sempre por dois ou três zero. Na II Liga há ratice, há experiência, dureza, inteligência. Defrontamos jogadores que nos habituamos a ver, que sabem aproveitar o contacto, que sabem fazer as coisas. Temos de entrar esse jogo.»
Isso ajuda a explicar a oscilações de resultados do FC Porto B, atual 15º classificado na II Liga?
«Somos uma equipa jovem mas que tem dominado os jogos. Infelizmente, há essa ratice que devíamos ter e ainda não temos. Isso aconteceu por exemplo em Guimarães (3-0), em que dominámos mas eles numa faltinha marcaram. O Porto não está habituado a isso, fica frustrado e depois age com a coração, não com a cabeça. O FC Porto nunca se vai habituar a perder, seja nos treinos, numa brincadeira, numa pataleca…»
Quanto a si, assinou contrato profissional em 2015 e renovou em setembro de 2016. É sinal da confiança que o clube deposita em si?
«Sinto confiança do clube e tento transmitir a mesma coisa. Se eles me estão a dar isto, darei tudo por eles. Quero muito isto, quero muito jogar no Dragão, quero muito ser o próximo lateral direito do FC Porto, tenho o sonho, tenho a ambição, e vou lutar por isso. Não sei quando vai ser, mas tenho tempo. Luto todos os dias e quanto a oportunidade surgir, estarei preparado para isso.»
Como é que soube que estava convocado para o jogo da Taça da Liga frente ao Belenenses (0-0)?
«Foi uma semana normal, fui chamado a treinar à equipa A, depois do treino estava a tomar banho, entra o team manager e disse que eu estava convocado. O quê? Eu acho sempre que estão a gozar comigo. Mas era verdade e entrei naquele balneário do FC Porto, um balneário que tem cheiro de história, cheiro de vitórias. Depois, pisar o relvado do Dragão, mesmo não estando casa cheia, é algo que guardarei para toda a minha vida.»
Chegou a acreditar que iria ser utilizado nesse jogo?
«Estando ali no banco, temos de estar sempre preparados para entrar. Por acaso, o Rui Pedro é que dizia que não ia entrar, eu e o Andorinha (João Costa) dissemos que sim, que se ia estrear. De repente foi chamado para o aquecimento, entrou…se ele marcasse íamos invadir o campo! Para quem lá está há algum tempo, é normal, mas para quem joga pela primeira vez, é fantástico.
O Rui Pedro não marcou nesse jogo mas depois fez o golo decisivo frente ao Sp. Braga. Onde estava o Fernando Fonseca?
«Estava a ver o jogo em casa, com a minha namorada e um amigo, para além da cadela. Eu já estava a ferver…quando ele marcou, eu mandei um berro, a cadela começou a fazer chichi mas eu nem queria saber. Foi um momento não só do Rui Pedro mas do Porto. O Porto estava a precisar daquilo e fico muito feliz por ter sido um colega de balneário a mudar o cenário.»
Ficou surpreendido com a calma do Rui Pedro na finalização?
«Se fosse eu, chutava para qualquer lado, sem pensar. Mas ele é assim. Nunca se sabe o que esperar do Rui Pedro. Nem eu sabia que ele ia fazer aquilo, foi algo de um jogador com uma maturidade enorme, que carregava ali muita responsabilidade mas fez aquilo como se nada fosse.»
Embora o FC Porto esteja bem servido de laterais direitos, está preparado para a oportunidade surgir mais cedo do que o que se espera?
«É assim que trabalho todos os dias. Não é o que desejo, mas amanhã pode alguém estar lesionado, ter um imprevisto, e eu sei que tenho de estar preparado para essa situação. Se estiver preparado, dar tudo e agarrar a oportunidade, pode acontecer como nos Jogos Olímpicos. Dei tudo naquela semana de treinos com a seleção olímpica e consegui lá chegar.»
Portanto, mais do que ter a oportunidade, o segredo é estar preparado para a agarrar?
«Exatamente! Sou um jogador que quer sempre mais. Se jogar dois minutos no Estádio do Dragão, no jogo seguinte vou querer três minutos, depois quatro. Mas tenho tempo, sou novo ainda, é o primeiro ano na equipa B e ainda tenho muito para aprender.»
Que impressão tem de Nuno Espírito Santo?
«É uma pessoa muito séria e que sabe o que é ser Porto. Conhece bem a casa e transmite aos jogadores o que é ser Porto. Os resultados não estavam a aparecer mas faltava apenas o golo.»
O FC Porto é bicampeão de juniores, campeão em título da II Liga, isso quer dizer que mais tarde ou mais cedo voltará a ser campeão na Liga?
«O Porto é sempre campeão, está na sua essência. Não foi durante estes três anos mas será este ano, no próximo ou no próximo. Os adeptos do FC Porto podem estar confiantes. Têm de ter calma e apoiar a equipa, porque sem eles é diferente. Com o apoio deles o Porto é mais forte e é assim que teremos sucesso: todos juntos, pelo mesmo objetivo.»