Obrigado, San Iker.
Confesso que sou suspeito para te escrever, uma vez que sempre fui um admirador do teu talento entre os postes e um merengue fervoroso. Chegaste à invicta sob um olhar desconfiado, afinal de contas, foste dispensado de um clube que representaste mais de uma década e era visível que não estavas na tua melhor forma. Ainda assim, chegaste a Portugal com um estatuto invejável: o jogador com maior currículo da história do nosso campeonato.
Muita gente gosta de se esquecer que foram onze troféus internos, incluindo cinco campeonatos de Espanha e sete troféus internacionais, incluindo três ligas dos campeões ao serviço dos merengues. Como se isso não bastasse, ainda trouxeste na tua bagagem mais sete títulos ao serviço da Roja, de destacar dois campeonatos da Europa e o troféu mais cobiçado do desporto-rei: o campeonato do mundo de selecções.
Mesmo assim, típico da oportuna imprensa catalã e da mentalidade portuguesa, foste alvo de chacota, após exibições menos conseguidas. Para grande parte da comunidade futebolística, não passavas de um jogador velho que estava a consumir um salário chorudo não merecido. Estas críticas vinham acompanhadas de um inexplicável esquecimento de Julio César, guarda-redes que deve receber um salário pouco explicável, face ao número de jogos que disputa. Eis que, depois de provocares um ataque de nervos em pleno Estádio da Luz, fazes mais uma exibição monstruosa contra o outro rival da Segunda Circular.
No entanto, não esqueço grandes exibições e defesas que nos valeram pontos cruciais contra outros clubes do nosso campeonato e também na liga dos campeões. Mas, o que mais me cativa em ti, para além da tua aptidão para defender a baliza do melhor clube do mundo, é a tua humildade e a tua aproximação à “gente do Porto”. Conseguiste apaixonar-te pela cidade e conseguiste ligar-te ao Norte, conquistaste-nos e nós conquistámos-te. Da minha parte, só quero que esta conquista mútua prevaleça por mais algum tempo e que enriqueças ainda mais a tua bagagem invejada e lendária. Nunca te esqueças: Somos Porto. Um grande obrigado!
Artigo revisto por: Francisca Carvalho
Fonte: bolanarede.pt