Trabalho tático fica para depois. Na primeira semana, com muitos dos jogadores ainda indisponíveis, o treinador insistiu no trabalho físico e na ordem para marcar. Além disso, valorizou os exercícios de grupo que podem reforçar o bom ambiente.
Sérgio Conceição deu esta segunda-feira início à segunda semana de trabalho e intensificou processos de treinos que a primeira não permitiu aprofundar, por uma série de limitações, que vão desde o número de jogadores à disposição à realização de exames médicos durante os dois primeiros dias da mesma e até por causa do cansaço muscular típico de quem regressa de férias.
Numa semana o treinador não conseguiu mudar tudo, mas também não era esse o propósito, a julgar pela entrevista que ainda há dias concedeu à revista “Dragões”. Mas já deixou marca no Olival e junto do grupo. As dinâmicas do FC Porto 2017/18 são diferentes das de 2016/17, essencialmente a quatro níveis: a blindagem do espaço de treino e do balneário, a energia que o treinador coloca em todos os momentos, o tipo de trabalho efetuado e o ambiente que tem conseguido criar. Se melhor ou pior, só os resultados poderão julgar. Mas o FC Porto está diferente.
O último dos pontos é, porventura, o menos importante nesta fase. Isto porque a capacidade de formar um balneário forte, unido e solidário só se poderá medir quando (e se) as coisas correrem mal. Nos primeiros dias o ambiente é, por norma, ótimo em todos os clubes. Mas Sérgio não tem deixado nada ao acaso e promove repetidamente brincadeiras entre todos e, mais importante, exercícios em que o mal de um é o mal do plantel, para que todos se ajudem e percebam que o mais importante é a equipa. O espírito de grupo é, por esta altura, excelente. E o técnico promete continuar a esforçar-se para que nada mude neste âmbito.
Trancas na porta e plantel blindado
A blindagem do plantel também é evidente. Sérgio Conceição nunca escondeu, sequer, ser essa uma prática de que não abdica. Em Braga, por exemplo, chegou a fechar o balneário a António Salvador. No Olival não chegou a tanto, mas os treinos são agora vistos por menos gente. Só mesmo equipa técnica, técnicos de equipamentos, Pinto da Costa, Luís Gonçalves e qualquer elemento que seja, a determinado momento, imprescindível para que o treino tenha qualidade. A comunicação do clube – entre diretores, assessores e Porto Canal – tem passado mais tempo longe, os seguranças também. Anteontem, por exemplo, só presidente e diretor-geral assistiram ao jogo-treino com a Académica.
Marcar, marcar, marcar
Quanto ao treino, o treinador tem dedicado a maior parte do tempo à finalização e à elaboração de mecanismos que proporcionem boas situações de finalização. O trabalho tem sido feito em microssectores, sem envolvência tática geral. Estamos a referir-nos, por exemplo, à dinâmica de linhas e à envolvência entre lateral, médio e extremo do mesmo lado ou a exercícios que promovem a sintonia defensiva. Além disso, o técnico meteu muita carga física sem retirar bola. Sérgio acredita que a tática é para ser trabalhada mais tarde, quando o grupo estiver completo ou perto disso. Nesta fase, a sua principal preocupação é a observação individual e a promoção de dinâmicas a dois/três jogadores que, depois, se possam esticar a todo o campo.
Por fim a abordagem do treinador às sessões de trabalho. Sérgio tem sido muito interventivo e exige aplicação máxima em todos os momentos, em contraste com Nuno, que assumia sempre uma postura mais observadora. A postura também será o tempo a julgar, mas o choque para os jogadores foi grande, depois de uma temporada com um treinador bem mais discreto.
Esta segunda semana de trabalho termina na sexta, porque no sábado a equipa viaja para o México para defrontar Cruz Azul e Chivas.
Fonte: O Jogo