«Só conseguimos equilibrar as coisas verdadeiramente quando os contratos terminarem. Por exemplo, o contrato com o Casillas termina no final deste ano. É um contrato muito elevado. Vamos pagar até ao fim religiosamente, não temos alternativa. Quando o contrato terminar, vamos logo ter uma folga de alguns milhões de euros anuais», Francisco Marques, citado pela Revista Sábado, 02/03/2018
«Quem não gostaria de continuar com Casillas? Estou muito feliz por o termos. Está a demonstrar que é realmente uma mais-valia para qualquer clube. Ficar? Gostaria que sim. Se é possível? Quando é possível ter mar em Bragança é tudo possível», Pinto da Costa, 06/03/2018
Iker Casillas está a caminho do 37ª aniversário. É raro, senão inédito, vermos um guardião com essa idade defender as balizas do FC Porto. O guardião espanhol já não está no seu auge, mas continua a ser uma garantia de qualidade, com um rendimento que o aproxima – mas que não supera, diga-se – os dois últimos guardiões indiscutíveis no FC Porto.
O FC Porto venceu 64,2% dos jogos que disputou com Casillas na baliza. Com Vítor Baía (67,3%) e Helton (68,5%) venceu um pouco mais. A média de golos sofridos também apresenta algumas diferenças, mas residuais: 0,72 para Iker Casillas, 0,7 para Hélton e 0,65 para Vítor Baía.
A maior diferença, claro está, reside no palmarés. Helton e Vítor Baía são duas referências pelos títulos que conquistaram. Já Iker Casillas continua com o currículo em branco na sua passagem por Portugal. Portanto, neste momento, a maior preocupação é mudar isso: ver o FC Porto regressar aos títulos, algo que leva até a que os adeptos «aceitem» que haja diversos jogadores já elegíveis para assinar por outros clubes a custo zero e outros que estão a nove meses de o poder fazer.
Ainda assim, tendo em conta as duas declarações acima citadas, importa recordar uma questão em torno de Iker Casillas. Todos defendem que o espanhol é caro. Muito caro para a dimensão do campeonato português. E nesse caso sobra a pergunta: quando, exatamente, é que Iker Casillas passou a ser caro?
Oportunidade para recordar estas declarações de Pinto da Costa, em julho de 2015, ao jornal O Jogo, aquando da chegada do guarda-redes. «Para nós, foi altamente competitivo em termos de preço. Ele, que foi considerado várias vezes o melhor do mundo, tem o melhor currículo, e com 34 anos pode jogar mais três ou quatro anos em grande nível, como aliás o Helton prova; ganha tanto como o Fabiano e o Andrés Fernández juntos. E eu pergunto o que qualquer clube do mundo preferirá: ter o Fabiano e o André Fernández ou ter o Casillas?».
Ora, tendo em conta que Andrés Fernández já saiu e que Fabiano está, neste momento, meramente a fazer número no plantel, o que faltará para Iker Casillas renovar contrato? Apenas que Fabiano saia?
Podemos ainda acrescentar o factor Vaná, com um pouco de mistério à mistura. O FC Porto apresentou Vaná a 15 de julho, mas o R&C da SAD do primeiro semestre diz que o guarda-redes foi comprado ao Feirense apenas em agosto – um milhão de euros por 80% do passe. Vaná andou 15 dias – ou mais – a treinar-se com o FC Porto antes de ser comprado ao Feirense? Para quê tanta pressa por um jogador que nem nas Taças nacionais calçou?
Lá está. O FC Porto não tinha muita disponibilidade para investir no mercado no verão. Mas no pouco que investiu, investiu onde não era prioritário ou sequer necessário.
No final da época, e pegando nas palavras anteriores de Pinto da Costa, talvez possa ser colocada a mesma questão: o que é mais caro? Ter Iker Casillas na baliza? Ou ter Fabiano e Vaná meramente a treinar no Olival? Um tema que pode esperar dois meses. Para já, mais importante, é ter Iker Casillas campeão em maio. Aliás, o FC Porto campeão.
Fonte: tribunal do dragão