Adrián López vai deixar o FC Porto. E no momento da sua saída, como em toda a época, ouvimos que o FC Porto «pagou 11 milhões por 60% do passe». Porque não chega repetir nem duas nem três vezes, cá vai mais uma: não, não pagou. Não pagou porque não tinha que pagar.
O Tribunal do Dragão terá sido porventura o único espaço que sempre lembrou isso mesmo, até que em Maio finalmente alguém acordou . Não é uma desculpa para o negócio, é uma constatação de factos. Adrián López chegou ao FC Porto através da ligação Mendes-Madrid, estrada que nunca é um 2+2=4.
A avaliação da transferência foi alta, mas esse não é o problema. Problema só haverá se não for encontrada uma solução para a saída de Adrián.
Se Adrián López iniciasse a segunda época ao serviço do FC Porto, aí sim os 11M€ seriam abatidos em grande parte. Não tem, nem nunca teve, nada a ver com a saída de Falcao, até porque quando Adrián chegou ao FC Porto só faltava pagar cerca de 200 mil euros pelo colombiano. É habitual que a generalidade dos adeptos só se preocupe apenas com o futebol e deixe «as contas e os números» para a SAD e os dirigentes. Mas talvez o estigma dos 11M€ fosse ultrapassado se a SAD tivesse explicado atempadamente, minimamente que fosse, o negócio Adrián.
Desportivamente, Adrián López foi uma contratação que falhou. Gerou entusiasmo no momento da sua contratação (genericamente todos acharam o jogador caro, mas esperavam que fizesse coisas boas dentro de campo), mas por diversos motivos não se afirmou. Mas o que vai definir se isto foi um péssimo negócio vai ser a forma como Adrián López sair.
Há duas alternativas possíveis. Primeira, ceder o jogador por empréstimo, esperar que haja algum tipo de reabilitação desportiva e daqui a um ano esperar o encaixe. Mas isto implicaria que os 11M€ teriam que começar a ser pagos durante o segundo ano, salvo um acordo com Jorge Mendes e o Atlético. A segunda alternativa passa por simplesmente transferir Adrián a título definitivo. Como é quase impensável continuar a avaliar Adrián López em 11M€ (nem vale a pena falar em 18,3M€), há que tentar minimizar tanto quanto possível o prejuízo. E perceber se haverá um crédito à Roberto/Pizzi no futuro.
Problema não são os jogadores caros e internacionais que não se afirmam. Problema são aqueles sem provas dadas para entrar na equipa A e que grão a grão vão enchendo um papo de despesas com jogadores contratados sem lógica desportiva. Um papo talvez mais caro do que muitos Adriáns. É preferível perder algum dinheiro com um jogador que tinha provas dadas num grande clube, numa grande liga, do que perder dinheiro em contratações de catálogo. Podem dizer que Adrián só foi contratado pela ligação a Jorge Mendes, o que é verdade, mas esta era uma peça de provas dadas.
Podemos compreender que Adrián López tenha tido problemas de adaptação, falta de confiança, azar com lesões, dificuldades em encaixar-se na equipa… Mas tudo tem um limite. O FC Porto é um clube feito de e para homens de barba rija, que têm que saber lidar com a pressão a toda a hora, lutar pelo seu espaço na equipa, perceber quando ou como é possível dar mais. Adrián López tinha que acordar na pré-temporada. O que se viu foi um jogador conformado com o seu próprio insucesso, sem demonstrar a mínima vontade de reescrever a sua história no FC Porto. Assim não dá.
O FC Porto tentou tirar o melhor de Adrián. Mas Adrián nunca pareceu interesse em tirar o melhor de si próprio ao serviço do FC Porto. Assim, é melhor seguir caminhos separados. A forma como a sua saída for concretizada vai definir, em plenitude, quão (menos) mau foi o negócio. Que a troika Mendes, Atlético e FC Porto encontre a saída limpa que pode separar Adrián de uma mera contratação que correu mal de um negócio que foi um desastre.
FONTE: http://otribunaldodragao.blogspot.pt/2015/08/a-procura-de-uma-saida-limpa.html