Para os corredores da W52-FC Porto, a bênção tornou-se fundamental. Esta época reforçou a crença, pois a cerimónia não se fez no início de época e as quedas sucederam-se. Mas o padre esteve na Volta
O padre José Camilo, cónego provincial na congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, conhecidos como dehonianos, vive em Lisboa, mas vai todos os anos a Sobrado, no início da temporada, para fazer uma oração e uma bênção aos ciclistas. É assim desde 2013 e “sempre a vencer”, atira logo. Este ano, por sinal, a cerimónia não se fez e a época… correu mal. “Sempre que caía um, eles telefonavam a lembrar a falta da bênção”.
Na noite anterior ao início da Volta, em Setúbal, o padre Camilo não faltou. “Fiz uma oração, entregando uma pequena medalha a cada um”. O hexa não falhou. “Acredito que o que faço é mais uma força. Vejo os corredores como exemplos, são gente que luta, formam uma família. Ganha aquele que tiver mais força, mas acredito que a intervenção divina ajuda”, diz, admitindo também funcionar como um psicólogo da equipa.
“Todos nós acreditamos que há um ser superior e contamos com ele nos momentos difíceis”, diz o padre Camilo, com muitos exemplos para reforçar a imagem: “Nas grandes dificuldades eles têm algo que os ajuda. Repare-se no Vinhas, que devido à queda lamentou a bênção não ter pegado. Pois bem, basta olhar o que sobrou do capacete dele para se perceber que pegou e muito!”
Gustavo Veloso e Samuel Caldeira em todas
“São coisas que não se pensam, mas são bonitas e que ficam como uma boa recordação. Só o Caldeira e eu podíamos vencer seis voltas consecutivas na mesma equipa. Devido a uma lesão, o Caldeira não correu, mas esteve no carro de apoio e não deixa de ser uma vitória para ele também”, comentou Gustavo Veloso, bivencedor da Volta a Portugal, possuindo mais dois segundos lugares e desde ontem com uma proeza inédita no seu palmarés: foi o único a estar, como corredor, em seis vitórias consecutivas na Volta a Portugal. Samuel Caldeira, que ficou de fora por a equipa só ter sete elementos e a lesão não o ter deixado na melhor forma, ajudou como mecânico até para manter o talismã de a sua equipa vencer sempre: além do hexa completado pela W52-FC Porto, esteve nos quatro triunfos do Tavira. “Estando de fora foi diferente. Por vezes deu vontade de estar dentro, incomodei-me com algumas situações. Mas tinha de continuar a servir de amuleto. Comigo não perdemos”, atirou. Para a história dos seis triunfos consecutivos ainda ficam mais três homens: o diretor Maximino Pereira, o massagista Fernando Maia e o mecânico Miguel Vinhas também estiveram em todas.
Fonte: Ojogo.pt