1. No futebol português já não há saídas fáceis. Muito menos vencedores antecipados. Ou cada equipa dá o seu melhor e é eficaz ou arrisca-se a vir de mão vazias. Claro que as melhores equipas têm sempre mais e melhores hipóteses, mas se não o provarem dentro de campo dificilmente somarão os três pontos.
2. O FC Porto foi à Madeira jogar com o Marítimo e empatou a uma bola. Como muito bem sabiam era uma deslocação difícil. Talvez, até, a mais difícil, fora os encontros no estádio dos outros candidatos ao título. E começar esse jogo logo a perder aos três minutos, com um golo perfeitamente evitável, ainda dificultou mais a tarefa. O FC Porto tentou e lutou muito mas não foi capaz de se desenvencilhar da forma quase perfeita como o Marítimo defendeu. O meio campo manteve a capacidade de recuperar bolas e travar o adversário mas faltou quase sempre a capacidade de sair a jogar. A bola voltou a chegar poucas vezes à área adversária, as oportunidades não foram muitas e das que apareceram só uma foi aproveitada. Assim, era difícil trazer um resultado melhor.
3. O FC Porto pagou, também, um outro preço: o de se apresentar com 6 (!) jogadores novos. Esta é, e sempre foi, a política do clube e não foi por isso que alguma vez deixou de ser a máquina mais competitiva do futebol português. A única de dimensão europeia. Mas não deixa de constituir uma dificuldade inicial. A pré-temporada foi muito exigente de modo a tentar minorar este efeito mas o mercado demora a fechar e estes percalços podem sempre acontecer.
Quem não precisa de adaptação, luta até final e voltou a fazer um grande jogo é o Maxi Pereira. Qual ponta de lança, aparece no último segundo do jogo a cabecear dentro da área do Marítimo e só por azar não resolveu o jogo a favor do FC Porto, com a bola a bater na barra e depois com o árbitro auxiliar a considerar que ela não passou totalmente a linha de golo. Um grande jogador e um exemplo!
4. A propósito desta jogada relembro que sou totalmente a favor da introdução de novas tecnologias que ajudem a esclarecer momentos objectivos do jogo: se a bola ultrapassou na totalidade linhas de baliza, laterais, de área, etc. e, até, nas situações de fora de jogo. Quanto ao resto, nem pensar! Todas as faltas têm uma avaliação subjectiva, não sendo possível chegar a consenso em todas elas. Em vez de resolver um problema estaríamos a criar outro. E sempre sujeito a polémica. Este problema só será minorado, mas nunca resolvido, com melhores árbitros. E com os melhores árbitros nos jogos mais difíceis.
Ainda em relação e esta jogada do Maxi não posso deixar de dizer que considero que houve um pequeno toque que impediu um melhor cabeceamento e que, com tantos anos a ver futebol, me parece que a bola entrou na totalidade na baliza do Marítimo. Mas não o posso afirmar com total certeza.
5. O futebol tem uma justiça muito própria, quase poética. Na 1ª jornada o Slb goleou o Estoril num jogo que podia ter perdido. Ontem perdeu com o Arouca por 1-0 num jogo em que podia ter goleado. A grande figura dos dois encontros foi Júlio César.
O Sporting, por seu lado, derrotou o Tondela num jogo em que não justificava mais do que um empate e empatou com o Paços de Ferreira num jogo em que podia ter ganho. E a culpa não foi do árbitro.
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