Crónica do Blog Bibó Porto
Aproveitem e passem pela página que tem conteúdo espectacular!
Nos dias que correm escrever sobre este tema é quase tão corriqueiro como o próprio acto em si. No entanto, tenho necessidade de o abordar após o último jogo…
Ponto prévio, apenas para fazer a minha declaração de interesses e dar a minha opinião pessoal: não tenho por hábito invectivar equipas do FC Porto. Não o faço porque acho que na maior parte dos casos para nada serve a não ser dificultar ainda mais o caminho para as vitórias. No entanto cada momento é um momento e cada caso é um caso, sendo que por vezes o assobio ou a demonstração de desagrado é uma forma natural e desejável para agitar algumas consciências. Como exemplos rápidos, recordo-me de um 0-4 com o Nacional em 2005, ou uma derrota nos penalties para a Taça da Liga contra um benfica de suplentes em 2014 ou o último jogo do campeonato anterior, não pelo jogo em si ou pela época em causa, mas pela maneira como (não) se jogou no Restelo e como se entregou o campeonato aos rivais como se nada fosse.
Escrito isto, devo dizer que não pego neste tema com o intuito de validar a minha opinião ou procurar “educar” a massa associativa. Somos todos crescidos, vivemos num pais democrático e cada um faça o que quiser, de acordo com a sua consciência do que é melhor para o FC Porto.
Abordo este tema porque sai do Dragão no último jogo a pensar que o assobio, arma de último recurso tão importante para nós adeptos, banalizou-se ao ponto de quem de direito não lhe ligar nenhuma!
No final de um jogo fraquíssimo, onde fomos mais felizes que competentes, provocando um sentimento de frustração que se pode considerar natural tendo em conta a confrangedora exibição, treinador e jogadores reagiram com absoluta indiferença ao facto do Estádio ter demonstrado desagrado com a exibição. As perguntas dos jornalistas foram “chutadas para canto”, não levando a nenhuma consideração especial sobre o assunto, nem para compreender as reacções nem para as refutar. Simplesmente foi um “não assunto”.
Essa “normalidade” fez-me reflectir… Entretanto, e nem por acaso, o Tripeiro escreveu aqui: “…ninguém vos leva a sério e um dia em que a equipa mereça, vão achar que é mais do mesmo e não vão dar importância a isso”. Na opinião do Tripeiro estamos perante uma ameaça, no entanto para mim já é mais do que isso: o assobio é tão habitual no Dragão que os nossos profissionais já nem querem saber, mostrando assim a (falta de) consideração que tem por nós como adeptos!
Este pensamento é ameaçador, pelo que ele representa. Se o assobio é banal significa que quando ele acontece “entra a 100, sai a 200”. Uma chamada de atenção forte, capaz de embaraçar os mais indiferentes, uma arma utilizada no sentido de alertar para a repetição de erros ou para o desagrado pelo desleixo, tornou-se tão habitual e desprovida de critério que nem merece comentários da parte dos profissionais que nos servem e que tem o papel de conquistar as vitórias que almejamos.
Falando do último jogo, sai do estádio com vontade de lhes mandar umas caral**das mais a merd* de jogo que fizeram, onde mais parecia estarem todos borrados ou a fazer um frete, mesmo que esta apenas seja a 3ª jornada de uma equipa renovada, com tudo o que isso implica. No final do jogo só me apetecia que o complexo desportivo das Antas ainda existisse para podermos ir ver o treino seguinte, como era da “praxe” noutros tempos, e poder cara-a-cara dizer aos rapazes que assim não vamos a lado nenhum e que eles têm de ser (e são!) muito melhores do que aquilo que jogaram, a menos que não estejam para ai virados!
Lembrei-me também que, por algo semelhante, o saudoso Bobby Robson pôs a equipa a correr à volta do campo no final de uma vitória agridoce, dai que também não fizesse mal nenhum a estes rapazes tão orgulhosos dos dias de hoje levarem uma pequena humilhaçãozinha pública para os ajudar a situar…
No entanto, e apesar de toda esta sensação interior de frustração, nada fiz, limitando-me a abandonar o Dragão em silêncio.
Podem perguntar-me, se estava assim tão decepcionado e com a sensação que um apertozinho neste momento até podia ser útil, porque carga de água é que nada fiz? A razão é simples: quando olho para o lado e vejo que a maioria dos que estão a assobiar são os mesmos que o fazem em qualquer circunstância, seja aos 10 ou aos 90 minutos, seja nos jogos onde não se lutou seja naqueles em que se deixou tudo em campo apesar da derrota, que são capazes de o fazer por tudo e por nada (os míticos “Maicon, manda a bola pro caral**, não inventes!” seguidos de um “Maicon fod*-se, não mandes um chutão para o caral**!”…), não me sinto mesmo nada motivado para me juntar e indirectamente dar mais força a estas franjas de adeptos que considero que fazem mais mal do que bem ao Clube.
Mas, ainda mais importante do que isso, eis-me de novo perante a questão fulcral: mas afinal para quê estar a chatear-me com isso? Depois de tanta banalização do assobio o efeito tornou-se praticamente nulo e já não serve para quase nada…
Enfim, bonito serviço que fizemos a nós próprios.
Fonte: http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/2015/09/a-banalizacao-do-assobio.html