Em 1977 o dia 9 de abril foi em pleno sábado da véspera da Páscoa desse ano. Sendo em espírito Pascal que então ficou nossa boca bem doce com as amêndoas dessa tarde solheira passada com os olhos e sentidos no jogo decorrido no relvado das Antas.
Então, nesse dia 9 de Abril de 1977, sábado primaveril, ocorreu o jogo dos “Quartos” da Taça de Portugal, na véspera de Páscoa. Com o FC Porto a receber o Sporting, em eliminatória dos Quartos de Final da Taça de Portugal de 1976/1977.
Estava ainda de fresco na memória o Porto-Sporting para o Campeonato, nesse ano e pouco tempo antes, que o FC Porto venceu por 4-1, em tarde domingueira que ficou na retina por um grande jogo de Oliveira, que muito jogou e fez jogar, além de ter marcado 3 golos (a engrossar o resultado, somado com mais 1 golo de Duda). E passado pouco tempo, então, aconteceu esse outro Porto-Sporting, desta vez para a Taça, ao sábado, por no domingo imediato ser Dia de Páscoa. (Resultando daí a passagem do FC Porto para a Meia Final na caminhada seguinte, rumo à vitória da Taça de Portugal de 1976/77, como aconteceu depois na final com o Sporting de Braga.)
Ora, como tal, nesse jogo ainda dos Quartos de Final com o Sporting de Lisboa, à chegada da Páscoa de 1977, andava no ar o entusiasmo da quadra. Enquanto o estádio das Antas encheu por completo, aparecendo preenchido em todos os seus sítios, ficando a abarrotar, tendo assim metido uma das maiores enchentes de sempre. A pontos de muita gente apenas ter conseguido entrar no recinto já com o jogo iniciado, chegando aos degraus das bancadas em magotes de gente apinhada, a modos que no espaço normal dum assistente tiveram de caber pelo menos coisa duns três ou mais espetadores apertados, em média. (Eram tempos de toda a gente ficar em pé nos dias de grandes jogos, mesmo porque nessa era ainda as bancadas não tinham cadeiras e os lugares eram soltos, sem numerações sequer. Tanto como os bilhetes eram feitos e vendidos em quantidades maiores que a lotação dos estádios, sendo os jogos entre os grandes umas boas oportunidades de amealhar maiores receitas. E como a eliminatória era a uma só mão, em jogo único, o campo era neutro e a receita a dividir pelos dois contendores, além da parte que cabia à Federação (e o que havia para pagamentos das despesas de organização, etc. e tal), mais convinha a todas as partes, incluindo às entidades oficiais, tal sucesso de bilheteira.
Com a azáfama e aperto da entrada no estádio (não havendo ainda torniquetes nem outros sistemas, mas apenas vistoria de fiscais à entrada) até o bilhete foi rasgado mais por largo pelo porteiro – como ficou guardado, para recordação, o bilhete de entrada do próprio autor destas recordações.
Estava consumada essa alegria, de modo que no dia seguinte até o Compasso ecoava mesmo como Aleluia, quão teve mais encanto a envolvência tradicional do tilintar da campainha anunciadora da Visita Pascal e o ritual tradicional dessa festa anual comemorativa da vitória do bem sobre o mal e da vida sobre a morte.
Armando Pinto
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