A 23 de março de 1958 o guarda-redes Acúrsio, então titular
da baliza do FC Porto, fez história como primeiro guarda-redes de futebol a marcar
um golo em provas oficiais em Portugal. Ganhando
aí estatuto de protagonista mais saliente ao fazer um golo de baliza a baliza. Foi
no estádio do Restelo, frente ao Belenenses, como marcador do golo que colocou
o resultado em 2-0 na vitória do FC Porto por 3-1. Golo esse que se somou a um Pedroto,
pelo FC Porto, contra um outro de Paz na própria baliza, a totalizar os tentos
dos dragões.
Com efeito, nessa tarde, enquanto no ambiente da paisagem portuguesa, como país de clima geralmente ameno, começava a despertar tempo primaveril, no panorama do futebol português algo aconteceu fora do normal e logo com alguém do clube maior de fora da capital da nação. Sabendo-se que no chamado cantinho à beira mar plantado por interesses poderosos tem sido lei sobretudo contar Lisboa e o resto ser apenas paisagem.
Ora, então nessa data, em 1958, em tempo de aproximação às célebres eleições que abanaram a modorra nacional com a candidatura de Humberto Delgado, numa tarde de futebol domingueiro e em jogo decorrido em Lisboa, o guarda-redes do FC Porto foi figura de destaque.
Então, «Acúrcio assumia-se como a grande figura do FC Porto na vitória sobre o Belenenses, por 3-1, no Estádio do Restelo. O guarda-redes marcou um golo de baliza a baliza e ainda aguentou uns bons minutos entre os postes com o braço partido, pois na altura não havia substituições.» (Só meses depois daí começou a haver guarda-redes suplente com lugar no banco, para essa eventualidade de lesão do titular, única substituição que foi permitida ainda durante mais alguns anos).
= A equipa do FC Porto que na época de 1957/58 alinhou no jogo do Restelo celebrizado pelo golo de Acúrcio. Campeonato Nacional da 1ª Divisão da Época 1957/1958, à 26ª última jornada, a 23/03/1958. Estádio do Restelo, CF Os Belenenses, 1 – FC Porto, 3. Golos do FC Porto obtidos por Acúrcio (no remate de baliza a baliza), Pedroto e Mário Paz (em autogolo, ao tentar anular lance enviado com um enviesado efeito dado à bola por Osvaldo), sendo o golo do Belenenses através de Vicente Lucas. Na foto da pose: em cima e da esquerda para a direita – José Pedroto, Barbosa, Miguel Arcanjo, Ângelo Sarmento, Virgílio Mendes e Acúrcio; em baixo, pela mesma ordem – Carlos Duarte, Gastão, Jaburu, Osvaldo Silva e Hernâni.
Foi ao minuto 18 da 1ª parte que Acúrcio, ao lançar a equipa para o ataque, em remate para longe, atingiu a baliza adversária com esse longo pontapé, batendo o guarda-redes José Pereira, do Belenenses, que viu a bola ir pelo ar e ultrapassá-lo surpreendentemente, acabando anichada no fundo das redes e a fazer baloiçar o “véu da noiva” – como se dizia em linguagem dos relatos radiofónicos.
Imagens e crónica resumida desse jogo Belenenses – FC Porto na revista Sport Ilustrado, nº de 25 de março de 1958, sob título “Um golo raro …” !
Era e foi isso ao tempo um caso inédito nos registos dos anais futebolísticos lusos. Tornando-se pois Acúrcio, na época guarda-redes efetivo da equipa principal portista, o autor do 1º golo de baliza a baliza em Portugal.