Em entrevista ao SAPO Desporto, o antigo defesa Eduardo Luís contestou as mudanças do técnico portista no duelo com o Sporting, salientou os problemas de Lopetegui na comunicação com a imprensa portuguesa e defendeu que há razões para as críticas ao trabalho do técnico, tecendo em paralelo elogios a Jorge Jesus.
“Os treinadores vivem de resultados, e estas duas derrotas não foram nada boas. O que é que faz com que as pessoas critiquem? É a forma como o FC Porto joga, a forma como o treinador coloca as peças. Há críticas constantes e, se calhar, erros constantes. No FC Porto habituámo-nos a ganhar, nem que seja a taça regional de reservas. Lopetegui está adaptado a isso? Não me parece”, defendeu Eduardo Luís.
“Depois do jogo [com o Marítimo] as pessoas podem dizer que não estão interessadas na Taça da Liga, mas os jogadores são profissionais. O espetáculo é caro, os jogadores são caros. Os jogadores têm de procurar dar o melhor espetáculo possível para as pessoas que vão ver o jogo. Se eu vou ao teatro e não gosto, tenho de criticar. ‘Olha, não gostei dos atores, do encenador’. Quem paga tem direito a criticar”, realçou, recordando depois as mudanças no encontro com o Sporting.
“Entrou o André André, mas ele de certeza que não rende o mesmo quando joga de início e quando entra no fim. Entrou o Tello e o miúdo [André Silva], não mudou nada. Ele está a perder, tira o Aboubakar e mete o André Silva. O miúdo é que vai resolver, num jogo daqueles? Aos 18 anos? Pode ser um grande jogador, e até pode resolver, mas à partida não vai resolver nada. Não se pode dar esta responsabilibade a um miúdo. São estas decisões que são criticáveis, com quase 100% de certeza. Claro que o treinador tem de levar com as perguntas, para que diga cá para fora aquilo que se passa”, atirou.
Quanto às críticas de Lopetegui à comunicação social, Eduardo Luís defendeu que o técnico tem parte da culpa. “Não é agradável ouvir Lopetegui. Também não tem que ser agradável, mas quem é treinador de grandes clubes tem de saber lidar com a imprensa e saber dar a volta às coisas. Ele não dá um sorriso…”, salientou, dando um exemplo de um exemplo a seguir: “Bobby Robson. Toda a gente gostava de falar com o Bobby Robson. Podiam-lhe fazer perguntas mais complicadas que ele sabia responder, com um sorriso, uma piada. Ele até podia nem responder à pergunta mas as pessoas ficavam satisfeitas de o ouvir”.
Resta ao FC Porto tentar voltar a ultrapassar o Sporting na tabela, mas Eduardo Luís alerta: “não vai ser fácil”.
“No Sporting salta à vista o dedo do treinador, que não se vê bem no FC Porto. Desde que Jesus entrou no Sporting, deu logo para ver no primeiro jogo que tinha o dedo do treinador. Salta à vista a qualidade do futebol do Sporting, e aquilo que ele está a fazer no Sporting já fez no Benfica. Potenciou jogadores, e também é isso que os clubes pretendem”, realçou.