A 16 de novembro de 2003, num domingo de soalheira tarde de verão de São Martinho, cedo começada em ambiente festivo, resultante do aglomerado e entusiasmo da grande multidão portista que encheu por completo toda a zona das Antas e a nova área urbana do Dragão, foi ao final do dia solenemente aberto ao público o novo estádio do Dragão. Decorrendo então belo cerimonial da inauguração já com aragem fria de noite outonal, mas com os corações bem quentes de fervor clubista.
Faz agora em 2022 já 19 anos disso, quando também eu ali estive de pele eriçada pelo frio de regelar o corpo, à mistura com apaixonada visão e sentimental vivência de tão importante momento da vida do clube do coração.
De tudo isso e o que entretanto já faz parte da história do nosso estádio do Dragão, para não me perder em expansão, de tanto que haveria para descrever, o melhor é seguir uma linha descritiva ao correr da recordação, para constar assim mesmo.
Ora, o mais bem-sucedido estádio português está de parabéns. A 16 de novembro de 2003 era inaugurado o Estádio do Dragão, digno sucessor do saudoso das Antas, sendo o atual autêntico palco dos sonhos de todos os portistas há exatamente 19 anos. Desde aquele inesquecível serão de domingo que reuniu mais de 51 mil adeptos azuis e brancos, quando no prato-forte do programa respetivo FC Porto recebia o Barcelona num jogo que marcou a estreia de dois históricos do futebol: o Dragão e Lionel Messi. Tendo no 1º jogo, o jogo da festa da inauguração, ficado FC Porto, 2 – Barcelona, 0.
Tiago deu o pontapé de saída, Bruno Moraes desferiu o primeiro remate, Vítor Baía fez a primeira defesa e Derlei assinou o primeiro golo, de penalti. Hugo Almeida fez o segundo, de cabeça, ficando assim carimbada historicamente a vitória dos portistas frente aos catalães por 2-0. (Depois, devido a questões relacionadas com o então recém-instalado relvado do terreno de jogo, o anfiteatro da Invicta só viria a acolher o primeiro jogo oficial em fevereiro do seguinte ano de 2004, na vitória por 2-1 sobre o Leiria, bem a tempo de ver o FC Porto sagrar-se Campeão Nacional, da Europa e do Mundo). Desde então, só o Camp Nou, a Allianz Arena e o Parque do Príncipes festejaram mais conquistas.
Acrescente-se ainda que o Estádio do Dragão, inaugurado a 16 de novembro de 2003, já atingiu a maioridade há um ano, e continua a tornar-se mais adulto a cada ano que passa. Após que o FC Porto se mudou há 19 anos de armas e bagagens para o ao tempo novíssimo anfiteatro azul e branco e a aura vitoriosa trazida das Antas manteve-se intacta no reduto a que os portistas chamam casa, vai agora para quase 20 anos.
Desde essa data marcante na história do clube, o FC Porto conquistou já 29 trofeus no futebol senior e fez do Dragão o mais bem-sucedido recinto nacional no ativo. No panorama europeu, só o Camp Nou (Barcelona), a Allianz Arena (Bayern Munique) e o Parque dos Príncipes (Paris Saint-Germain) festejaram mais conquistas do que a fortaleza da Invicta.
Entre os números e nomes incontornáveis do Dragão sobressaem os de Derlei, Maniche, Sérgio Conceição, Helton, Jackson Martínez, Alex Telles ou Pepe, mas há tantas figuras do futebol com uma ligação umbilical ao novo estádio do FC Porto… Que o diga Lionel Messi, que fez a estreia como sénior na noite da inauguração e regressou – dez anos e quatro Bolas de Ouro depois – ao palco dos sonhos de todos os portistas para o jogo de despedida de Deco. E há a registar o facto de André Villas-Boas ter sido e ser o treinador mais jovem a festejar a conquista de um título internacional no Dragão, obtendo um trofeu europeu oficial, quando com 33 anos e 213 dias foi o treinador da vitória do FC Porto na Liga Europa de 2011, efusivamente comemorada depois no Dragão (em cuja era do novo e atual estádio portista José Mourinho foi o primeiro a conquistar um trofeu europeu, na vitória na Liga dos Campeões Europeus de 2004, contudo não acompanhou a equipa no regresso festivo para a comemoração que se seguiu no Dragão).
Em dados formais, Maniche foi o autor do primeiro golo oficial da história do Dragão, contra o União de Leiria para o Campeonato Nacional da Liga portuguesa – 83 dias depois da inauguração do estádio, já com novo tapete relvado – e, em outubro de 2020 Pepe tornou-se o futebolista mais velho a marcar com a camisola azul e branca na nova casa (com 37 anos, 7 meses e 7 dias). O atual treinador Sérgio Conceição é o que mais vezes se sentou oficialmente no banco dos responsáveis ali, em 139 jogos no Dragão, Helton detém ainda o record de 159 jogos efetuados até agora, enquanto Jackson Martínez com 49 golos tem a conta do maior número de golos marcados neste recinto, Alex Telles com 41 assistências é o maior fornecedor de passes decisivos no estádio portista, onde esta época Eustáquio marcou o golo 1.000, contra o Atlético de Madrid em jornada europeia para a Liga dos Campeões. Ao perfazer 19 anos, o estádio do Dragão recebeu 454 jogos oficiais do FC Porto, nos quais foram obtidas 347 vitórias, 62 empates e 45 derrotas (além de outros jogos, com seleções e entre equipas estrangeiras).
Hoje mais do que nunca, os olhos dos portistas brilham quando contemplam a imponente obra na zona Oriental da cidade do Porto. Pois o Estádio do Dragão é o mundo que brilha como o sol no universo azul e branco, onde os Portistas gostam de estar e sentem como coisa propriedade sua, algo nosso.
Aumentando o pecúlio, o ainda muito jovem mas já adulto estádio novo do FC Porto teve também a visita presencial de atletas campeões das diversas modalidades do clube a receberem apóteoses de reconhecimento, em voltas de honra ao recinto para mostrarem ao público taças de grandes vitórias. Tal como no seu interior acolhe o também novo museu portista, o Museu FC Porto by BMG, onde constam já esses trofeus e haverá espaço para todos um dia também – como se anseia ainda ter em exposição pública permanente tudo o que mostre a grandeza azul e branca, desde as taças das muitas vitórias coletivas na Volta a Portugal em bicicleta, bem como os trofeus de torneios antigos e campeonatos das diversas modalidades, os torneios de futebol internacional Ibérico de Juniores, o de Limoges, mais os de seniores Luis Otero, Corpus Christi, mais a grande taça do Prémio Somelos-Helanca conquistado por Américo, entre diversos exemplos de tanta e tanta coisa mais.
Acresce a tudo isso, recorde-se ainda, que também o estádio do Dragão já foi palco de grandes eventos internacionais, com destaque a nível europeu para uma fase final da Liga dos Campeões e local vitorioso da Seleção A Portuguesa na conquista da Liga das Nações, além de nestes 19 anos de vida, o Dragão ter vivido e celebrado a conquista de 11 campeonatos nacionais do FC Porto, mais as conquistas dos triunfos internacionais, bem como se viveram-se nas bancadas momentos inesquecíveis: desde os 5-0 aplicados ao Benfica, a 7 de novembro de 2010, ao golo de Kelvin ao rival de Lisboa, aos 90+2’ (o célebre e emotivo minuto 92), que resultou numa das celebrações mais épicas de que há memória na família portista. Palco da uma ainda recente final da Liga dos Campeões, entre o vencedor Chelsea e o oponente finalista Manchester City, mais sítio de decisivas conquistas da seleção nacional de Portugal, o Dragão já em idade da maioridade está no imaginário dragoniano numa esperançosa expectativa de no final desta temporada, de 2022/23, ali ser festejado mais um título nacional pelo FC Porto.
Nesta data, para assinalar tão inesquecível efeméride, ilustramos o tema com algumas imagens de recordações alusivas do mesmo dia da inauguração e adereços dos mais variados formatos e meios relativos à ocasião, do acervo pessoal. Através de fotografias captando objetos, livros, revistas e jornais, quão aqui fica a demonstrar visualmente toda essa envolvência, por quanto no aspeto mais íntimo perdura o que só o coração sabe melhor enquanto vai pulsando.
Armando Pinto
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