Chega notícia de mais um antigo ídolo atlético do FC Porto que desaparece
do mundo físico, que não da memória portista perene – o eterno Mário Silva, atleta
olímpico do ciclismo português e portista, vencedor de uma Volta a Portugal e
como triunfador de diversas provas importantes também distinguido de vários modos,
incluindo ter recebido a Roda de Ouro do ciclismo português, troféu existente em
seu tempo.
= Verso da foto de cima, com seu autógrafo, de registo fotográfico oficial com a camisola da Seleção Nacional de participante nos Jogos Olímpicos de 1960. Fotografia igual à que estava num quadro exposto numa das paredes do antigo Museu do FC Porto, Sala-Museu Afonso Pinto de Magalhães, na antiga sede da Praça do Município. (Tem carimbo de fevereiro de 1969, junto com carimbo da Casa Salvador, estúdio fotográfico com tradição na cidade do Porto, ao tempo, onde os atletas do FC Porto por norma eram fotografados. Sendo de 1969 por ser quando foi feito o referido retrato emoldurado para a sede social do FC Porto, à época.) =
Ora, faleceu esta quarta-feira, no dia 1 deste março, o antigo
ciclista Mário Silva, famoso campeão do ciclismo tão admirado dos seguidores e
apoiantes do desporto das bicicletas no ecletismo azul e branco. Um ícone dessa
modalidade que em tempos idos foi das mais importantes do desporto português e chegou
a ser manã de vitórias para o FC Porto, nos tempos em que era em cima das
bicicletas e com o esforço dos ciclistas que se decidiam os resultados.
Atendendo à referência memoranda que representa Mário Silva
na História do FC Porto, na página informática do clube Dragão é referenciada a
sua morte, nos seguintes termos:
« FALECEU O CICLISTA MÁRIO SILVA
Lendário do FC Porto venceu a Volta a Portugal em 1961
Faleceu esta quarta-feira Mário Silva. O antigo ciclista,
nascido a 5 de outubro de 1939 em Caldas de S. Jorge, Santa Maria da Feira,
venceu a primeira Volta a Portugal em que participou, em 1961, já depois de ter
representado as cores nacionais nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, e antes
de ter corrido na Volta a França do futuro (Sub-23), entre 1962 e 1964.
O velocista iniciou a carreira de azul e branco em 1959 e,
dois anos depois conquistou a Volta a Portugal, prova em que as adversidades
foram constantes. “Estreou-se na Volta de 1961 e ganhou! Um ano antes fora um
dos eleitos para representar o ciclismo português nos Jogos Olímpicos de Roma e
quando deu as primeiras pedaladas na Volta já era olhado com desconfiança pelos
principais adversários. E com razão, porque disse ao que vinha e cumpriu. Fê-lo
em circunstâncias particularmente complicadas: à partida para a 11.ª etapa, a
equipa do FC Porto foi atrasada por uma intoxicação alimentar, que deixou em
muito más condições alguns dos ciclistas. Indiferente ao drama portista, apesar
da comprovação médica, o diretor da corrida deu a partida à hora marcada. Os
ciclistas portuenses partiram com considerável atraso, que haveriam de
compensar com invulgar espírito de sofrimento. Quatro etapas depois, no contrarrelógio
Covilhã-Guarda, Mário Silva vestiu a camisola amarela, que não mais largou até
final da prova”, escreveu a revista Dragões em agosto de 2014.
= A grande vitória de Mário Silva na Volta a Portugal de 1961 em reportagem na lisboeta revista FLAMA…
Após estabelecer um novo recorde de velocidade média (36,755
km/h), aventurou-se no Tour, participou em várias edições da Vuelta e terminou
a carreira em 1970 com cinco vitórias em campeonatos nacionais por equipas.
À família enlutada, o FC Porto apresenta as mais sentidas
condolências.»
= Mário Silva vitorioso com a taça de vencedor do Grande Prémio Robbialac em 1965.
Assinalando o infausto acontecimento, também o autor deste blogue “Memória Portista” apresenta pessoais sentimentos à família, com especial atenção ao filho e à filha com quem foram mantidos contactos em devido tempo. E, ao ciclista que povoou sonhos e alegrias de infância e juventude deste mesmo adepto admirador, aqui é dedicada uma última e sentida homenagem, com mais umas recordações evocativas.
Nascido em pleno dia do Feriado Nacional do 5 de Outubro, comemorativo da Implantação da República em Portugal, Mário Silva, o vencedor da Volta a Portugal de 1961, era anualmente aqui parabenizado, nesse sentido. Agora, que deixará de haver tal possibilidade, fica desde já esta evocação para sempre, como constante saudade que será.
Com efeito, a cinco de Outubro (de há 83 anos, a passar, que neste ano iria perfazer 84 já não alcançados), nasceu em 1939 Mário Pereira da Silva, o mais tarde famoso e admirado ciclista Mário Silva que vestindo a camisola do FC Porto venceu uma Volta a Portugal. Assim como representou o país nos Jogos Olímpicos e algumas edições do Campeonato do Mundo de estrada, na Volta a França do Futuro e outras provas de prestígio..
Em virtude de todo esse passado e sua amplitude, aqui o autor destas lembranças recorda-o como adepto portista admirador de sua carreira. E na roda desta evocação, calha a preceito para aqui o evocar mais como figura expoente da modalidade em que muito se distinguiu ao serviço do F. C. Porto – nesse desporto que marcou gerações em captação de simpatias e entusiasmos. Havendo sido força motriz no surgimento de Portismo em muitos corações desde então apaixonados pelo clube azul e branco da Invicta.
Mário Silva, em seus tempos de ciclista popularmente conhecido por cara de menino, pela sua fisionomia muito jovem, será assim sempre lembrado. Estando e permanecendo na admiração dos que sempre com ele simpatizaram, como o autor destas linhas. Tendo sempre presente quão nos anos sessenta, do século XX, ele era como que um embaixador Portista de alta patente, num plano superior em que o víamos, quase como se sua bicicleta fosse um trono, de onde dava asas a sonhos de o ver cruzar a linha de chegada de braço levantado, em sinal de vitória Portista.
Ora o ciclismo em tempos idos era em Portugal, também, um espetáculo de multidões, passando às terras quase todas e de todos, por assim dizer. Tendo sido, especialmente entre as décadas de quarenta a oitenta, durante o período áureo que contou com equipas de todos os grandes clubes, e extensivas atenções dos adeptos pelas afeições clubistas, um desporto detentor de grande entusiasmo popular, recebidos como eram os ciclistas como autênticos heróis por entre fileiras de entusiastas delirantes, ladeando as estradas.
Sentiu-se bem, por esses lustros, o que era andar na frente das corridas, de como a vida tinha sentido no fervor provocado em cada pedalada na dianteira. E vibrávamos com o esforço que apreciávamos, nos ciclistas levantados do selim a dar aos pedais. Então nas etapas de montanha era um hino clubista ver as camisolas azuis e brancas, como se as sentíssemos transpiradas, acompanhando pelas comunicações das emissoras de rádio a evolução, quanto o esforço dos corredores do Porto se sobrepunha em luta renhida contra o ar e espaço que outros ocupassem. Nas subidas e descidas. Numa constatação de que para cima não há santo que empurre, mas ao baixo todos os santos ajudam
Pois, como o ciclismo teve todo um passado heroico e glorioso dentro da Vida do F. C. Porto, convém não esquecer que o F.C. Porto mesmo depois de ter estado ausente do ciclismo cerca de 30 anos, continuou a ser o Clube com mais triunfos individuais na Volta a Portugal. Facto reforçado após o regresso em 2016, continuando a alargar a vantagem para os clubes adversários com historial de equipas de ciclismo competitivo.
Tal como a nível coletivo o F.C. Porto tem colecionado vitórias por equipas, de forma que a saga continuou e mantém-se, como faz parte dos registos verdadeiros.
Dentre todos esses e tantos mais, avultava então Mário Silva, simpático ciclista de semblante retraído pela concentração semeada em esforço pelos percursos percorridos. Um dos nossos ídolos da infância e tempos iniciais de adolescência, um nome que nos despertava as melhores venturas da meta sempre desejada. Era um Ás dos pedais, como se dizia dos melhores valores na disputa dos lugares da frente das corridas de bicicletas.
Mário Pereira da Silva, como era seu nome completo, nasceu a 5 de Outubro de 1939, não numa viagem medieval como nos dias que correm são por essas bandas recriadas épocas remotas, mas num dia feriado, em Caldas de S. Jorge, na área da então Vila da Feira, hoje terras de Santa Maria da Feira – a talhe de guerreiro que veio a revelar-se nas estradas nacionais e internacionais, feito um vencedor. Tornado depois, em sua juventude, um desportista valoroso, como ciclista de Portugal. Em cujo currículo, além de muitas provas e títulos diversificados, houve um feito histórico marcante no palmarés deste ciclista de excelência: o triunfo na Volta a Portugal em 1961.
Aparentemente frágil, Mário Silva era um corredor de fibra, estóico e com enorme capacidade de liderança. Intransigente na defesa da equipa e da modalidade, foi um dos mais emblemáticos representantes do ciclismo no F.C. Porto. Tendo aparecido à visibilidade nacional mediante uma estreia vitoriosa na maior prova portuguesa por etapas.
= Mário Silva com o equipamento da seleção portuguesa, que levou a Itália nos Jogos Olímpicos de Roma 1960.=
Com efeito, depois de auspicioso início de carreira, perante vitórias em provas da Associação de Ciclismo do Porto, começou a dar nas vistas como ridente promessa do ciclismo luso, a pontos de em 1960 ter sido escolhido para fazer parte da seleção nacional que foi aos Jogos Olímpicos de Roma. Mas foi no ano seguinte que pela primeira vez alinhou à partida da Volta a Portugal, integrando a equipa do F C Porto. E não podia ter tido melhor batismo de corrida grande, pois logo no começo como sénior principiou a vencer a Volta a Portugal, em 1961, cotando-se como supremo representante do F. C. Porto. Foi tamanha a conquista, que esse triunfo merece um destaque especial, nestas recordações.
Ao entrar logo na equipa principal já queria dizer muito, pois a formação do F. C. Porto era poderosa, por esses tempos, composta como era por valores quase de nível idêntico entre eles, a pontos de haver então um verdadeiro jogo de equipa, fraternal e taticamente preparado no âmbito interno, de modos que numas provas ganhavam uns, noutras outros, dando para todos. Diziam os adversários que os corredores do Porto eram tão fortes que qualquer lugar posicionado no meio deles já era muito bom…
Nesse ano, antes da Volta a Portugal, haviam estado em representação do País dois ciclistas do F. C. Porto na Volta a Espanha, Sousa Cardoso e Carlos Carvalho. Tal como nos anos anteriores haviam incluído a seleção nacional na mesma “Vuelta” os Portistas Sousa Cardoso, Artur Coelho, Sousa Santos e Emídio Pinto. E em 1959 Sousa Cardoso andou na Vota a França; enquanto Artur Coelho e Emídio Pinto disputaram algumas clássicas francesas, inclusive Artur Coelho fez um bom 2º lugar no Paris- Evreux (na linha da sua anterior vitória na clássica brasileira do 9 de Julho –Volta a São Paulo, em 1957), tal como outro 2º lugar da classificação obteve Emídio na Volta a Leon. O que mostra bem o valor da equipa, naquele tempo.
Curiosamente, iniciada a Volta portuguesa desse ano de 1961, após as primeiras pedaladas e durante sucessivas etapas em que a camisola amarela andou por diversos dorsos, surgiu um dia, à 11ª tirada da “Volta”, em que o F. C. Porto foi preterido à partida, vítima das invejas dos adversários. Acontecera que a equipa sofreu um surto gástrico, num facto à época tido em surdina como uma espécie de boicote… embora publicamente encapotado como ocorrência diferente. Uma gastroenterite diagnosticada pelo médico, «fosse pelo bacalhau que os ciclistas da equipa comeram ao almoço, ou água inquinada, vinho gelado ou por qualquer outra razão, a verdade é que os corredores do F.C. Porto chegaram tarde ao local da partida da 11ª etapa Tavira-Beja já com a largada dada. O diretor da corrida não esperou e dera ordem de saída. Então o conjunto fragilizado do clube das Antas teve de iniciar a etapa com substancial atraso. Isso depois de uma noite em que ninguém da comitiva do clube nortenho pregara olho. Os que estiveram em piores condições, com diarreias, vómitos, tonturas e febre, foram Mário Sá, Sousa Santos e Júlio Abreu, mas destes, nesta “etapa maldita”, só os dois últimos vieram a desistir, juntamente com José Pinto e Artur Coelho.»
«Porém, os que restaram da equipa não se deixaram vencer pelo desespero e quatro dias depois, no final da etapa de Covilhã para Guarda, Mário Silva conquistou a camisola amarela. Este caso da intoxicação dos corredores Portistas teve, no entanto, repercussões disciplinares devido ao facto do diretor da equipa do F.C. Porto, Franklin Cardoso, ter insultado em público o diretor da corrida, pela indiferença que revelou perante o drama vivido pelos seus corredores, o que, em sua opinião, justificava perfeitamente que a partida tivesse sido atrasada. Os insultos valeram-lhe um severo castigo.» Porque era do F. C. Porto, como é fácil perceber… comparativamente a ocorrências passadas com pessoas de outras equipas. Mas, aí, a vingança foi servida a frio e na hora… «Resistindo a todas as adversidades e a todos os ataques, Mário Silva (FC Porto) ganhou a Volta, com 57segundos de vantagem sobre o italiano Marcoletti (Ignis). Sousa Cardoso, o principal favorito até ter adoecido, acabou por se classificar em 12º, à frente até de Alves Barbosa.»
«Andaram os homens do Académico a comandar a corrida até à Serra da Estrela, para no contra-relógio para a Guarda, despontar na ribalta da Volta a figura de Mário Silva, que a partir daí se manteve na frente… também pelo enquadramento que os seus colegas de equipa lhe proporcionaram.»
Dessa façanha, com toda a envolvência e consequências emotivas, mais sensações delirantes, dão testemunho as anexas imagens coevas, quer por gravuras de recortes dos jornais da época, como em desenhos insertos num álbum de banda desenhada, editado mais tarde, historiando a competição, sob título d’ Os Heróis da Estrada.
«Foi, pois, Mário Silva no já referido contra-relógio, quem salvaria o FC Porto, garantindo-lhe a sequência de vitórias… Essa Volta de 1961 teve ainda a particularidade de ter sido a mais rápida das que até aí se realizaram, pois Mário Silva realizou a média de 36,755 Kms/h. Acrescendo à sua vitória, nesta edição, um reforço de também ter sido valorizada pela forte oposição que encontrou nos italianos e espanhóis, nomeadamente de Marcoletti, o segundo classificado que ficou a escassos 57 segundos. Se acrescentarmos que em terceiro lugar se classificou Alberto Carvalho (do Académico) a 23m 25s, ter-se-á uma ideia mais concreta do que foi o renhido duelo que teve de travar com o italiano.»
= Mário Silva do F.C.Porto, com a coroa de louros de grande vencedor da Volta a Portugal de 1961! E vitoriado como grande figura dessa Volta, em que envergou a camisola amarela durante 11 etapas, desde a 14ª etapa até a ultima, com chegada à pista do Estádio José de Alvalade, em Lisboa, a 16 de Agosto de 1961. Esta Volta teve a particularidade de ter sido a mais rápida das que até então se realizaram, perante a marca do “Mário Silva do Porto”, à média de 36,755 km/h.
Na evolução da carreira Mário Silva passou a demandar também outras paragens, sempre com a camisola azul e branca colada ao corpo. Numa dessas vezes sucedeu que em 1962, na Volta à França do Futuro, Mário Silva foi vítima duma atitude antidesportiva praticada pelo suíço Binguelli, que atirou ao chão o ciclista português a fim de permitir que o seu compatriota Heeb vencesse o Prémio da Montanha. O ciclista helvético foi penalizado com 5 minutos, mas mesmo assim, tanto os ciclistas como os clubes não calaram a sua indignação, pois Mário Silva viu-se relegado para o segundo lugar na classificação dos Trepadores. Época esta em que Mário Silva na Volta a Portugal triunfou na montanha, além de, no tal trabalho de equipa, ter ajudado o colega José Pacheco a sair vencedor da Volta.
= Sessão de homenagem no FC Porto. Na distribuição de prémios e entrega das taças da Volta a Portugal de 1962.
Continuando em recordações mais voltadas à Volta a Portugal, já no ano seguinte uma infelicidade bateu-lhe à porta, ou pior na roda da bicicleta, vítima que foi de queda… não tendo podido completar essa Volta.
Depois disso, a carreira foi decorrendo dentro que possível, sempre em lugares da frente do pelotão. Participou na Volta à Espanha, em 1962 e 1963, 1965 e 1966, onde obteve um 23.º e 34.º lugar como posições de maior destaque, e na Volta à França do Futuro, já referida, onde obteve o tal 2.º lugar no Prémio da Montanha.
= Mário Silva durante a Volta a França do Futuro, em 1962
Bom trepador e contra–relogista, além da sua vitória na Volta de 1961, conseguiu, durante as dez participações que teve na Volta a Portugal, ainda mais dois 3.º lugares da Geral (nas Voltas de 1965 e 1969), dois 4.º, dois 6.º, um 7.º lugares (todos pelo F. C. Porto) e por fim um 10.º lugar (na última participação na Volta, quando correu como individual). Fora uma desistência por impedimento físico, após a queda que teve em 1963. Enquanto ciclista do F. C. Porto venceu três etapas, no decurso das participações a que juntou ter obtido um 1.º lugar de direito à camisola azul de trepador (sendo “Rei da Montanha” da Volta de 1962) e um 3.º lugar no Prémio da Montanha. Em cuja longevidade participativa andou com a camisola amarela num total de 18 dias, constando assim em posição destacável entre os ciclistas que envergaram a camisola amarela da liderança da caravana voltista.
Somando a isso tudo, em seu palmarés, no percurso em que representou o F.C. Porto, Mário Silva venceu mesmo várias provas mais, entre as quais: em 1964 o 2ª Grande Prémio do F. C. Porto (prova oficial do calendário da Federação Portuguesa de Ciclismo, com aval de patrocínio do F. C. Porto), em cuja época o popular “cara de menino”, como carinhosamente muitos admiradores identificavam este seu ídolo, conquistou ainda outra honra: a “Roda de Ouro”. Depois, em 1965 o 2º Grande Prémio Robbialac; e em 1966 o Circuito de Rio Maior; havendo também alcançando ainda um 3.º lugar no Porto – Lisboa em 1967.
De permeio, ao nível internacional e nas solicitações pátrias, esteve nos Jogos Olímpicos de 1960, em Roma; e no Mundial de Ciclismo, fazendo parte das seleções portuguesas que estiveram presentes no Mundial de Estrada de 1965 e 1966.
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Entre as referidas provas em que Mário Silva foi triunfador, como lider triunfante, merece parte destacável o Grande Prémio do FC Porto de 1964:
A 5 de agosto de 1964 chegava à meta final a segunda edição do Grande Prémio de Ciclismo do FC Porto, nesse ano com o nome do clube organizador e da firma patrocinadora – o II Grande Prémio do FC Porto/Robbialac Portuguesa. Cuja prova foi ganha por Mário Silva, ciclista do FC Porto que havia vencido a Volta a Portugal de 1961 (na sua estreia na Volta, contrariamente ao que alguém escreveu num livro dos que têm erradamente servido de matriz a informações das páginas informáticas de entidades oficiais).
Ora, fazendo exceção ao desinteresse motivado pelo atual estado enganador do ciclismo português, desta vez recorda-se a vitória de Mário Silva precisamente e apenas por esse ciclista ser um dos grandes ídolos da infância do adepto do ciclismo que agora evoca a façanha correspondente. Tendo-se estado ainda recentemente a assistir a uma autêntica perseguição iniciada em 24 de abril de 2022 à equipa portuguesa que era superior a tudo e todos, além de nos dias recentes ter havido tentativas de limpar certas imagens com a safa de investigação a uns poucos ciclistas de outras equipas, mas curiosamente não a todas as mesmas e outras equipas, afinal à totalidade para não haver dúvidas como os pingos da chuva em que passaram certos personagens ao longo do tempo. Estando algumas pessoas que vivem à custa do ciclismo a matar a modalidade em Portugal, quase fazendo com que deixe de haver interessados puros entre adeptos e patrocínios.
Sobre a prova de 1964, em modo de registo memorial, deita-se mão de parte do que foi na época publicado no jornal O Porto, nesse tempo órgão informativo e historiador do FC Porto.
Assim sendo, aqui e agora, apenas fica a rememoração da vitória de Mário Silva, e também coletivamente pelo FC Porto na classificação por equipas, nesse tempo em que até os clubes organizavam provas, como foi o caso do Benfica na Volta a Portugal e do FC Porto em provas de Grandes Prémios. Sobre cuja existência já foi e está feito o devido historial em anteriores artigos neste blogue.
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Depois, no decurso da sua carreira, diversos foram os momentos vitoriosos e as ocasiões em que voltou a vestir a camisola amarela da Volta a Portugal, a prova-rainha que esteve para repetir a vitória final algumas outras vezes. Além de sua contribuição à equipa, sempre que necessário, no esforço coletivo.
Então, ainda dentro da entreajuda coletiva, Mário Silva teve algumas participações mais vistosas nalgumas edições das Voltas que se foram sucedendo, tais como em 1965, quando disputou palmo a palmo a vitória, que se escapou depois de renhida disputa, apesar de ainda ter vencido de forma categórica o respetivo contra-relógio. Bem como em 1966, envergando a amarela numa tarde manifesta de grande fervor clubista, seguido de dias de grande empenho. Tendo então vencido a 11ª etapa da Volta / 66, num contra-relógio de 46 km entre o Fundão e Castelo Branco, e nessa Volta de 66, durante 7 etapas manteve a camisola Amarela.
Tal qual em 1967, quando vestiu a amarela durante dias e, depois de a ter perdido, ainda esteve prestes a conseguir a sua recuperação. Como naquele ano em que ajudou ao máximo Cosme de Oliveira a manter a camisola amarela que o mesmo conseguira, durante dias de acesa luta contra outras equipas deveras apetrechadas… Como depois, em 1969, de forma épica subiu a Estrela quase rebocando J. Luís Pacheco, que assim manteve a amarela e acabou por vencer o Grande Prémio Philips.
…E ainda em 1969 teve mais uma brilhante atuação na etapa da Volta a Portugal que passou pelas montanhas da serra da Estrela, dessa vez após descida com meta final em Seia, que venceu e então chegou a morder os calcanhares a Agostinho e Andrade (no ano em que Joaquim Andrade beneficiou do doping acusado pelo organismo de Joaquim Agostinho).
= Mário Silva recebe um efusivo abraço do então Vice-presidente Dr. Miguel Pereira (e antigo Presidente da Direção do F C Porto), no final da 3ª etapa da Volta de 1966, entre Vila do Conde e Fafe, de 213 km, quando passou a envergar a camisola amarela, nesse ano, em mais uma liderança da prova-rainha do ciclismo português.
= Mário Silva incluído numa formação do F C Porto de meio da década de 60, composta por (a partir da esquerda): Joaquim Freitas, Mário Silva, Cosme Oliveira, Joaquim Leão, Mário Sá, José Pacheco e o massagista Joaquim Lopes (Lopinhos).
= “Mário Silva do Porto”, vence a 19ª etapa da Volta de 1967, entre Covilhã e Viseu de 132 km.
= Mário Silva em plenas subidas da Estrela… Conforme páginas de arquivo pessoal do autor, de apontamentos quando muito jovem acompanhava a par e passo tudo o que fosse do Mundo Portista e, no caso, particularmente do ciclismo do F C Porto…
= 1969 – Mário Silva do Porto, vence a 23ª etapa entre Alcains e Seia de 107 km, e Joaquim Andrade do Sangalhos nesta etapa arrebata a camisola Amarela a Fernando Mendes do Benfica. Enquanto Agostinho aparecia em 4º lugar a 33 segundos.
Em finais de 1969, não chegando a acordo com o F C Porto, e inclusive entrando em rutura com elementos da Direção do clube e diretores da secção, como afirmou numa entrevista à RTP, Mário Silva aceitou um convite da equipa moçambicana da Fagor, ficando a correr em 1970 como individual durante a que viria a ser a última época de sua carreira de ciclista.
= 1970 – A equipa de Ciclismo Brasileira da Caloi, que participou na Volta de 70, e à direita vê-se Mário Silva (junto ao trio brasileiro, na apresentação ao público) alinhando na Volta como individual, ao serviço da Fagor.
Terminada a carreira, passados muitos anos, entretanto, em 2007 Mário Silva foi alvo de uma homenagem na sua terra, em Caldas de S. Jorge, Santa Maria da Feira, por meio duma iniciativa do grupo “Vá lá, vá lá, podia ser pior”, de S. Jorge. Num tributo prestado por aquela entidade que organizou essa sessão de homenagem ao seu conterrâneo antigo vencedor da Volta a Portugal. Uma festa “há muito merecida”, como foi afirmado nessa ocasião. Contando também com a presença do presidente do F.C. Porto, numa surpresa justificada por Pinto da Costa dizendo que não poderia faltar ao reconhecimento público prestado a tal antigo atleta do F.C. Porto.
Volvidos tempos, em 2009, Mário Silva foi também alvo duma homenagem coletiva no F. C. Porto, tendo estado inserido entre Figuras do F. C. Porto dignas de reconhecimento perene e nesse sentido, numa parada de estrelas presentes à inauguração do novo pavilhão gimnodesportivo, o Dragão Caixa. Em cujo âmbito, o mesmo (junto com Américo, antigo grande guarda-redes de futebol; o bi-Bota Gomes; o capitão de Viena João Pinto; os hoquistas Cristiano, Joaquim Leite e Victor Hugo; as medalhadas Aurora Cunha e Fernanda Ribeiro; e diversos outros, num total de 22 nomes célebres do Historial do F.C. Porto) Mário Silva fez então parte do grupo de Lendas do F C Porto, por entre atletas vivos, ao tempo, que ali receberam pública homenagem, no culminar do programa festivo de tanto impacto Portista.
Armando Pinto
Obs.:Fotos de arquivo pessoal. A imagem a cores de sua vitória na Volta foi colorida pelo amigo sr. Eduardo Lopes, “Editor” do meu livro “Ciclistas de Felgueiras”.