O Futebol Clube do Porto sempre foi um clube de ampla dimensão, extravasando o plano desportivo e alcançando horizontes sociais e culturais. Tanto que chegou a ter uma Secção de Teatro. Cujo ponto alto de tal secção relevava o facto que, na sua essência e vocação, o clube não se esgota no
desporto, sendo que a cultura e a atividade social também têm tido vezes de estar no seu ADN.
Ora a Secção de Teatro do FC Porto foi criada em 1962. Como deu conta, ao tempo, o jornal O Porto em sua edição de 28 de novembro desse ano, explicando o seu surgimento e primeiros passos.
Toda essa sua atividade teve depois apoteose em sua estreia, quando a secção de Teatro do FC Porto levava a cena no Rivoli a peça
“Os Pássaros de Asas Cortadas”, original de Luiz Francisco Rebello,
encenada pelo também ator Júlio Couto.
Como foi, com grande sucesso. Tal como ficou registado também no jornal O Porto, em sua edição seguinte de 13-7-1963.
Assim sendo, na calha da comemoração do Dia Mundial do Teatro, que se celebra anualmente a 27 de março, nesta data, portanto da publicação deste artigo de rememoração, relembra-se o facto do FC Porto haver tido em tempos idos também um Grupo de Teatro, como Secção Cénica formada por associados portistas com veia de atores, em puro amadorismo mas com apetência de dedicação portista. Sendo o teatro uma arte de divulgação cultural usada como forma de expressão.
É verdade, efetivamente, o FC Porto, entre seu ecletismo e inúmeras atividades socioculturais, ao longo dos anos, de permeio com a destreza desportiva, teve também já esse grupo cénico, dedicado à representação teatral. Tendo então, durante dois anos, o FC Porto tido um grupo de teatro, enquanto representante da Arte de Talma dentro do clube. E além da estreia e seguinte reposição da peça inicial, a secção de Teatro do FC Porto subiu ao palco ainda mais algumas vezes, na sequência das tradicionais pancadas de Molière e atenção ao ponto de referência dessa secção que, embora de pouca duração, relevou o facto do FC Porto ser mais que um clube desportivo, com fases também afirmativas de cultura e diversificada atividade, sempre que possível.
Júlio Couto, falecido a 24 de abril de 2020, vítima do
Covid, foi um Homem do Porto-cidade, também, como grande dinamizador e difusor
cultural, além de homem do teatro e das letras, muito apegado à História Portuense,
tema que o manteve ligado a outros historiadores da urbe portucalense, os seus
amigos Hélder Pacheco e Germano Silva. Por sinal todos “Portistas aferroados”,
à Porto. Um trio que o arqueólogo-historiador Joel Cleto considerava os “Três
Mosqueteiros” da cidade do Porto.
= Hélder Pacheco (à frente) e Júlio Couto (atrás) no antigo
Estádio das Antas (foto que circulou na Internet aquando do falecimento de
Júlio Couto, em 2020).
Armando Pinto
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Este artigo foi originalmente publicado neste site