CARTA ABERTA À EQUIPA DE FUTEBOL DO FUTEBOL CLUBE DO PORTO
Amo-te Porto.
E quem me conhece ou segue, sabe do meu amor pelo clube, da minha admiração pelos seus nobres valores e da minha identificação com o seu espírito de conquista, como tal, sinto-me na total legitimidade de escrever sobre o momento que atravessamos.
E sim, falo na quarta pessoa porque somos uma nação. Ainda se lembram? Somos todos um. Na vitória ganhamos todos, na derrota perdemos todos também.
Estamos doentes.
Perdemos, literalmente, o norte.
Onde está o brio? A raça? A dignidade e o amor à camisola que tanto nos distinguia? Onde está a vontade? Onde está o Porto? O mágico Porto que arrecadava pontos e conquistas pelo seu crer, que fazia das tripas coração e encantava o mundo por comer a relva como ninguém?
Podemos perder, todas as equipas perdem, mas jamais poderemos ser derrotados porque não damos tudo, porque não somos Porto.
E a liderança da equipa de futebol?
Será que não vemos que só se trabalha a confiança com a estabilidade? E que a estabilidade só se adquire com golos e vitórias? Não é tempo para experiências. Já o antigo treinador, profundo desconhecedor do assunto, abusou disso mesmo. Estamos a meio da época e somos uma das piores equipas a jogar futebol em Portugal. Experimentar jogadores menos rodados? Sistemas táticos? Para quê? Não é a altura. Não se cura uma gripe fazendo o mesmo que nos fez apanhá-la. E o que se passa connosco está longe de ser uma constipação, é bem pior.
Ainda ontem, por exemplo, tivemos uma belíssima oportunidade para juntar uma vitória à última e fazer duas consecutivas, algo que, excetuando a defesa do Helton a uma grande penalidade no último minuto do Bessa, não acontece desde o princípio do ano. É embaraçoso, claro, mas faz parte da doença. Uma doença que nos obriga a apostar num único onze, o mais forte física e mentalmente, capaz de amealhar conquistas suficientes para depois alastrar aos dezasseis e, por conseguinte, a todo o plantel o tal espírito de conquista, o tal Porto. E depois, aí sim, experimentamos e rodamos e fazemos o que quisermos. A confiança permite isso mesmo. Sem confiança é que não pode ser. A derrota dos que jogaram ontem vai pesar, e muito e mais uma vez, nos treinos até ao próximo jogo e no próprio jogo em si.
E não me falem de jogadores com muitos jogos, cansados, e que precisam ser poupados para os jogos mais importantes. Neste momento todos os jogos são fundamentais e o verdadeiro cansaço vem unicamente da derrota, do desnorte. A vitória é prazerosa e ninguém se cansa de ganhar.
O nosso Porto precisa ser curado e todos temos a responsabilidade de fazer melhor, em campo e fora dele.
Somos um!
Somos Porto!
By: Gustavo Santos