Esta é seguramente a pergunta para um milhão de € que por estes dias deve assaltar a mente de qualquer Portista.
Sinceramente, começo a ficar farto, desgastado e de certa forma resignado, com todos os diagnósticos que têm vindo a ser feitos ao longo das últimas 3 épocas. Das centenas e centenas de teorias, argumentos, teses e dissertações que tenho lido e ouvido, provavelmente, mais de metade delas são verdadeiras e coincidentes com a realidade dos factos. O grande problema, quanto a mim, continua a não ser o diagnóstico dos problemas, mas sim, a forma mais adequada de os resolver.
Dito por outras palavras, julgo que neste momento dificílimo da época, em que dá a clara ideia de que se jogássemos amanha com uma qualquer equipa do distrital não teríamos capacidade para sequer marcar um golo, há que, como se diz na gíria popular, “chamar os bois pelos seus nomes”. Há que dizer claramente as coisas, sem “paninhos quentes”, nem eufemismos desnecessários. O cenário é complexo, a fase atual é delicadíssima, o futuro próximo, julgo que nem o mais otimista dos Portistas augurará algo de bom para esta equipa.
É triste e dilacerante para mim, enquanto Portista, constatar que a 27 de Novembro de 2016, o FC Porto está perigosamente próximo de chegar ao início de 2017 e não ter vivo nenhum dos objetivos a que se propôs. Mais assustador, é pensar que nas últimas 3 épocas, chegamos sempre a meados de Janeiro/Fevereiro na luta pelos objetivos, com hipóteses, por mínimas que fossem. Neste momento, olho para o calendário e temo que até ao final do ano se perca mais um objetivo (Champions) e a liderança fique a uma distância que possa já roçar o limite do vergonhoso. Sim, há limites da vergonha e do pudor que os jogadores, treinador e SAD deviam ter bem presentes, até por tudo aquilo que se tem passado ao longo desses 3 anos de seca. Parece que não, parece que ainda não vimos tudo nesse último triénio, parece que o fundo ainda pode ser mais fundo.
No dia 12 de Abril deste ano, após o Presidente ter decretado o “bater no fundo”, na sequência de mais uma vergonhosa derrota, dessa vez em pleno Dragão com o Tondela, escrevi neste blog um post que, INFELIZMENTE, está mais atual que nunca. Infelizmente, poderia repeti-lo neste momento, porque é exatamente o que penso de tudo isto. Nesse post, apresentava algumas soluções que, quanto a mim, poderiam tornar o futuro do FC Porto mais risonho. Mais do que repetir os argumentos por mim utilizados naquele post, gostaria de fazer agora uma espécie de acompanhamento/controlo do que foi ou não feito. O objetivo não é dizer que o presente acabou por me dar razão, o facto de eu ter razão num assunto relacionado com o FC Porto não me traz qualquer tipo de felicidade, trocaria mil razões dessas pelas vitórias do FC Porto.
Ainda assim, o cansaço de andar a repetir argumentos até à exaustão nos últimos 3 anos, não me impedem de voltar a relembrar algumas das coisas que na altura escrevi:
Sobre o plantel? Escrevia eu na altura: “já se ultrapassaram todos os limites possíveis e imaginários na presente época, têm-se passado coisas demasiado graves em várias esferas com impacto significativo dentro de campo. Com toda a frontalidade possível e porque o tempo agora é de chamar mesmo os “bois pelos seus nomes” (já chega de “paninhos quentes” e desculpas) a verdade é que o desempenho de alguns elementos na presente época tem sido abaixo de miserável… Ángel, Herrera, Brahimi, Varela e Marega, que me desculpem, mas são casos totalmente perdidos.”
Pois, é verdade que Ángel saiu, mas Herrera, Brahimi e Varela continuaram. A ser verdade que foi recusada uma proposta por Herrera, apenas digo o seguinte: recusar uma proposta por Herrera por mais de 10/15 milhões de € não é um bom ou mau ato de gestão, simplesmente não é sequer um ato de gestão, é um ato de outra coisa qualquer que não pode nunca ser enquadrado com gestão desportiva ou de outro qualquer tipo. Reafirmo hoje, ter num plantel jogadores como Varela (que já foi em tempos um grande jogador, como Fernando Gomes que hoje tem 60 anos e seguramente não seria grande ajuda dentro de campo ao pé de André Silva), Brahimi ou Herrera, é persistir em erros mais do que identificados. Era fundamental vender esses jogadores, mesmo que por valores abaixo do expetável. Porque pensando apenas na questão do valorização de ativos, no diheiro que se ganhou perde com a transferência de jogadores, mais vale encerrarmos o futebol e passarmos a ser uma corretora financeira, em que a única coisa importante é a valorização dos ativos.
Sobre o orçamento? Escrevia eu na altura… “… numa liga como a portuguesa, ter um ponta-de-lança de grande qualidade é meio-caminho andado. Por menos de 10 milhões de € é difícil ir buscar um grande avançado. Ora aí está, a qualidade do investimento é um fator fundamental no sucesso de uma equipa.”
Esta questão acaba por estar intimamente relacionada com o parágrafo de cima. Não se fez qualquer € com Brahimi e Herrera. Neste momento, Brahimi e Herrera acrescentam ZERO, aliás, o mexicano até é capaz de acrescentar menos que zero ainda. E não me venham com a conversa que o argelino seria o salvador da pátria caso entrasse na equipa, faria exatamente o mesmo que os outros, ou seja ZERO. Se calhar, fazendo alguns milhões de € com a venda de Herrera e Brahimi, em vez de 6 milhões por Depoitre, que até agora tem sido um desastre, seria possível ir um pouco mais além na contratação de um parceiro ideal para André Silva. E se calhar, grande parte dos nossos problemas estariam resolvidos. Por exemplo, Bas Dost que custou 10 milhões a um dos nossos rivais (e que já marcava muitos golos na Holanda e Alemanha), quantos problemas já não resolveu ao seu clube? Ainda este fim-de-semana resolveu um e bem complicado. Pois, custou 10 milhões de €, foi caro, mas, resolve problemas. Nós, gastamos 6 milhões num jogador que nem era o melhor marcador do campeonato belga. É só tirar as conclusões, e não, não é querer arranjar bodes expiatórios, é perceber que um jogador não pode dar mais do que aquilo que realmente vale. E Depoitre, por mais boa vontade que tenha, muito dificilmente poderá ir além de 10/12 golos por época, o que já seria ótimo (e neste momento, algo que parece inatingível pelo que temos visto do belga!).
Sobre o treinador? Escrevia eu na altura: “Com toda a sinceridade, Lopetegui foi um erro, foi um erro mantê-lo porque para sair devia ter saído no final da época passada. Mas despedi-lo a meio da época para fazer a vontade aos adeptos e à comunicação social, depois do “circo estar montado” foi um erro ainda maior. Que me desculpem a frontalidade, mas um erro ainda maior foi tentar remediar a situação com Peseiro. Nada tenho contra o homem que com certeza tem as suas qualidades e competências para a profissão mas para o FC Porto não chega. Em janeiro quando ainda não tínhamos novo treinador, escrevi claramente neste blog que para lutar por títulos apenas 3 nomes seriam apropriados, independentemente dos gostos pessoais ou embirrações de cada um. Não vindo nenhum desses 3 nomes, já eu na altura antevia grandes dificuldades para o resto da época. Muito abertamente, apenas resta uma solução: contratar um treinador para a próxima época e aconteça o que acontecer dar-lhe estabilidade, proteger-lhe, não deixar-lhe só perante os ataques da comunicação social, ou seja, estabilizar um projeto com cabeça, tronco e membros. Inventar novamente seria trágico, optar por uma solução lógica seria a solução com menos riscos, ainda que qualquer opção tenha riscos. Não parece que haja grandes alternativas sem inventar e que o novo treinador dificilmente pode não ser alguém que neste momento treina na Grécia.”
Pois, a mais delicada e polémica de todas as questões: o treinador! Não posso ser acusado de “acertar no totobola à 2ª-feira”, pois há mais de 7 meses já defendia que a hipótese para o cargo de treinador só podia ser uma. E só podia ser uma, porque as outras 2 estavam obviamente inacessíveis. E a escolha mais lógica, a que mais poderia unir os adeptos, aquela que menos riscos teóricos comportaria (o risco zero em futebol não existe…) e que ao mesmo tempo poderia criar também instabilidade nos rivais (como por exemplo, quando contratamos Mourinho e Robson, bons velhos tempos) chamava-se Marco Silva. Como posteriormente o próprio afirmou, não haveria qualquer obstáculo na sua saída da Grécia. Basicamente, o FC Porto escolhe livremente o seu destino, sem qualquer tipo de obstáculo pelo menos em relação a Marco Silva. Infelizmente, NES não fazia parte desse lote de 3 nomes que considerava em Abril serem os únicos com capacidade de darem a volta ao texto.
Perguntarão vocês e legitimamente, mas toda esta conversa de ir buscar arquivo de há 7 meses para quê? Qual a utilidade disso? Resumindo as coisas de um modo muito simples, porque os problemas são complexos e de difícil resolução, diria que:
Sem um bom treinador, nada se constrói e nada se ganha. Em 2002, após 3 anos muito maus em que muitos já pediam a cabeça do Presidente e da SAD, veio Mourinho e depois foi o que foi. De quem é a responsabilidade de escolher o treinador?!?!?!?!
Sem um grande ponta-de-lança é difícil ganhar um campeonato, mesmo tratando-se da fraca liga portuguesa, em que as equipas passam a maior parte do tempo animalescamente a defender. O problema não está em André Silva, que tem uma média de golos bastante apreciável dadas as circunstâncias. O problema é não haver um parceiro que tenha sido contratado com palmarés e créditos firmados, como por exemplo, Jonas, Bas Dost ou Mitroglu. De quem é a responsabilidade na escolha do plantel?
Conclusão: Com imensa pena minha, creio que NES não é solução para o FC Porto. Com imensa pena minha, creio que despedir NES a meio da época, levará a equipa a um fosso ainda maior. Ou seja, em toda e qualquer circunstância, o futuro não é risonho. A resposta à pergunta que titula este post, tem vários pontos de vista, sendo que alguns deles podem ser: não inventar na escolha de treinador e inventou-se (das dezenas de nomes, NES nem sequer era falado na CS). Contratar pelo menos uma alminha que tenha historial de golos que se apresente, não um jogador belga que não marcava assim no fraquíssimo campeonato belga. Como vamos sair do fundo em que novamente estamos? Assumindo as responsabilidades e consequências da escolha de um treinador que não caiu de paraquedas no Dragão, nem tomou o lugar de assalto. Haver coragem de quem tomou a decisão para levar a decisão até ao fim da época, altura em que TODOS terão de ser homenzinhos e assumir as suas responsabilidades, mesmo que tal implique sair sem “mamar” uma choruda indemnização. O fim das épocas é a altura ideal para se tomar este tipo de decisões. Pela milionésima vez digo, por mais assustadoras que estejam as coisa e estão (não marcar um golo que seja a chaves, tondela, belenenses, copenhaga e setúbal, é simplesmente assustador para mim enquanto Portista), sinceramente, começo a ficar farto das revoluções a meio da época não darem em nada. O cenário é neste momento simplesmente assustador!!!!
Fonte: https://bibo-porto-carago.blogspot.pt/2016/11/como-sair-disto.html?m=1