Georges Leekens é o selecionador da Argélia e conversou com O JOGO sobre o “novo” Brahimi: mais coletivo, confiante e determinado
A menos de duas semanas de o receber para, juntos, tentarem levar a Argélia ao título na Taça de África das Nações, Georges Leekens falou com O JOGO sobre a recente subida de forma de Brahimi. O selecionador explica-a com a recuperação da confiança por parte do avançado, a quem aconselhou várias vezes para não “fazer coisas estúpidas”. Agora, vê-o determinado a provar a todos o seu valor.
Como explica a súbita mudança de rendimento de Brahimi?
Acho que agora está mais confiante. Vi todos os jogos que ele fez, mesmo aqueles em que não jogou muito tempo, e fiquei muito satisfeito com as exibições dele. Já tinha notado isso quando defrontámos a Nigéria. Perdemos esse jogo, mas ele fez uma grande exibição. Foi uma grande injeção de confiança para ele, que é um jogador muito tecnicista e, ao mesmo tempo, muito sensível.
Foi só uma questão psicológica?
Não só, mas essa parte foi fundamental. Antes, quando não jogava muito no FC Porto, ele hesitava um pouco. Depois que começou a jogar, voltou a ser aquele Brahimi que os adeptos do FC Porto e da seleção da Argélia gostam. Fiquei muito satisfeito por ver que ele soube aproveitar a oportunidade que o Nuno [Espírito Santo] lhe deu.
“Disse a Brahimi para não ficar furioso e para não fazer coisas das quais se pudesse arrepender; coisas estúpidas”
Falou com ele durante o período em que ele não jogou?
Sim. Não sou daqueles treinadores que só falam com os jogadores quando eles estão bem…
E o que é que lhe transmitiu?
Tentei apenas transmitir-lhe o meu apoio. Disse-lhe para não ficar furioso e para não fazer coisas das quais se pudesse arrepender; coisas estúpidas. Para continuar a ser positivo, a ser profissional e para dar tudo nos treinos, porque a oportunidade dele acabaria por chegar novamente. E chegou. Mas não caiu do céu. De certeza que foi porque trabalhou. Quando um treinador confia em ti, tens de provar que tens valor. Sei que o Brahimi agora está feliz, a confiar mais nele e isso é bom. Às vezes tens períodos mais difíceis ao longo da carreira, mas acabas por sair mais forte dessas situações.
Como descreve o golo de calcanhar que ele marcou ao Leicester na Liga dos Campeões?
Foi como o do Madjer… [risos] O golo até nem foi o mais importante, mas sim a confiança que ele revelou naquele momento para desviar a bola de calcanhar. Quando ele veio pela última vez à seleção, vi que ele estava com “fome de bola” e que queria provar alguma coisa. Ele é um jogador de qualidade, mas precisa de confiança. Às vezes precisas de marcar um golo assim para acabar com as dúvidas e manter o pensamento positivo.
A disponibilidade para ajudar nas tarefas defensivas surpreendeu-o?
Se queres manter-te ao mais alto nível, tens de o fazer. Temos muitos bons jogadores, mas disse-lhe que precisávamos de jogadores de equipa e que a importância dele não era apenas quando tinha a bola nos pés. O processo defensivo começa nos jogadores mais atacantes, seja pressionando ou recuperando a bola, e ele tem feito esse trabalho. Normalmente um jogador tem a bola em seu poder um total de três minutos e é o que faz nos outros 87 que é muito importante. A forma como defendes, como te movimentas… Ele percebeu isso.