Candidato à presidência dos dragões visa política de contratações
André Villas-Boas voltou a criticar a política de contratações do FC Porto, desta feita com recurso aos casos dos jogadores que saíram a custo zero. Numa ação de campanha no algarve, o candidato à presidência dos dragões lembra os milhões que se perderam e diz o que deve mudar. Por outro lado, Villas-Boas deixou muitos elogios a Sérgio Conceição.
Contratações: “Eu acho que sobretudo tem a ver com maus investimentos e perda de rigor orçamental. Nós, apenas em alguns jogadores como o Mbemba, o Uribe, o Herrera, o Marcano, o Corona, Taremi, Brahimi, estamos a falar de investimentos de 55 milhões de euros que tiveram zero retorno. O FC Porto desde 2015, em receitas entre o contrato da Altice e vendas de jogadores, fez 1,3 mil milhões de euros. Se recuarmos ao início dos anos 2000, fez 3 mil milhões de euros em receitas e encontra-se em 2024 com uma dívida e um passivo de 500 milhões e com a sua situação limite. Tem de recorrer a antecipação de receitas para gerar fluxo de caixa para pagar salários aos jogadores. Podem interpretar como quiserem, esta é a realidade do FC Porto.”
Situação financeira: “Estamos em rotura financeira, fruto de uma má gestão financeira e dos recursos e ativos do clube. Evidentemente, toda uma nova direção, uma nova candidatura futura que tome posse pode errar em termos de contratação dos jogadores. O problema é o errar frequentemente na contratação dos jogadores, dispêndios absurdos. Desde 2018, onde vendemos cerca de 400 milhões de euros em jogadores, o FC Porto apenas encaixou, reduzindo todos os custos, 11 % desse valor. Comparados com 30 e tal por cento e 40 e tal por cento contra os rivais. Portanto, há aqui custos acumulados de comissões, de intermediações, há saídas a custo zero, há pouco rigor e pouca disciplina orçamental que nos levaram a este estado de declínio.”
Elogios a Sérgio Conceição: “Agora, nestes anos ganhamos três títulos, rompemos, sim senhora, com o pentacampeonato do Benfica, que era muito, muito, muito importante. Um momento histórico desde a chegada do Sérgio Conceição, um treinador que com a sua sagacidade e amor pelo FC Porto tem mantido e criado equipas competitivas que nos permitem lutar por títulos e estar sempre na Liga dos Campeões. Tem sido um grande obreiro destes resultados. O problema é que o declínio financeiro do FC Porto é cada vez mais evidente.”
Nova energia: “Rumo diferente da história que leva a este momento a portistas de olhos abertos, interessados e com vontade de mudança, fruto de todo este acumular de gestão que nos tem levado ao declínio. Portanto, tudo tem a ver com a falta de rigor orçamental, de disciplina, remunerações absurdas na administração, perdas de valor, saídas de jogadores a custo zero, pagamentos de salários elevados também, porque numa racionalização de custos tem que haver, evidentemente, controle e disciplina orçamental.”
Boa governança: “O futebol caminha no sentido da boa governança por conta também das obrigações que a UEFA impõe aos clubes. Mas não deviam ser essas obrigações que a UEFA impõe aos clubes a ditar a disciplina e o rigor orçamental. Devem ser medidas internas, específicas, que controlem o dispêndio absurdo e que metam o clube com orçamento sem perder a capacidade competitiva, mas que permitam a sua sustentabilidade futura.”
Direção desportiva: “Daí que é fundamental haver uma nova direção desportiva que sustente todo o projeto desportivo. É aí que não podemos falhar, porque é aí que vamos criar valor. Há muitos clubes de futebol que têm esta filosofia desportiva instalada, desde o Ajax ao Brugges, ao Barcelona, aos nossos próprios rivais, sustentada na formação que irá sustentar o clube e a sua viabilidade financeira para o futuro. Este é um processo de inversão que tem que ser dado e finalmente tem que ser posto fim a tudo isto.”
Casas: “No que toca ao que falamos relativamente às casas. Nós pusemos em programa eleitoral, que será um dos momentos de abril, onde iremos soltar finalmente para os sócios, para que os possam ler, uma iniciativa tão simples como as casas do FC Porto que se encontram num raio de 50 km, os pavilhões onde o FC Porto joga devem ter mais facilidade de acesso à bilhética. Para que elas tenham mais facilidade de acesso à bilhética, evidentemente, em primeiro lugar, o FC Porto tem que reter a bilhética e não distribuí-la como anda a fazer apenas em grupos organizados de adeptos. Tem que retê-la, dar às casas, para que as casas depois possam dinamizar as regiões e as localidades à volta deste espaço. Portanto, se o FC Porto vem jogar a Portimão, num raio de 50 km, quantas casas do FC Porto é que toca?
E, nesse caso, as mesmas devem ser privilegiadas em termos de acesso à bilhética para que possam distribuir e vender às pessoas que querem ver o FC Porto. Portanto, tudo com iniciativas simples, que têm muito a ver com falta de comunicação. Eu acho que o que ficou evidente e o que fica evidente aqui entre o FC Porto e as casas era a comunicação inexistente. E não havia preocupação por parte do FC Porto, tirando agora, de estar próximo das casas e de dinamizá -las de forma coerente. Portanto, isto é um conceito que é preciso mudar, que é preciso profissionalizar, não só do ponto de vista do associativismo, mas também do ponto de vista comercial. Para que as parcerias comerciais que o FC Porto estabelece saiam beneficiadas das casas também. E que daí sintam os associados das casas também vontade de se tornarem sócios do FC Porto.”