Candidato às eleições do FC Porto pela lista B quer aproveitar sinergias entre futebol e futsal
A exploração das sinergias entre futebol e futsal diferencia-se nos desígnios desportivos de André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto nas eleições de sábado, visando a médio prazo a criação de uma equipa sénior nas quadras.
“O que acontece é que, em determinados escalões, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) permite a partilha de licença. Se enriquecermos os plantéis com alguns atletas que comecem desde logo a especializar-se no futsal, podemos a médio prazo, quando estiver concluída a construção das infraestruturas, ter lançadas todas as bases formativas nessa vertente para chegarmos aos seniores com um verdadeiro sentido de pertença FC Porto”, referiu o ex-treinador da equipa de futebol azul e branca, em entrevista à agência Lusa.
A partir da próxima época, o programa da lista B deseja o desenvolvimento de jovens em paralelo no futebol e futsal até aos 12 anos, e o estudo para a implementação a solo dos escalões de sub-15 e sub-17, enquanto a entrada no patamar sénior evoluirá em função das obras do centro de alto rendimento para as equipas profissionais portistas, no Olival.
A empreitada vai incluir um pavilhão gimnodesportivo para as modalidades do FC Porto e deverá estar terminada até dezembro de 2026, opondo-se à academia na Maia proposta por Pinto da Costa, líder do clube desde 1982 e oponente eleitoral de André Villas-Boas.
“Como ainda não temos infraestrutura própria, parece-nos um erro estar a lançar o futsal demasiado cedo para andar com a casa às costas. Queremos dar passos mais seguros, planeados e coordenados para tomar a melhor decisão sobre essa modalidade: se é de imediata implementação, jogando em parceria em escalões mais baixos da formação, ou se o fazemos de forma progressiva até termos a nossa infraestrutura montada”, avaliou.
Esse dilema também incide no futebol feminino, cuja representação ‘azul e branca’ acaba atualmente nos sub-15, com o ex-técnico a desejar estendê-la aos dois escalões jovens cimeiros, além de “estudar as melhores opções no mercado” para lançar a equipa sénior em 2024/25, derradeira época da III Divisão como patamar mais baixo no plano nacional.
“Depende do investimento a que podemos estar sujeitos no início. Às vezes, as parcerias obrigam a fazer determinadas concessões. Terá de ser uma parceria que represente toda a filosofia e ADN do FC Porto. Como há dois cenários, é uma decisão que vamos tomar mais tarde, mas sempre em urgência, por conta do ‘timing’ e da tomada de posse”, disse.
O futebol feminino é uma das cinco áreas sob alçada da direção desportiva – função que vai ser atribuída ao antigo guarda-redes internacional espanhol Andoni Zubizarreta -, mas ainda não tem dirigente eleito por André Villas-Boas, tal como a prospeção e a formação.
“Se no ‘scouting’ há dois perfis identificados e estamos em contacto com essas pessoas, na formação provavelmente iremos ao mercado. Eu também quero sentar-me com o atual diretor da formação e perceber se ele se enquadra nesta cultura que queremos”, indicou.
Para 2025/26, estão previstos estudos para a eventualidade de fazer regressar o voleibol masculino, incluindo escalões jovens em cada género, e o atletismo, que vai ser de “fácil implementação em termos de espaço e custos, porque recai em infraestruturas utilizadas fora do âmbito externo do clube e há ainda possibilidades de parcerias com academias”.
Confiando o cargo de diretor-geral das modalidades a Mário Santos, antigo presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) e chefe da Missão lusa aos Jogos Olímpicos Londres2012, Villas-Boas, de 46 anos, afasta uma reativação do ciclismo a breve trecho.
“É uma modalidade apaixonante, que toca muito aos portugueses e com muita história no clube. Nesta fase, enquanto o FC Porto não limpar o seu bom nome, não temos intenção de regressar”, garantiu, aludindo ao envolvimento de ciclistas da extinta equipa W52-FC Porto na operação Prova Limpa, centrada no tráfico de substâncias e métodos proibidos.