Hossein Abdi treinou Taremi no Irão e hoje é técnico dos sub-17 dos persas. Curva-se à excelência da carreira do avançado do FC Porto, agora a desfalcar os dragões, e analisa o futuro do jogador
Hossein Abdi, de 56 anos, treinador dos sub-17 do Irão, que recentemente derrotaram o Brasil num Mundial da categoria, por 3-2, conhece bem Taremi pelos anos de trabalho no Persepolis, quando Abdi era adjunto de Ali Daei, e também numa fase em que assumiu o leme do histórico emblema de Teerão.
Presente na Taça da Ásia, a viver a época mais modesta no Dragão, também perto do final do seu contrato, o iraniano volta a ecoar como nome forte no mercado com um pretendente forte chamado Inter. “Atingiu já tudo no FC Porto, tornou-se um dos melhores avançados na Europa. Se ele fica no FC Porto ou se parte para outro clube ou liga importante não haverá diferenças. Mas acho que está numa altura de tomar uma decisão, pelo seu futuro. Se ele sente que pode fazer um melhor contrato com uma melhor equipa, deve ir. Mas se ele fica também sabe que não tem nada a perder, continuará a trilhar a sua história como um dos melhores em Portugal e um jogador de referência. Só tem de analisar o que acha melhor para ele. Se aceita outro desafio ou se fica. Não tenho dúvida que deixará em qualquer cenário toda a gente satisfeita com as suas performances”, precisa Abdi, conhecedor muito particular da personalidade por detrás do grande dianteiro dos dragões.
“Eu cheguei ao Persepolis quando ele já estava lá. Conheci bem toda a sua essência, percebi a sua confiança. É um ótimo rapaz, uma das nossas bandeiras futebolísticas. Sempre gostei da sua confiança com bola e técnica. Além disso era também forte fisicamente. E tinha o dom de marcar quando não contávamos, apanhava os opositores desprevenidos”, relata Hossein Abdi, histórico também como médio do Persepolis. O técnico lembra um período concreto de júbilo com elevado contributo de Taremi. “Na época 2014/15, eu tinha assumido a equipa em cima de um jogo contra o Al Nassr, da Arábia Saudita, da Champions Asiática. Era em nossa casa mas havíamos perdido fora por 3-0. Era a fase de grupos e precisávamos de ganhar para seguir em frente. Eu falei muito com Taremi, tivemos 120 mil pessoas no estádio. Ele esteve sempre confiante, foi um dos melhores em campo e resolveu o jogo de penálti. Nunca tremia”, valoriza.
“Portugal foi um grande destino, tomou uma grande opção. Trabalhou arduamente e logo chegou ao FC Porto, marcando o seu compromisso com a equipa. Renasceu e tornou-se um dos melhores avançados do mundo. Temos de agradecer muito ao FC Porto essa chance, tornou-se uma figura muito grande no Irão com estatuto de lenda. Estou muito feliz por ele, pelos seus progressos. Pode caber e marcar muitos golos em qualquer equipa europeia”, sustenta, recusando eleger entre Taremi e Ali Daei.
“Conta com muitos jogos de cartaz pelos clubes e pela seleção. É, de facto, um dos maiores da nossa história. Mas não posso comparar. Ali Daei foi grande no seu tempo, famoso por onde passou, Taremi igualmente. Atingiu as suas ambições. Taremi e Azmoun são as referências da atualidade, dá para ver como jogam nos clubes e seleção, constituem sempre um problema para qualquer adversário. Entendem-se facilmente, marcam muitos golos, estão sempre felizes ao jogar pelo Irão”, argumenta.
Chuteiras que mudaram carreira
Hossein Abdi tem mantido a ligação a Taremi, havendo cumplicidade entre os heróis do Irão e as seleções que germinam o futuro. “Ele é o ídolo dos nossos jovens, todos olham para o que faz, é uma lenda. E querem ser como ele no Irão, sonham ter o mesmo papel na seleção. Tenho uma história gira que remonta aos nossos encontros com a seleção principal. Pedi-lhe para falar com os meus jogadores e dar conselhos. Ele, com a sua boa personalidade, aceitou ajudar e teve uma ação muito curiosa com um jogador que era uma dúvida para o Mundial de sub-17. Estávamos na última fase para definir o grupo”, historia.
“Taremi passou por Abolzafi Moredi e disse que o queria ver no hotel. Eu geri o encontro porque o miúdo não imaginava o que ele queria, ficara surpreendido. Foi ter com o Taremi e recebeu um par de chuteiras autografadas. Isso mostra como Taremi pensa o futuro da seleção do Irão. O rapaz ficou em choque e dormiu com as chuteiras calçadas”, junta, expondo o impacto na carreira do atleta. “Posso dizer que de dúvida passou a escolha inicial e esteve no onze na vitória sobre o Brasil. Progrediu e é um dos nossos melhores sub-17. Um contacto de alguém como Taremi pode mudar tudo. Dá esperança e motivação aos mais jovens. Muito feliz por esse contributo que consegue dar.”