O Futebol Clube do Porto, como entidade pública de grande
significado e paixão de muita e boa gente, em Portugal e pelo mundo além, é o
grande clube desportivo identificado pelas cores azuis e brancas de sua
bandeira e dos equipamentos, das camisolas tradicionalmente de duas listas
azuis, da cor das veias azuladas que transportam o sangue de nosso corpo, sobre o
branco da alvura restante espalhada pelas medidas das camisolas, qual a pele
tecida da fibra que cobre o peito ilustre portista. Numa identidade que se une ao
distintivo emblema, o brasão sagrado e abençoado, mais o hino que faz entrar nos
ouvidos e chega ao coração o sentido melodioso de tal grande coletividade atlética e eclética.
Por isso mesmo, o Hino é algo identificativo e como tal mexe
com a sensibilidade relacionada com o mundo ligado a esse bem comum. Sendo como
tal de referir e homenagear quem teve a ditosa arte de o tornar belo,
enternecedor e forte, ao modo como FC Porto é especial, querido e poderoso. Havendo a
letra, do poema eloquente, sido escrita pelo escritor e dramaturgo Heitor
Campos Monteiro (que desde 1998 tem seu nome numa rua na freguesia de Paranhos,
no Porto e noutra em S. Mamede de Infesta-Matosinhos) e a música composta pelo maestro António Figueiredo e Melo.
António Figueiredo e Melo foi então o autor da música do
oficial Hino do FC Porto, em 1922. Não confundir com outro António Figueiredo e
Melo, o seu primo António Augusto Figueiredo e Melo que foi atleta e depois
Presidente do Futebol Clube do Porto (tendo presidido aos destinos do FC Porto
de 1931 a 1932).
António Figueiredo e Melo, nascido em Gouveia a 23 de agosto
de 1861, filho de António Figueiredo Melo e Rosalina de Jesus, foi sócio da
Associação da Classe dos Músicos Portugueses com admissão no Porto a 16 de
outubro de 1912. Tendo criado o Hino do FC Porto em 1922, quando tinha 61 anos.
Com efeito, António Figueiredo e Melo foi o autor da música do
Hino do FC Porto. Era regente da Banda do Asilo Profissional do Terço, na cidade
do Porto, quando pela primeira vez houve conhecimento público da sua composição
portista, ao tornar pública essa sua composição. Após haver composto a melodia
do canto heroico dedicado ao FC Porto, pela primeira vez executada publicamente
pela mesma Banda que dirigia, então. Tendo o hino do FC Porto sido criado em
1922, mas desde então ficado quase esquecido, até que na década de cinquenta
foi reavivado, sendo gravado em disco de vinil ao correr de 1952, interpretado
na voz da cantora Maria Amélia Canossa, que o preparou para a inauguração do
estádio do Antas.
António Figueiredo e Melo faleceu em 1939 – como foi e está
referido na História do FC Porto publicada por Rodrigues Teles, em seu volume 1º.
É de acrescentar que, depois da gravação original de 1952, o mesmo hino foi mais tarde regravado
num novo disco em 1970, no tempo da presidência de Afonso Pinto de Magalhães,
com a voz original de Maria Amélia Canossa e harmonização e instrumentação de Carlos
Dias, tocado pela Grande Orquestra Ligeira dirigida pelo mesmo Carlos Dias
(junto com a declamação do poema Aleluia, de Pedro Homem de Melo, recitado por
Manuel Lereno). Bem como, esse mesmo eterno e oficial Hino do FC Porto, entretanto
teve algumas versões momentâneas: como por exemplo numa atuação num canal de
televisão em versão de rock pelo conjunto dos Blind Zero, a acompanhar o seu vocalista
Miguel Guedes; e ainda a interpretação à cappella pela cantora de feição folclórica alto-beirã Isabel Silvestre, esta na inauguração do estádio do Dragão. Além de haver uma
regravação da versão clássica, tocada pela Orquestra Sinfónica de Londres e
novamente com a voz de Maria Amélia Canossa. Tendo também no início da presidência
de Jorge Nuno Pinto da Costa havido uma tentativa de novo hino, diferente, numa
cantiga encomendada para incluir o nome “dragão” no poema, com letra de Tavares
Teles e música de Tozé Brito, mas que não vingou (esse falso hino, que chegou a
ser gravado mesmo em 1985 com o nome incorreto de hino – como foi já lembrado e
está anotado aqui neste blogue, em anterior artigo).
António Figueiredo e Melo, autor da música do Hino oficial
do FC Porto, a peça musical de celebração mística do FC Porto, é assim, para o
universo portista, um dos «que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando»!
Armando Pinto
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Este artigo foi originalmente publicado neste site