Num vislumbre pela estante de livros diversos, aqui em casa,
por vezes os olhos calham de reparar nalgum que há muito foi lido mas continua
a merecer apreço e representa um olhar sobre o interesse pelo desporto-rei,
facto e fenómeno natural interessante porque é algo que leva a existir o
Portismo que apaixona o sentimento. Neste caso, entre livros clássicos sobre o
futebol… em tons romanceados. Tal qual existe um livro em romance sobre “Pedroto”,
de Irene de Almeida, publicado em 1957 e que também é peça mui estimada aqui na
biblioteca pessoal; tal como por exemplo o livro “Números e Nomes do Futebol
Português”, da autoria de Ricardo Ornelas, editado em 1950 (livros entretanto já aqui referenciados anteriormente). Ou seja para lá dos
historiadores sobre algo relacionado com FC Porto, também, os meramente
genéricos, mas de cariz alargado e explicativo de visões particulares ou mesmo artifícios
subjacentes. Como é o caso do livro intitulado “FUTEBOL romance”, de Hugo
Rocha, de 1957.
Que se explica pela nota de abertura que o autor da obra se
apressou a deixar aos leitores:
«Àqueles com quem, outrora, joguei à bola, tanto aos que
assinalaram o seu nome na história do futebol em Portugal como aos que não
deixaram rasto, como eu, da sua passagem pelos terrenos de jogo – esta história
dum caso fictício que talvez se assemelhe a alguns casos reais.»
Pois esse livro acaba, afinal, por relatar em modo de
romance o que era o panorama do futebol português pelos anos cinquenta, pelo
menos, em Portugal. Tendo sido publicado em 1957, durante fase assanhada do
Estado Novo, entenda-se. Um livro em que o seu autor, o então jornalista e
escritor Hugo Rocha, apesar de natural da cidade do Porto, mas com ligações ao
então Ultramar Português, não expõe demasiado, obviamente, algumas verdades,
mas as deixa subentendidas. E como era esse um tempo de censura política e no
regime vigorava a também ditadura político-desportiva das presidências
federativas de Lisboa (sistema BSB), ele colocou em destaque apenas nomes e
figuras de Benfica e Sporting, com relatos meio encobertos sobre situações em
que entrava o FC Porto como jogando por fora… embora tocando em certas manobras
de bastidores, ainda que ao de leve… como ao tempo era possível, e assim tinha
de ser. Enfim, o que se sabe.
Armando Pinto
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