Mais um livro que figura na biblioteca pessoal do autor
destas linhas, desta vez um livrinho pequeno e de índole diferente, mas com a
chancela oficial do FC Porto. “O Dicionário Língua Portuguesa Futebol Clube do
Porto”, publicado em 2010 pela Porto Editora (que também publicou então outros idênticos
mas com os nomes de Benfica e Sporting). Em cuja SINOPSE, deste livrinho de
bolso, o “Dicionário Futebol Clube do Porto” é apresentado como “DICIONÁRIO DO
PORTO”, publicado «em parceria com o Futebol Clube do Porto». Sendo que «Este
dicionário, produto oficial licenciado, contempla as novas regras do Acordo
Ortográfico e proporciona aos adeptos, sócios e desportistas do Porto uma obra
de referência para o dia a dia. Exprimir-se corretamente em português será, a
partir de agora, uma prova de amor à camisola.» Ou seja, podendo funcionar como
um auxiliar de consulta, no caso quando se escreve algo sobre o FC Porto,
porque quanto a escrever mal já basta o que aparece sobre o grande FC Porto em
publicações afetas aos adversários. Ah… E é cada confusão entre q e k, há e á, mesmo até ao acento em à… Enfim!
Está pois na estante pessoal, também, este útil meio
linguístico, com a atualização da escrita da língua portuguesa sob as normas do
acordo ortográfico vigente e com o qual se escreve agora corretamente em
português. Com o qual também eu até concordo, ou dizendo de outro modo, por acaso nem
estou em desacordo, especialmente porque não gostava de ter de se escrever,
como antes acontecia, com letras que não se podiam ler. E não fiquei agarrado à
antiga forma de escrita, mesmo por saber que ao longo dos tempos a língua portuguesa
já teve diversas e sucessivas alterações na sua grafia, naturalmente com ideia
de melhoria gráfica e de entendimento.
Ainda há tempos li algures um comentário, com o qual
concordo plenamente, que se exprimia mais ou menos assim:
As línguas e a sua escrita são vivas e não um conjunto
ancestral de regras imutáveis ao longo dos séculos. Se assim fosse, era correto
escrever no presente, por exemplo, “pharmacia”, tal era a antiga forma escrita de farmácia, e
muitas outras palavras como se escreviam no início do século passado. Assim
como até ao acordo se escrevia “baptismo” para se ler “batismo”. Etc. e tal. Continuando ainda a escrever-se outras como se liam e continuam a ler, quão por exemplo facto (ocorrência) e fato (vestuário), contrariamente ao que por vezes se ouve. Considere-se pois que o desafio para a língua portuguesa é manter a sua unidade como língua nos
países hoje conhecidos como países de língua portuguesa, sem que a língua
escrita em Portugal perca posição. Tal qual não se vislumbra nenhum benefício
futuro em tomar uma posição que isole a língua portuguesa como dialeto falado
por cerca de 10 milhões, permitindo que a língua brasileira conquiste o
estatuto autónomo da sua língua e a língua portuguesa perca significado pelo
reduzido número de falantes. Como tal é mais que evidente dever considerar-se
que o futuro da nossa língua está mais ameaçado pela crescente fraca qualidade
média no modo como se fala e escreve, do que por qualquer acordo ortográfico que
alguns teimam em desacordar.
Assim sendo, tem pleno cabimento esse livrinho publicado em
2010 e que, como tem alusão de afinidade ao FC Porto na sua conceção, fica
também bem aqui na biblioteca pessoal e particular.
Armando Pinto
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