A 23 de outubro de 1977, um bom domingo de outono, estava um
dia de sol aberto, nessa tarde soalheira (curiosamente como hoje, aqui, onde
e quando são escritas estas anotações recordatórias), quando em pleno estádio
das Antas o FC Porto recebia o Sporting para mais um jogo do Campeonato
Nacional de futebol maior, em maré de forte esperança pela prova que a equipa
portista estava a demonstrar.
Por acaso nesse dia não fui às Antas. Estando casado ainda
de fresco, aproveitei para dar um passeio numa caminhada serena, a usufruir da
amena temperatura e ambiente panorâmico de cores, na roupagem da natureza
outonal. Muito bem acompanhado em tudo. Mas levava comigo um transístor (pequeno rádio portátil como se usava
e que ainda tenho guardado), enquanto com ele ligado fui acompanhando o relato do jogo.
E logo para ficar mais bem-disposto, ainda, cedo o Porto começou a ganhar!
Então o FC Porto continuou a boa caminhada que em campo ia
sucedendo, para finalmente podermos chegar ao título nacional há tantos anos
esperado e assim acabar com o sentido jejum que durava a passar de 18 anos, indo já em 19. E o Porto venceu o Sporting, por 3-0, nessa tarde, concludentemente,
com uma perna às costas, por assim dizer. Ia o campeonato na sexta jornada «do
mais épico dos campeonatos». Tendo Octávio Machado feito o primeiro e segundo
golos, só precisando de pouco mais que um quarto de hora de jogo para abrir o
resultado e outro tanto para bisar, bem como depois Duda fechou o resultado no
início da segunda parte. Derrotando o Sporting que até tinha uma frente de
ataque composta por Manuel Fernandes e Jordão, cuja dupla afinal nunca causou
calafrios nessa tarde a Fonseca, Gabriel, Freitas, Simões, Murça e Rodolfo – os
pupilos de Pedroto na retaguarda. Ficava assim mais perto o objetivo, juntando-se
mais espirais de fé na obtenção do título que escapava há quase duas décadas de
anos. E, mais tarde, já na transição da Primavera para o Verão, viria a ser
conquistado esse Campeonato pela diferença de 15 golos, pois que o Benfica somou
os mesmos 51 pontos, menos 25 golos marcados e dez sofridos. Numa conta em que
Fernando Gomes teve saliência, sagrando-se então pela segunda vez o melhor
marcador da prova.
Ilustrando isso tudo, evoca-se a recordação através de
respigos de duas publicações da época, cujas capas se intercalam entre a
narrativa e imagens das crónicas respetivas.
Foi então, felizmente, essa uma boa época, em suma, quer pessoal
como portísticamente. Então não é que, nessa temporada, além de finalmente ter
visto e sentido finalmente o FC Porto ser Campeão Nacional de futebol, também de
seguida, já no Verão, em 1978, veio a nascer o meu filho! E curiosamente – soube muito
mais tarde, mas felizmente bem a tempo de tudo – ainda em 1977 e dias antes desse Porto-Sporting, nascera também o
que veio a ser e é o atual Mui Digno Presidente do FC Porto!
Armando Pinto
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Este artigo foi originalmente publicado neste site