Na pertinência da efeméride dum acontecimento passado no dia 5 de janeiro, quão ocorreu em tempos recuados da primeira metade dos anos 60, no século XX, vem a calhar uma lembrança que merece ser presente, entre memórias algo
esquecidas ou pelo menos pouco lembradas. Daqueles tempos que no atual Museu FC
Porto By BMG integram o período do “Azul ao fundo do túnel” (da era do sistema BSB), embora sem estarem devidamente relembradas em maior quantidade e variedade, para maior conhecimento das gerações sucessivas. Sendo esse realmente um
tempo de escuridão, mas que não pode ficar recôndito das lembranças de sempre.
= Uma equipa do FC Porto desse tempo (não propriamente a do jogo FC Porto-Sporting
de 1964, na sua totalidade, diferindo num jogador, mas uma das que alinharam
durante essa época futebolística de 1963/1964.
A partir da esquerda: em cima – Atraca, Pinto, Festa, Paula,
Almeida e Américo; em baixo – Carlos Duarte, Jaime, Valdir, Romeu e Nóbrega.
Destes, no jogo FC Porto-Sporting de 5 de janeiro de 1964 não
jogou Carlos Duarte e jogou Hernâni.
Assim sendo, rememora-se: A 5 de janeiro de 1964 o FC Porto defrontou no estádio das
Antas o Sporting, em jogo a contar para o Campeonato da 1ª Divisão Nacional da
época de 1963/1964, prova que ia na 12ª jornada. Sendo esse um importante
desafio, visto a equipa portista estar então a fazer um bom campeonato, com uma
prestação entusiasmante para as aspirações da massa adepta azul e branca.
Com a expetativa que o jogo era esperado, a atenção pública teve acréscimo de reportagens sobre os treinos da equipa azul-branca, algo não muito comum para o tempo. Como registou a máquina fotográfica do repórter do jornal O Porto, captando um aspeto visual duma das sessões de apronto.
Acrescia também ao tempo um forte sentimento de desagravo, que
pairava nas hostes portistas, perante o que havia sucedido em jogos anteriores
entre os mesmos contendores, no Porto. Havendo memória fresca da equipa portista ter sido
prejudicada pelas arbitragens dos jogos realizados no estádio das Antas com o clube de Alvalade nas
épocas até aí ainda recentes. Mais feridas sentidas pela arrogância da reação dos
jogadores, responsáveis e adeptos sportinguistas ante as reclamações.
= Ficha do Jogo e constituição das equipas – de página do
livro “Rememorando – Resumo estatístico dos jogos entre o F. C. P. e Sporting
de 1933 a 1970” (“Compilação e Composição de Eduardo Pereira Araújo”).
Diante desse cenário, na soma às naturais dificuldades entre
dois contendores similares, era então deveras importante tal prélio. Que,
curiosamente contra a corrente do jogo, teve primeiro golo para o lado dos
verde-brancos, seguido de pronta resposta do lado azul-branco com um golo que,
na linha do que vinha acontecendo, foi injustamente anulado… Porém, cerrando os
dentes contra as arbitrariedades e fazendo das tripas coração contra os
adversários, os homens da camisola azul e branca conseguiram superar tudo e
deram a volta ao resultado, fazendo a reviravolta com golos de Jaime e Nóbrega,
a culminar uma brilhante exibição de toda a equipa portista.
Assim, como testemunho escrito de todo esse panorama vivido pela
numerosa e vibrante assistência na tarde desse domingo, no estádio das Antas, o
jornal O Porto fixou em sua edição seguinte um quadro real do desenrolar do
jogo em apreço, terminado com a brilhante vitória do FC Porto por 2-1.
Armando Pinto
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