Efeméride do falecimento de Joaquim Vidal Pinheiro (1892-1918) tombado na Batalha de La Lys – um portista e português incluído no livro “Foot-ballers al frente – storie di calciatori (e di un tifoso) nella grande guerra”
No dia 9 de Abril de 1918 o Tenente de Artilharia Joaquim Vidal Pinheiro, histórico jogador de futebol do FC Porto, tombou em combate nas trincheiras da Flandres, já perto do final da primeira guerra mundial, em plena batalha de 9 de abril em La Lys (França), integrado no Corpo Expedicionário Português. Vidal Pinheiro, que estava já no quadro de honra dos vencedores da Taça José Monteiro da Costa pelo FC Porto, passou depois também a integrar o quadro de honra dos desportistas e sócios o FC Porto falecidos na Grande Guerra, colocado no antigo Museu do FC Porto. E, muitos anos mais tarde, foi incluído no livro sobre homens do futebol mortos durante a 1ª Grande Guerra Mundial – livro italiano intitulado “Foot-ballers al frente – storie di calciatori (e di un tifoso) nella grande guerra”, no qual há um capítulo sobre ele, pela fonte bibliográfica do blogue “Memória Portista”.
Com efeito, ficou na memória histórica o recontro da célebre Batalha de La Lys. Uma das tristes páginas do grosso historial da I Grande Guerra Mundial, com o CEP-Corpo Expedicionário Português como interveniente, martirizado nas trincheiras e por fim no campo de batalha, como é dos livros pelo menos. E nessa grande razia mundial também o Futebol Clube do Porto teve heróis. Salientando-se em tal epopeia sangrenta da Primeira Guerra Mundial esse então jovem Joaquim Vidal Pinheiro, ao tempo reconhecido jogador de futebol, tendo antes até ajudado a conquistar para o FC Porto a Taça José Monteiro da Costa, o primeiro título da história do clube azul e branco da Invicta.
Curiosamente esse herói foi atingido e tombou em combate quando fazia sete anos que, em 1911, alinhara no jogo em que o FC Porto conquistou aquela Taça José Monteiro da Costa, ao bater o Leixões na última jornada dessa prova, a 9 de abril daquele ano seguinte à implantação da República em Portugal.
Vidal Pinheiro como militar foi Tenente de Artilharia, e fora mobilizado para a frente na 1ª Guerra, e consequentemente viria a ser uma das vítimas mortais da Batalha de La Lys, entre as baixas no exército portugês provocadas em massa pelo bombardeamento dos alemães.
A notícia da sua morte seria conhecida em Portugal em Maio. Quando saíra do Porto rumo à expedição militar, os seus companheiros de equipa, ao despedirem-se do bravo oficial do exército para que tantas vitórias contribuiu, prometeram ao capitão de equipa, Vidal Pinheiro, que depois à sua chegada como herói, haveriam todos de dar grande festa em sua honra. O destino, implacável, frustrara a promessa. E quando, por fim, no campo surgiu o jornal com a notícia, fria, chocante, da sua morte, todos os que por cá ficaram, sofrendo também, verteram lágrimas de saudade e comoção. E nem o facto de ter «morrido ao serviço da Pátria» calou alguns desabafos de revolta. (Conforme foi narrado por Rodrigues Teles, na sua História do FC Porto.)
Dele ficou a constar no Memorial aos Mortos da Grande Guerra: Nome – Joaquim Vidal Pinheiro
Naturalidade – Bonfim, Porto
Posto – Tenente
Unidade – 1º Grupo de Baterias de Artilharia, Regimento de Obuses de Campanha
Ramo Forças Armadas – Exército
Teatro de Operações – França
Causa da morte – Combate
Data da morte – 9 de Abril de 1918
Local de sepultura – França, Cemitério Militar de Vieielle Chapelle
Circunstâncias da morte: Na batalha de 9 de Abril, ficou gravemente ferido e gaseado, quando se dirigia para a posição da sua bateria, pelo tremendo bombardeamento com que os alemães iniciaram a ofensiva. Retirado do local por uma ambulância inglesa nela faleceu horas depois.
Tendo sido sepultado inicialmente em França, como tantos compatriotas, no Cemitério militar de Vieielle Chapelle, mais tarde, em 1921, foi seu corpo transladado para o Porto.
Repousa em seu túmulo no Cemitério do Prado do Repouso, na Cidade do Porto (como neste blogue está registado em anterior artigo, sob título “Périplo por onde jaz Gente do FC Porto…”).
Entre honras devidas, a Câmara Municipal do Porto atribuiu seu nome a uma rua na freguesia de Campanhã.
Antes, ainda no princípio desse ano de 1918, a 2 de janeiro, «a Assembleia-geral do FC Porto aprovara massivamente a criação e implementação de um Quadro de Honra na sua sede, em homenagem aos associados mártires da Primeira Guerra Mundial». (Ainda antes do falecimento do popular futebolista Vidal Pinheiro). Pois, já então o FC Porto tinha perdido “mais de duas dezenas” de sócios nos campos de batalha. Tendo depois o nome do Tenente Joaquim Vidal Pinheiro sido incluído, naturalmente acrescentado, como outros mortos mais entretanto.
A propósito desta efeméride e sua envolvência, acrescente-se que anteriores crónicas relativas ao tema, neste cantinho de memória portista, tiveram certo eco até bem distante, havendo sido motivo do caso do referido heroi-mártir do FC Porto na Grande Guerra de 1914-1918 ter constado num livro publicado em Itália. Volume esse de que se junta de seguida imagem da própria capa.
Com efeito, no final do ano de 2015, mais precisamente em novembro, quando perfazia sensivelmente um século da entrada da Itália na I Grande Guerra, foi dado à estampa em Itália um livro sobre a ligação do futebol à memória dessa guerra mundial travada nas valas de terrenos entrincheirados da Europa. Tratando-se de um bom trabalho histórico-literário a memorizar tão importante protagonismo no curso da humanidade, mais particularmente com histórias de jovens, ao tempo, que então passaram dos campos de futebol para as trincheiras da Grande Guerra. Através de cuja paixão pelo jogo da bola, o futebol regressou vivo, graças à força bélica de homens atléticos. Entre atletas que também não puderam voltar, permanecendo contudo a sua memória.
Um livro, esse, sobre os jogadores que participaram na Primeira Guerra Mundial, contendo um capítulo referente a Joaquim Vidal Pinheiro, um dos homens que vestiram a camisola do F C Porto e foram chamados ao Corpo Expedicionário Português que rumou aos campos de batalha onde se travaram as lutas dessa guerra. Tendo ali morrido no campo de batalha. Enquanto os outros representantes do F C Porto regressaram, como felizmente aconteceu com Floriano Pereira e Harrison. Havendo depois o corpo de Vidal Pinheiro regressado, enfim, aquando da vinda também do corpo do soldado desconhecido, para a homenagem honorífica com que ficou perenemente imortalizado o Peito Lusit
ano.
= Imagem da Contra-capa =
Esse volume historiador é efetivamente um livro italiano com histórias de futebolistas tornados heróis na 1ª Grande Guerra mundial, obra da autoria de Giorgio “Acerbis” Ciriachi, em publicação da editora Urbone Publishing, sob título e subtítulo “Foot-ballers al frente – storie di calciatori (e di un tifoso) nella grande guerra”. (Traduzindo:) “Futebolistas na Frente / histórias de jogadores (e de um apoiante) na Grande Guerra”.
De particular atenção, mencionamos o facto por então, depois de ter sido pedida autorização ao autor, na respetiva publicação haver ligação dum curioso pormenor: No livro, que de Portugal refere a representatividade do F C Porto, é feita menção ao blogue Memória Portista na parte da “Bibliografia”. Bem como, na página dos agradecimentos (“Ringraziamenti”), tem referência ao autor deste blogue, por «…senza di lui il capitolo su Joaquim Vidal Pinheiro non avrebbe mai visto la luce…» («…sem ele o capítulo sobre Joaquim Vidal Pinheiro nunca veria a luz»).
É sempre um orgulho quando podemos dignificar o nome e representatividade do F C Porto, como neste caso e àquele nível. Sendo um livro, este, que honra o F C Porto, o desporto português e a memória portista e portuguesa. Como, de todo o modo, pese o contraste, é também honroso o FC Porto estar ligado à heroicidade de representantes seus em serviço da Pátria, como foi no caso de Joaquim Vidal Pinheiro e outros. Com orgulho de isso ser reconhecido além-fronteiras.