Na noção pessoal que as mulheres mais bonitas são as que
gostam de nós e do que mais gostamos, pode juntar-se ao caso as que são
portistas. E entre essas naturalmente há apreço pelas conhecidas, ditas
famosas, que quando se sabe serem portistas ganham mais simpatia pessoal. Não
há como dar a volta, é a verdade. Assim como minha mãe nem ligava praticamente
nada ao desporto mas gostava que o Porto ganhasse, por saber que era o que eu
queria… bem como minha avozinha Júlia (que ficou paralítica por “ataque” sofrido
quando me tinha a seu colo, tinha eu ainda poucos meses) e depois de sua cama me embalou puxando meu berço e
com ela cresci a ouvir contar-me histórias, ela até sabia a que horas eu queria
ouvir os relatos do Porto no rádio da sua mesinha de cabeceira… tal como a
minha esposa antes nem dava grande atenção mas passou depois a dar… e minha
filha sempre se sentiu ligada ao que eu gostava e gosto. Também assim quando eu
sei que alguma das mulheres são portistas passo a ser mais fã delas em seu mister,
mais no que as tornou famosas. Tal o caso, desde há muitos anos, de uma cantora
de linda voz, que sempre gostei de ouvir cantar e mais apreciava ainda por ser
portista – a cantora Florência.
Ora, faleceu hoje essa mesma Florência. Cançonetista de
música ligeira, de voz timbrada. Que eu só conhecia de a ouvir cantar em discos
e pelo som de rádio e televisão, mas qua gostava de ouvir e ver, achando-a bonita
de voz também. Linda mulher nascida em 1938 e falecida agora em 2025, neste dia
18 de julho. Lembrando-me de ela ser uma das vozes nortenhas que davam vida a poemas de grandes autores de letras de canções, cá do Norte também, como o famoso José Guimarães (irmão de um colaborador do jornal O Porto, Alberto Guimarães).
Sobre ela, a Florência de voz alegre, lê-se num belo texto que circula na internet:
«Partiu Florência, uma das vozes mais singulares da música
portuguesa, que atravessou décadas com a mesma entrega com que começou a cantar
aos 13 anos. Da voz clara que deu vida à “Moda da Amora Negra”, “João do Mar”, “São
João Rapioqueiro”, “Não Me Chames Amor” ou a inesquecível “Rosa
Branca”, Florência foi presença viva nos palcos, na rádio, na televisão e
no coração de quem a ouviu.
Filha do Norte, cedo partiu para o Brasil, onde brilhou na
rádio e na televisão. De regresso a Portugal, encheu de alma os palcos dos
casinos de Estoril, Espinho e Póvoa, somou êxitos discográficos, conquistou
prémios e emocionou plateias em festivais nacionais e internacionais. Com o marido, Domingos Parker, criou o Rádio Clube de
Matosinhos. Amada no palco da revista e admirada nas comunidades portuguesas
além-fronteiras, Florência deixou gravado um legado notável: mais de 60 discos,
inúmeros espetáculos, e a certeza de que se pode cantar o país com
autenticidade. Vivia, desde 2023, na Casa do Artista, onde continuava a ser
acarinhada por colegas, familiares e amigos.
Hoje, calou-se a voz, mas permanece a memória viva de uma
mulher que cantou com uma emoção irrepetível, que foi timbre de uma época,
rosto de uma força tranquila e presença que ficará para sempre na banda sonora de
várias gerações.»
Sobre ela e seu percurso, vem agora a propósito evocar sua
carreira através duma entrevista publicada em 1979 na revista Desportiva “Chuto”,
quando juntava a seu palmarés das canções também a entrada no mundo do teatro
de revista. Percebendo-se bem o porquê dessa entrevista ser integrada numa revista desportiva, lendo até ao fim a mesma reportagem.
Descanse em paz, Florência!
Armando Pinto
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Este artigo foi originalmente publicado neste site