A 8 de abril da Primavera de 1987, o Estádio das Antas viveu uma noite europeia de glória e grande esperança, embora no final com certo receio fatalista, quando jogou em casa com o “Dynamo Kiev” e venceu por 2-1, depois de ter chegado a ter vantagem de 2-0. No célebre encontro da 1.ª mão da meia-final da Taça dos Campeões Europeus de futebol da época de 1986/87.
Então o clube das Antas recebeu pela
primeira vez um duelo das meias-finais da Liga dos Campeões, ao tempo ainda chamada Taça dos Clubes Campeões Europeus. Perante grande moldura humana com o coração a bater forte, tal como fortes foram os aplusos aos dois golos obtidos pelos jogadores do Porto. Depois surgiu o golo da equipa da cidade que ao tempo pertencia à Rússia. Ficando no ar a dúvida, misturada com esoarança, que passados dias, no jogo da 2.ª mão, se transformariam numa grande alegria.
Estava o FC Porto a passar uma das suas melhores fases históricas, depois de anos de espera calma. Pinto da Costa havia passado a presidente em 1982 e desde aí só em 1984 o FC Porto conseguira uma Taça de Portugal e uma ida à final europeia da Taça das Taças, contudo a medo e sem força para suplantar os jogos de bastidores, que levaram ao que se passou diante da Juventus. E depois, por fim, em 1985, conseguiu enfim ganhar o Campeonato Nacional. Facto que repetiu na época seguinte e o título Nacional de 1986 deu direito a nova participação na maior prova europeia, então com muito melhores resultados. Tendo decorrido uma campanha europeia entusiástica para as hostes portistas, até que nas meias finais um dos dois jogos europeus teve lugar nas Antas. Algo inédito e histórico.
Então… Um “slalom” de Futre
e uma grande penalidade convertida por André ajudaram a travar o todo-poderoso
Dínamo de Kiev, nesse jogo terminado com o resultado de 2-1, mas o público ficou indeciso, pela margem mínima verificada, nesse tempo em que um golo marcado fora valia a dobrar em caso de empate no agregado dos jogos. E mesmo Artur Jorge não ficou satisfeito com o resultado e desde aí traçou o objetivo de marcar mais golos na segunda mão. (Os desejos do treinador
foram ordens e, duas semanas depois, os remates certeiros de Celso e Gomes
carimbaram o passaporte para Viena.)
Estava-se então a 8 de Abril de 1987 – ainda os meses se escreviam com maiúscula na letra inicial…muito antes do acordo que alterou tudo, mas agora não adianta, é ir buscar e rematar com as coisas como estão.
Dessa noite europeia memorável, além das sensações que ainda estão presentes na retina da memória, ficou bem guardado o bilhete da entrada, de quando o FC Porto venceu o Dínamo de Kiev por 2-1 na primeira mão das meias-finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Conforme se reproduz a frente e o verso do mesmo “ingresso” de sócio (ao tempo de Bancada Superior) – com anotações manuscritas sobre tal vitória por 2-1, com golos de André e Futre (mais o que acresceu depois através de nova vitória em Kiev, materializada por golos de Celso e Gomes). Qual “passaporte” para a final de Viena.
Isso no jogo de “cá” com o então campeão Russo – pois que “lá” voltou a ser repetida a dose – como está bem gravado na memória de todos os bons Portistas.
Muito tempo se passou e tanta coisa também, inclusive com a separação dessa antiga União Soviética e agora com a invasão da Rússia à Ucrânia. Sendo pois Kiev algo que transporta tempo e memória, mais sensibilidades afins a tudo o que é subjacente. Vindo isso acima agora, também, na passagem da efeméride desse primeiro jogo disputado com o Dínamo de Kiev em 1987. Jogo inesquecível que aqui o autor destas lembranças também viu e sentiu de corpo e alma presente no estádio das Antas.
Armando Pinto
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