Recuando no tempo, entre lembranças memorandas de tempos
idos, no último domingo de agosto de 1962 o FC Porto conquistava no norte peninsular,
entrando pelo território espanhol em plena Galiza, o então afamado Torneio de
Pontevedra com o trofeu Luis Otero em disputa. Um dos torneios internacionais que
ao tempo se realizavam na fase de pré-época do futebol. Culminado perante
brilhante triunfo da equipa principal do futebol portista nesse tempo ainda de preparação
para a época que se avizinhava (e, volvidos dois anos, em nova participação azul e branca no mesmo torneio, isso se desenrolou também quando se aproximava a eliminatória com o Lyon de França, para a Taça das Taças, que ficou nos anais históricos com a primeira vitória portista em provas europeias oficiais).
Ocorreu a referida primeira conquista então no último domingo de agosto,
que em 1962 calhou a 26 desse mês estival. Vindo assim a talhe essa lembrança
agora, à chegada e passagem do último domingo do mês de agosto em 2022, embora
este ano calhe neste dia 28, a fazer lembrar o dia santificado de inícios
dos idílicos anos sessenta.
Na calha desta remembrança e porque, depois da vitória em
1962, o FC Porto voltou a repetir tal pecúlio em 1964 com segunda vitória no
mesmo torneio, trazendo segundo trofeu com o mesmo nome para ao Porto agosto, junta-se nesta evocação as duas
edições em que o FC Portot saiu vitorioso em terras de Nuestros Hermanos.
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Atualmente o chamado defeso do futebol, no período de preparação para a pré-época dos campeonatos do desporto rei, ressalta a situação das transformações dos planteis das equipas e inerentess interesses de grandes somas envolvidas, em plena fase conhecida por mercado de transferências. Enquanto noutros tempos, em que até as provas oficiais começavam mais tarde, o panorama era diferente, sendo tempo ainda de realização de jogos particulares de prepração, incluindo participações em torneios de grande monta. Realizando-se então torneios famosos que eram possíveis por não existirem ainda pré-eliminatórias de acesso às competições europeias, nem os campeonatos nacionais começarem em pleno período de verão, havendo inclusive férias grandes, como era chamado a tal período de veraneio alongado.
Fazendo um enquadramento histórico, recorde-se que enquanto pelos idos de quarenta e inícios de cinquenta, do século XX, ainda não existiam provas internacionais oficializadas, foram decorrendo jogos de permutas entre equipas de diversos países, tendo o FC Porto tido jogos famosos com receções vitoriosas diante do Vasco da Gama do Brasil, Arsenal de Londres, Portuguesa do Rio, Fluminense, o Real Madrid, Vazas, Valência, etc, cuja repercussão se refletia em tais momentos terem sido distinguidos com publicações de coloridas separatas de publicações da especialidade, à época, em género de “posters” médios ilustrados. Gravuras essas que se viam nesse tempo, como embelezamento, por exemplo, coladas ou pregadas a forrarem tapamentos de locais públicos, quais divisórias de tábuas de madeira em tascas e similares estabelecimentos de comes e bebes nessas eras, quando não em quadros emoldurados a decorarem lojas de comidas e casas de pasto, como em tempos idos se chamava aos restaurantes tradicionais de aspeto singelo ou clássico, respetivamente. Para depois, quando começaram as provas europeias oficiais, iniciadas a partir do Outono, os períodos de verão antecedente aos jogos de campeonato eram precedidos de torneios internacionais organizados por clubes, que se foram tornando famosos.
Então, pelos anos sessentas, em plena década que o FC Porto em Portugal não conseguia mostrar sua valia pelas manobras dos bastidores federativos, foi conseguindo desforrar-se no estrangeiro, onde foi sendo possível fazer coisas bonitas e ganhar provas importantes. Tal o caso do famoso torneio espanhol do Troféu Luís Otero, anualmente organizado em Pontevedra, na Galiza.
Eis em imagem o atraente trofeu que em Setembro de 2017 foi até “Objeto do Mês” de amostra no espaço público de acesso à Loja do Dragão e ao Museu do FC Porto: o Troféu Luís Otero, de 1964. Sendo esse o segundo, como importa sempre recordar, pois que tal torneio e consequente troféu foi conquistado por duas vezes pelo FC Porto, a primeira em 1962 e por fim em 1964.
Com efeito, ao longo da história, o FC Porto marcava presença em importantes torneios de verão, autênticos festivais futebolísticos que ajudavam a preparar as épocas desportivas, a encantar plateias nacionais e estrangeiras e, também, a depositar factos e objetos memoráveis no património do clube.
É o caso do Troféu Luís Otero, conquistado pela segunda vez pelo FC Porto em 1964 com uma equipa onde emergia Rolando, um dos históricos capitães azuis e brancos, e o jovem Artur Jorge. A taça, erguida em Pontevedra (Espanha), esteve entretanto em exposição sobre este torneio patente no Hall do Museu do clube, na área de circulação livre, onde todos os meses há uma revelação da diversidade e riqueza da coleção do clube, enquanto não passa para a exposição permanemnte dentro do próprio Museu do FC Porto.
Assim sendo, apraz avivar o facto ao quadrado, recordando a vitória dupla conquistada, através de alguns dos dados relacionados com essa participação em tal torneio, da primeira vez realizado entre três competidores, e à segunda dois, sempre com o FC Porto em jogo.
= Azumir e Valdir =
Em 1962, os participantes foram o Pontevedra CF e Real Betis, de Espanha, mais o FC Porto, de Portugal. Tendo o FC Porto tido o seguinte programa
– Meia-final, a 24 de Agosto de 1962 – FC Porto, 2 – Real Betis, 1 [golos: 1-0 por Hernâni, aos 40´; e 2-0 por Azumir, aos 44´; 2-1 pelo espanhol Luís, aos 87´]´,
Alinhando as equipas com
FC Porto: Rui; Virgílio, Miguel Arcanjo, Mesquita, Atraca, Paula, Carlos Duarte, Pinto, Azumir, Hernâni e Serafim.
FC Porto: Rui; Virgílio, Arcanjo, Mesquita; Festa, Paula; Carlos Duarte, Pinto, Azumir, Hernâni e Serafim.
Chegados os elementos da comitiva portista ao Porto no dia seguinte, houve receção apoteótica a 27 de Agosto. Em 1962, quando a equipa do FC Porto regressava a casa com o Trofeo Luis Otero, de futebol, conquistado em Pontevedra (Espanha). Vários jogadores históricos, como o guarda-redes Américo, faziam parte do plantel nesse ano. Os quais, entre mais, se podem recordar visitando o Museu para conhecer melhor os ídolos perpetuados na memória do clube.
Por acaso Américo não chegou a alinhar em nenhuma das vezes em que o FC Porto venceu esse torneio, por estar lesionado e por tal motivo ter estado no banco como reforço se necessário fosse. Contudo fazia parte do plantel obviamente, tendo de ambas as vezes depois alinhado logo de início no campeonato português, ele que era e foi o guarda-redes nº 1 desse valioso grupo, do qual se recorda uma das formações contemporâneas.
Volvidos dois anos (com interregno de um ano em que só participaram o Bétis e o anfitrião Pontevedra, com o visitante sevilhano saindo vencedor), em 1964 o FC Porto voltou a ser convidado, sendo participantes o Pontevedra CF, de Espanha, e o português FC Porto:
– Final, a 6 de Setembro de 1964 – Pontevedra CF, 0 – FC Porto, 2 [golos:0-1 por Bernardo da Velha, aos 32´, e 0-2 por Nóbrega, aos 75´]
Alinhando
Pontevedra CF: Fermín; Azcueta, Batalla, Cholo; Martín Esperanza, Roldán I; José Luis (Recalde), Cerezuela (Roldán II), Vallejo, Neme, Odriozola.
FC Porto: Rui; Festa, Almeida, Joaquim Jorge; Carlos Baptista, Paula; Jaime (depois Artur Jorge), Bernardo da Velha, Valdir, Pinto (Rolando) e Nóbrega.