A propósito de Américo e relação da Seleção Nacional versus FC Porto no
tempo do sistema BSB, das presidências federativas circunscritas a representantes de Benfica,
Sporting e Belenenses, vem a propósito relembrar como tardou a estreia de
Américo Lopes em jogos pela Seleção A. Tratando-se então do guarda-redes que
nos relatos radiofónicos de jogos em que os grandes de Lisboa não venciam o FC
Porto, ao não conseguirem bater o guardião Américo, clamavam os comentadores alto e bom som, referindo-se ao Porto, (dizendo) ser Futebol Clube do Américo.
Isso enquanto esse que foi o primeiro Baliza de Prata em
Portugal era colocado de lado na dita Seleção. Apesar de várias distinções, como em 1962 foi entretanto até reconhecido na RTP, por exemplo. Sendo chamado à Seleção, nas convocatórias, para ficar a ver de fora…
Para enquadramento, convém antes uma visão circunstancial
desses factos:
Há noção verdadeira que se Américo tivesse sido de um dos
clubes de Lisboa teria jogado no Mundial de 1966 e muitíssimas mais vezes na
Seleção Nacional. Bem como uns bons anos antes. Tal qual, no tempo em que foi
titular da equipa das quinas o guarda-redes do Benfica Costa Pereira, de uma
das vezes, em 1962 no Brasil em jogo de Portugal com a Seleção Canarinha,
apesar de estar com 38,5º de temperatura (trinta e oito graus e meio de
“febre”), Costa Pereira jogou, obviamente por iniciativa dos
responsáveis, para não dar possibilidades de Américo mostrar merecer o lugar e
naturalmente Costa Pereira não perder a posição. Tal como, mais tarde, na fase final do Mundial
de Inglaterra, em 1966, e depois de Américo no único jogo que lhe deram
possibilidade de jogar na fase antecedente ter mantido a baliza inviolada, com
uma grande exibição na vitória por 1-0 sobre a Roménia dias antes da ida dos
Magriços para Inglaterra, pois ficou depois a suplente… porque o grosso da
coluna da seleção tinha de ter fartos representantes dos 3 do sistema BSB… A
pontos de depois de no primeiro jogo ter jogado Carvalho, do Sporting (que não
mais jogou depois pela Seleção!), seguiu-se nos restantes jogos ter defendido o
guarda-redes do Belenenses, José Pereira, já em final de carreira, de tal modo
que passada uma época a seguir ao mundial já não jogou mais pelo clube do
Restelo e foi para a 2ª Divisão em que estava o clube que o contratou…
Enquanto, depois de tudo, até o selecionador, Luz Afonso, que era quem decidia
com o beneplácito do treinador Otto Glória, ter por fim reconhecido o erro,
como afirmou publicamente em entrevistas que foram e estão publicadas. E então
Américo, com exceção do primeiro jogo pós-Mundial, já ter jogado a titular nos
jogos seguintes da Seleção principal, começando por uma grande exibição em
Itália diante da Seleção Azzurri, mantendo-se a n.º 1 da camisola das quinas
até ter acabado a carreira, obrigado a terminar vítima de forte lesão. Enfim,
demonstrando tudo isso que Américo era mesmo bom para, mesmo assim, ainda ter
conseguido jogar 15 jogos na dita Seleção Nacional A, nesse tempo em que os
jogadores do FC Porto para serem selecionados e jogarem pela mesma equipa das
quinas, não bastava serem idênticos ou algo melhores, tinham mesmo de ser muitíssimo
melhores, muito superiores aos outros.
Ora, para melhor elucidação e cingindo o tema à parte mais
antiga e menos lembrada, dá-se conhecimento do caso de 1962. Quando
Américo estava já considerado o melhor guarda-redes do Campeonato Nacional e
ficou em espera, como suplente, com a internacionalização adiada. Bem como algo
caricato de passou com Alberto Festa, conforme se pode ver e recordar. Basta
atentar no que ao tempo foi então narrado no jornal O Porto, em sua edição de 9 de maio desse ano. Onde, porque ao
tempo havia censura oficial (sendo o jornal “Visado pela Censura”) foi aquilo
descrito em tom jocoso, como simples “Anedota da Quinzena” – sobre o que se passou nesse jogo ocorrido a 6 de maio de 1962 (Brasil, 2-Portugal, 1). Em que alinharam, pela equipa representativa de Portugal, como titulares 4 do Benfica, 4 do Sporting, 2 do Belenenses e 1 do FC Porto (Serafim, então em estreia pela Seleção A), além de terem entrado depois, nas substituições operadas, mais 1 do Benfica e 1 da CUF.
Armando Pinto
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