Por estes dias foi lembrado Serafim, a propósito de no
Outono de 1962 o então jovem avançado Serafim ter sido marcador de mão cheia, com
cinco golos, no encontro FC Porto-Feirense, da 2.ª mão da 2.ª eliminatória da
Taça de Portugal da época de 1962/63. Contribuindo assim em grande para a
goleada da equipa portista por 9-0 no jogo decorrido no Estádio das Antas. Cujo
volumoso resultado desse segundo jogo da segunda prova maior portuguesa completou
e ficou para a história pelo agregado da eliminatória, visto na 1ª mão o FC Porto
já ter vencido por seis golos sem resposta e Serafim também ter dado o gosto ao
pé com quatro golos.
Ora, vem o tema ao caso não pelo jogo, mas pelo marcador em
apreço. Pois que da data do referido jogo há alguma confusão nas informações. Tendo essa
eliminatória sido jogada em Outubro desse ano, mas sem aqui se precisar os dias
com rigor, visto por exemplo no “Almanaque do FC Porto 1893-2011”, por Rui
Tovar como “produto oficial FCP”, haver quase sobreposição de datas, com diferenças
de apenas um dia entre jogos da Taça de Portugal e da Taça das Cidades Com Feiras
(prova antecessora da Taça UEFA/ Liga Europa)…
Assim sendo, a propósito, calha o caso como ocasião de
lembrar esse mesmo Serafim. Jovem que ao tempo era ainda um novo jogador que subira
aos seniores em 1960/61, depois de se ter revelado nos Juniores e haver passado
a ser Promessa, em quem se depositavam grandes esperanças. Tanto que entrara na
equipa principal do FC Porto já em dezembro de 1960, mas entretanto em 1961
ainda fez parte da Seleção Nacional de Juniores que venceu o Torneio Internacional da
UEFA, considerado Campeonato Europeu de Juniores. Tendo Serafim sido o goleador da prova e o FC Porto estado representado por ele e pelo guarda-redes Rui, mais o treinador José Maria Pedroto, que era também Técnico do escalão de Juniores no Porto.
Pois então, por volta de 1961 começara aqui o autor destas linhas a sentir que gostava do Porto, a ser Portista já, a sério, por assim dizer. Na fase em que Serafim passou a integrar a equipa principal do FC Porto, junto com Américo, Azumir, Hernâni, Pinto, Virgílio, Jaime, Arcanjo, Ivan, Barbosa, Paula, etc.
= Equipa do FC Porto em 1961 (a partir da esquerda, e desde cima) Américo, Arcanjo, Paula, Ivan, Barbosa e Virgílio; (em baixo) Jaime, Pinto, Azumir, Hernâni e Serafim.=
Depressa chegou Serafim também à Seleção Nacional A, algo
que não era muito usual à época, pois nesses tempos, da ditadura do
sistema federativo BSB, a principal seleção representativa do país era quase
exclusiva para jogadores dos clubes de Lisboa. Tal como sucedeu, por exemplo com Américo, que tardou a ser chamado a entrar em campo como titular, com vários jogos sentado no banco dos suplentes da equipa da FPF. Tendo Serafim ainda chegado a estrear-se antes, com a camisola das quinas.
Ora, para melhor elucidação e cingindo o tema à parte mais antiga e menos lembrada, dá-se conhecimento do caso de 1962. Quando Américo estava já considerado o melhor guarda-redes do Campeonato Nacional e ficou em espera, como suplente, com a internacionalização adiada. Bem como algo caricato se passou com Alberto Festa, conforme se pode ver e recordar. Basta atentar no que ao tempo foi então narrado no jornal O Porto, em sua edição de 9 de maio desse ano. Onde, porque ao tempo havia censura oficial (sendo o jornal “Visado pela Censura”) foi aquilo descrito em tom jocoso, como simples “Anedota da Quinzena” – sobre o que se passou nesse jogo ocorrido a 6 de maio de 1962 (Brasil, 2-Portugal, 1). Em que alinharam, pela equipa representativa de Portugal, como titulares 4 do Benfica, 4 do Sporting, 2 do Belenenses e 1 do FC Porto (Serafim, então em estreia pela Seleção A), além de terem entrado depois, nas substituições operadas, mais 1 do Benfica e 1 da CUF.
De nome completo Manuel Serafim Monteiro Pereira, nascido nas
redondezas da cidade do Porto, sendo natural de Rio Tinto, concelho de Gondomar,
nasceu a 25 de Julho de 1943. E vivendo então às portas da cidade do Clube do
mesmo nome, começou por jogar futebol nos escalões de formação do Futebol Clube
do Porto, a pontos que com apenas 15 anos já jogava nos juniores. Até que na temporada de
1960/61 passou a integrar o plantel principal dos Dragões.
Neste pé da narrativa historiadora e para não haver
repetições, partilha-se com a devida vénia os dados constantes da nota biográfica
sobre ele inserta no blogue “Estrelas do FCP”:
«A sua estreia como sénior com a camisola azul e branca
aconteceu no dia 11 de Dezembro de 1960 no Estádio da Luz, quando os portistas
defrontaram o S.L. Benfica, num jogo a contar para a 11ª jornada do Campeonato
Nacional de 1960/61. Desse modo Serafim tornou-se no mais novo jogador portista
a alinhar na equipa principal, quando tinha 17 anos, 4 meses e 16 dias.
Conquistou por três vezes a Taça Associação de Futebol do
Porto (1960/61, 1961/62 e 1962/63).
No dia 1 de Setembro de 1962, esteve presente no jogo contra
os espanhóis do Athletic Club de Bilbao, uma partida em que os portistas
venceram por 2-1 e que serviu para inaugurar a iluminação artificial do Estádio
das Antas.
Esteve três épocas ao serviço do F.C. Porto tendo disputado
80 partidas oficiais e apontado 40 golos. Em 1963/64 transferiu-se para o S.L.
Benfica. No clube da capital esteve três épocas onde alinhou em 46 partidas e
marcou 20 golos. Venceu a Taça de Portugal em 1963/64.
Em 1966/67 ingressou na Associação Académica de Coimbra,
clube onde jogou durante sete temporadas nas quais vestiu a camisola dos
estudantes por 96 vezes, tendo sido o autor de 19 golos.
No final da época de 1972/73 abandonou a carreira de
futebolista.
Em 1961 esteve presente no Torneio Internacional de Juniores
da UEFA, que se disputou em Portugal e que a Seleção Nacional venceu, com
Serafim a ser a grande figura da equipa ao apontar golos importantes, tais como
os quatro que marcou na final do torneio na vitória de Portugal sobre a Polónia
por 4-0.
Faleceu no dia 6 de Junho de 1994.
Palmarés:
1 Taça de Portugal;
3 Taças Associação de Futebol do Porto.»
Como complemento, junta-se a Ficha de Serafim, constante da “Enciclopédia do Desporto”, em seu volume 13, da edição Quidnovi, de 2003.
Resumindo e concluindo: Desde a sua entrada na equipa do F C
Porto ainda menino e moço, logo se impondo entre grandes, e enfim, depois, passando
pela sua mediática transferência do Porto para o Benfica, que se transformou
numa desilusão para ele e fiasco aos olhos do público, Serafim acabou depois
por rumar à Académica, de modo a ter um final de carreira como jogador titular.
De permeio com sua ligação à Seleção Nacional, como ficou registado na ficha de
32.º Internacional de futebol do FC Porto pela Seleção Nacional A (principal). Conforme
o tema do “Serafim do Porto” (como era inicialmente conhecido) serve
a talhe de foice para evocar sua figura, através da resenha de seu currículo,
conforme Rodrigues Teles narrou no estudo sobre os Internacionais do F C Porto.
Este artigo foi originalmente publicado neste site