Adriano Quintanilha e Nuno Ribeiro, dirigentes da equipa de ciclismo W52-FC Porto, optaram por não prestar declarações na sessão de arranque do julgamento que se realizou no pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira. Enfrentam acusações de tráfico e administração de substâncias e métodos proibidos.
Ao longo da sessão matinal, foram ouvidos Rui Sousa, ex-presidente da Associação de Ciclismo de Braga e Marco Vilela, parente de Ricardo Vilela, ex-ciclista envolvido no caso. A técnica auxiliar de farmácia Carina Lourenço, cunhada de Samuel Caldeira, também prestou depoimento.
Os ciclistas Rui Vinhas, João Rodrigues, Samuel Caldeira, Ricardo Mestre, Ricardo Vilela, Daniel Mestre e Daniel Freitas aguardam para prestar declarações durante a parte da tarde.
No total, os 26 arguidos respondem por tráfico de substâncias e métodos proibidos. Apenas 14 deles, entre os quais Adriano Quintanilha e Nuno Ribeiro, enfrentam também acusações de administração de substâncias e métodos proibidos.
Os acusados incluem ex-ciclistas da W52-FC Porto, como João Rodrigues, Rui Vinhas, Ricardo Mestre, Samuel Caldeira, Daniel Mestre, José Neves, Ricardo Vilela, Joni Brandão, José Gonçalves e Jorge Magalhães, assim como, Daniel Freitas, que esteve na equipa entre 2016 e 2018.
Segundo o Ministério Público (MP), a direção da equipa, incluindo Adriano Quintanilha, Nuno Ribeiro e Hugo Veloso, terá decidido “aumentar a rentabilidade dos seus ciclistas para obter melhores resultados”, criando um sistema para a utilização de práticas dopantes a partir de 2020.
Nuno Ribeiro é acusado de ter incentivado o consumo de substâncias proibidas, tais como betametasona, hormonas de crescimento, testosterona e insulina, bem como a prática de transfusões sanguíneas.
As alegações são apoiadas pelos resultados de diversas buscas domiciliárias e não domiciliárias realizadas pela Polícia Judiciária durante o Grande Prémio O Jogo, que resultaram na apreensão de várias seringas, agulhas, material para transfusões de sangue e substâncias dopantes.
Em exceção a Jorge Magalhães, cujo processo continua a decorrer na instância desportiva, todos os outros ciclistas cumprem já sanções por dopagem. Alguns desses ciclistas, como Rodrigues, Vinhas, Ricardo e Daniel Mestre, Caldeira, Neves e Vilela, admitiram a culpa perante a Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), que lhes reduziu a pena em um ano.