“Um de nós… mas é o último!
Para os que ainda não perceberam a real dimensão de Sérgio Conceição (e cada vez há mais gente), passo a tentar explicar a razão pela qual todos (sem excepção) o devíamos admirar. Ele é um de nós ali dentro, ele representa tão só o “Porto à Porto”. Aquele Porto do nosso tempo que de pequeninos nos habituamos a ver e a sentir. Penso que não tenho de explicar o que isso é, pois quem não perceber pode já parar de ler…
Esse Porto estava em vias de extinção e foi ELE quem o trouxe de volta. Num momento em que temos há anos uma Direção à deriva e num plantel onde só há brasileiros, mexicanos, africanos e espanhóis, é apenas o nosso Treinador que ainda segura a IDENTIDADE do Clube! Sabem o que isso é, ou gostavam que esta merda fosse um City ou um PSG onde um filha da puta qualquer injecta dinheiro para tentar ganhar? Gostam disso ou querem um Porto à Porto!? Se tanto vos faz e o que só querem é ganhar, não vão perceber o intuito da prosa.
E quem depois dele quem poderá continuar a dar-nos isto? Em quem nos vamos rever ali dentro!? Olhe-se para a geração dos que aqui partilharam balneário com ele e não há mais nenhum treinador de jeito! É certo que muitos gostam dos Marcos Silvas, Jesus, Fonsecas e Jardins… muito lúcidos tacticamente e excelentes a fazer substituições a a ler os jogos, mas e PORTO caralho?! Onde íamos ter? Nas camisolas só!?
Para além da Identidade, foi ele quem conseguiu fazer crer a um conjunto de gajos com evidentes limitações técnicas que eles eram bons e os levou a vencer! Foi ele que conseguiu fazer de um gajo com os 2 pés tortos um goleador! Foi ele que aceitou baixar o salário e trocar um vida confortável em Nantes por um clube que estava em vias de se afundar….
Mas é a este homem, O ÚLTIMO DOS NOSSOS, que muitos de vocês adoram apontar o dedo (e nota-se o gosto com que o fazem), mesmo após um jogo como o de ontem, imagine-se! A escolha é livre e é de cada um, mas eu escolho continuar a ter Porto na alma e não apenas na camisola.
Erra? Como todos! Identifico os seus erros? Claro que sim… mas com tristeza e não com prazer e com aquela sede de sangue que por aqui se vê! Nesses momentos sinto pena… por ele, mas sobretudo pelo Porto, por aquele Nosso Porto que Conceição não deixou que morresse.
Texto de P. Silva