Sem Indi nem Marcano, o nigeriano pega, esta noite, na defesa. O novo menino bonito do FC Porto prometeu ao melhor amigo que, um dia, jogaria no Dragão. Ninguém esperava que fosse tão cedo.
Lichnovsky seguiu emprestado para Gijón, Maicon para o São Paulo, Indi está castigado e Marcano lesionado. José Peseiro não tem centrais para esta noite e o que mais se aproxima disso é Chidozie, um trinco de raiz, convertido em defesa por Luís Castro e, nesta altura , absolutamente indispensável na equipa principal .A história do nigeriano bem podia ser um conto de fadas.Em 14 meses, a mudança foi tremenda. “Uma vez, andávamos a passear junto ao Estádio do Dragão e ele disse-me que, um dia, íamos jogar ali. O que não imaginávamos é que ia acontecer tão rápido com ele”, recorda-nos Fidélis Irhene. A história contada pelo melhor amigo, também ele nigeriano, atualmente emprestado pelo FC Porto ao Portimonense, aconteceu há pouco mais de nove meses. Se recuarmos mais cinco, encontramos uma personagem completamente diferente.
Foi em janeiro de 2015 que o jogador se apresentou à experiência no Olival. Chidozie vinha do El-Kanemi Warriors, um clube onde fez quase toda a formação e onde era remunerado ao preço de um bilhete de sócio para assistir ao jogo de hoje na central: 20 euros. Ou melhor, cinco por semana, porque na Nigéria o pagamento de salários é à moda britânica. E ainda que em África haja pouco dinheiro, 20 euros é pouco mais de um quinto do salário mínimo (88) do país. É como se Chidozie recebesse, em Portugal, 120 euros por mês. Ao assinar o primeiro contrato com o dragão, começou a enviar dinheiro para a Nigéria, prática que mantém, agora que passou os cinco mil euros de remuneração mensal, 250 vezes mais do que antes de chegar.
Hayden Graham foi o empresário que trouxe Chidoziee ainda se recorda da primeira palavra que lhe ouviu logo após ter chegado ao Olival. “Uau”, ri. “Foi qualquer coisa como isso, embora não lembre bem o que se seguiu. Não conhecia nada assim. Para ele, que às vezes era obrigado a treinar nu, até ter um equipamento de treino por dia era incrível”, conta-nos. Ao que parece, no Kanemi, não havia dinheiro para muito material e quando este ia para lavar, os jogadores tinham de treinar em tronco nu.
Fonte: http://fcportojornaisoficial.altervista.org/chidozie-valia-20-euros/