Reinaldo Miguel da Silva Ventura, mais conhecido por: Reinaldo Ventura, ou até mesmo o REI do hóquei em patins, nasceu a 16 de Maio de 1978 (38 anos), em Vila Nova de Gaia.
A sua paixão pelo Hóquei apareceu quando era pequeno por intermédio do pai e do padrinho no CH Carvalhos, depois passou ao Futebol Clube do Porto, o clube da sua vida e do seu coração, onde o representou durante 26 anos.
Ganhou inúmeros títulos, como: o deca-campeonato do FCPorto, 9 Super Taças António Livramento, 8 Taças de Portugal, Taça Cers, entre outros. Para além disso foi 4 vezes finalista da Liga Europeia.
Integrou a seleção nacional e foi campeão do mundo. Foi capitão da equipa das quinas e em 2016 foi chamado de novo a integrar a seleção nacional.
Atualmente joga no Óquei Clube de Barcelos, o nº66 é eterno e nunca vai haver ninguém a rematar tão forte como ele do meio campo.
Sem mais demoras, apresento-vos REInaldo Ventura, um dos mais experientes hoquistas portugueses:
Ana Especial (A.E.) – Quem é o Reinaldo Ventura?
Reinaldo Ventura (R.V.) – Uma pessoa tranquila, simples, com gostos simples. Gosto de ser amigo do meu amigo, sou teimoso e muito focado em conseguir atingir os meus objetivos
A.E. – Quando começaste a jogar hóquei e porquê?
R.V. – Comecei aos 3 anos porque o meu padrinho que era treinador e o meu pai que era amante da modalidade me levaram a experimentar, depois a proximidade com o pavilhão ajudou. Foi uma paixão imediata.
A.E. – Para muitos és o ‘’REI’’naldo Ventura, o REI. O que sentes quando tens toda a gente a puxar por ti?
R.V. – É um sentimento único, algo que nos satisfaz e algo que nos motiva a continuar e a querer mais.
A.E. – Porquê que escolheste o OCB?
R.V. – Na altura tinha propostas mais vantajosas financeiramente, mas o Paulo Freitas falou-me ao coração, o Sr. Dias achava importante ter alguém com o meu nome que ajudasse o clube nesta fase a dar um passo em frente e o clube sempre me impressionou pelo apoio que davam a modalidade que amo. Impressiona-me o apoio sempre constante que os jogadores recebem. Identifico-me com isso.
A.E. – O que mais te custa neste meio desportivo?
R.V. – Só posso falar do que conheço. Mas há duas coisas que me incomodam mais que outras. Tentar alcançar objetivos passando por cima de tudo e todos, sem dignidade. E falar-se de tudo e todos sem saberem do que estão a falar.
A.E. – Com tantos títulos, o que é que ainda te falta conquistar?
R.V. – Falta-me conquistar a Liga dos Campeões. Nunca o consegui mas estou orgulhoso do que conquistei e corro atrás de mais conquistas.
A.E. – Qual foi o melhor ano de sempre? Foi 2016?
R.V. – 2016 foi um ano que jamais me esquecerei. Depois de quererem o meu abandono eu insisti que tinha condições de continuar e atingir o objectivo de ganhar a CERS e ser chamado novamente a selecção conquistando o Europeu fez deste ano um ano especial, sem nunca me esquecer de um passado que muito me orgulha.
A.E. – 2015 foi um ano complicado, sabemos disso, queres explicar porquê?
R.V. – Foi um ano em que não fui opção, umas vezes justamente, a maior parte das vezes injustamente, mas se há algo que nunca me podem acusar é do meu comportamento nem da minha atitude em prol da equipa. Sempre fiz o melhor para a equipa o que levou a que deixasse de ser opção. Mas desta forma consigo andar de cabeça bem erguida na rua e olhar-me ao espelho com dignidade e orgulho, pelo que passei, pelo que me fizeram e pela forma como reagi.
A.E. – Como é ganhar um campeonato europeu?
R.V. – Era um sonho que perseguia á algum tempo e conseguir atingir, algo que me deixou muito satisfeito e cheio de orgulho.
A.E. – Como foi regressar à seleção nacional em 2016?
R.V. – Foi um regresso muito positivo, depois de o Sénica me ter ligado ponderei e aceitei, achei que poderia finalmente vencer um Europeu com uma equipa incrível em valores e qualidade. Foi muito bom.
A.E. – 26 anos no Futebol Clube do Porto, é muito tempo, como foi deixar aquele que sempre foi o teu clube?
R.V. – Foi e será, Porto é o meu clube de coração e em nada poem em causa a minha parte profissional nem a camisola que agora defendo. Não confundo o clube com as pessoas que tomaram a decisão. Sair foi triste, era algo que não estava nos meus planos, mas fez-me crescer e conhecer outras realidades e abrir-me outras perspetivas. Para nos valorizarem por vezes temos que sair e nunca ouvi tantas vezes dizerem-me que fazia falta como depois de ter saído.
A.E. – O que mais te deixa saudades no FC Porto?
R.V. – Defender a camisola do clube do nosso coração. Os amigos. Era a minha casa e deixou de ser.
A.E. – Quem foi o teu maior amigo no FCP?
R.V. – Filipe Santos. Alguém com quem ainda hoje mantenho uma relação de carinho e que irei ter sempre, porque não tem duas caras, é honesto e sincero.
A.E. – Quem é agora no OCB?
R.V. – Paulo Freitas, porque somos amigos á muito tempo e porque me identifico com ele enquanto pessoa e Luís Querido, surpreendeu-me como pessoa e capitão.
A.E. – Equivales o OCB a que clube de futebol português?
R.V. – Ao Vitória, pela dedicação ao clube.
A.E. – Como foste recebido no OCB?
R.V. – Não poderia ter sido recebido de melhor forma, e depois a época que passou ajudou a tirar a ideia que ia para Barcelos arrastar-me. Quando entro num projeto entro com toda a força e vontade. Ou então não aceito.
A.E. – No que é que sentiste a maior diferença quando mudaste de clube?
R.V. – A dimensão é a maior diferença, a organização também é diferente.
A.E. – O que é que o OCB te deu que o FCP nunca te deu?
R.V. – Possibilidade de conhecer outra realidade, de me fazer crescer enquanto atleta e pessoa. Hoje sou mais completo e permitiu-me moldar a minha forma de ver o hóquei.
A.E. – O que sentes quando vais jogar ao Dragão Caixa, mas pelo OCB?
R.V. – Não permito que os meus sentimentos interfiram com o meu profissionalismo.
A.E. – Quando deixares de ser jogador, já pensaste em vir a ser treinador?
R.V. – Sim, estou a tirar o Nível 3, o ultimo. É algo que me seduz, mas enquanto me sentir capaz irei jogar.
A.E. – Depois de tantos anos, ainda ficas nervoso antes de um jogo?
R.V. – Não
A.E. – O que é que se pensa antes de entrar num ringue?
R.V. – No que terei que fazer para ganhar o jogo. A partir do momento em que entro no pavilhão o objetivo é o mesmo, sempre.
A.E. – És quem mais dá conselhos ou quem mais recebe?
R.V. – Normalmente que dá mais, até pela idade e experiencia, mas também os gostos de receber. Estamos sempre a aprender.
A.E. – Sendo tu uma figura incomparável deste desporto, para ti, quem é o Cristiano Ronaldo desta modalidade?
R.V. – O Pedro Gil.
A.E. – Para finalizar, e uma pergunta que não pode faltar: o que é a Kaos B para vocês?
R.V. – O nosso suporte, o nosso animo. Sempre ao nosso lado e nós temos um grande sentimento de carinho e gratidão com todos eles.
Fonte da entrevista: http://specialtimes.blogs.sapo.pt/depois-de-quererem-o-meu-abandono-eu-7393