Exercício financeiro terminou na sexta-feira e a venda de Rúben Neves, noticiada na edição impressa de O JOGO, este sábado, chegou para o FC Porto cumprir o prometido.
Depois de Moreto Cassamá (o Borússia de M’Gladbach pagou três milhões de euros), André Silva (para o AC Milan por 38 milhões de euros), Depoitre para o Huddersfield (em Inglaterra garantem por cinco milhões de euros), Andrés Férnández (1,8 milhões pagos pelo Villarreal) e Lichnovsky (mais 1,8 às custas do Necaxa), a SAD do FC Porto está prestes a somar a transferência de Rúben Neves (cerca de 20 milhões para o Wolverhampton), garantindo o cumprimento do acordo de liquidação que celebrou com a UEFA há pouco mais de um mês.
Só em outubro as contas finais são anunciadas, mas a vontade que a SAD tinha de efetuar uma venda ontem prendia-se com a necessidade de não falhar nada no acordo com a UEFA, sob pena de as sanções se agravarem. Ainda que a transferência não tenha sido oficializada, o facto de poder finalizar-se nos próximos dias permite que seja acrescentada como anexo ao documento e evite que haja novas sanções, nunca superiores ao pagamento de uma multa máxima de 2,2 milhões de euros àquele organismo, tal como fixado no tal acordo de maio. É verdade que a UEFA pode não aceitar, mas isso é raro neste tipo de casos.
Ao contrário do que se chegou a escrever, a SAD estava autorizada a apresentar 30 milhões de prejuízo no fecho de 2016/17 e não no somatório das três temporadas anteriores, período a que todos os outros clubes estão sujeitos. Para os dragões, seria muito difícil cumprir da primeira forma, pois transita de 2014/15 e 2015/16 com um acumulado de cerca de 40 milhões de euros negativos. Em 2017/18, o prejuízo pode ser de 20 milhões e de 10 em 2018/19. Se cumprir escrupulosamente, a SAD volta a entrar nos mecanismos normais de regulação perante a UEFA.
Voltando às contas anuais, o FC Porto apresentou 29,6 milhões de euros negativos no primeiro semestre. O problema é que as receitas da Liga dos Campeões (24,4 milhões de euros) já haviam sido contabilizadas. Ou seja, em matéria de resultados operacionais, o segundo semestre terá sido francamente pior. O balanço entre compras e vendas é que contribui para que o prejuízo seja minimizado e encaixe dentro dos valores definidos pela UEFA como obrigatórios, assumido que está o falhanço no cumprimento do fair play financeiro ordinário a que os clubes são obrigados. Neste balanço entram então as transferências que enumerámos no início do texto, mas também as de janeiro (Evandro e Varela), que atenuam a verba gasta na compra de Soares ao V. Guimarães.
Os dragões estão ainda a fazer um grande esforço para baixar a folha salarial. Isto porque há outras medidas que a UEFA impôs, mas passaram ao lado das notícias. Uma das mais difíceis é o cumprimento de um rácio definido entre os salários do pessoal e as receitas operacionais. Dizem as normas da UEFA que o valor gasto não deve ser superior a 60% das receitas operacionais, excluindo proveitos com passes de jogadores. Nos últimos anos, o FC Porto chegou a andar perto dos 100%. O valor do rácio autorizado pela UEFA não foi divulgado e será, seguramente, acima das normas com que este organismo aconselha os clubes. Mas é, também seguramente, abaixo do que a SAD vinha a praticar. Nos últimos seis meses, já 21 jogadores se desvincularam, a título definitivo, dos quadros azuis e brancos. São mais de quatro milhões de euros em caixa.