O Estádio das Antas foi considerado por muitos como um novo marco de progresso no futebol português. Foi um motivo de orgulho para todos os portistas e hoje em dia é aceite pela maioria dos portistas como uma obra de enorme prestígio para o Futebol Clube do Porto, pois é referido que os terrenos foram comprados pelos sócios do FC Porto, através de um empréstimo obrigacionista, e os sócios contribuíram para a construção do mesmo. No entanto será que foi bem assim?
Antes mesmo de se colocar a hipótese de se fazer um estádio nas Antas, houve uma outra hipótese, construí-lo na Quinta da China, pois chegou-se mesmo a dar-se um sinal de compra pelo terreno. Quem então trouxe a decisão para as Antas? Bem, devido a complicações e depois a um certo desinteresse acabou-se por abandonar a ideia da Quinta da China, e surgiram então duas alternativas: Vilarinha (a poente da Boavista) ou Antas.
Foi o Dr. Cesário Bonito, que viria a ser presidente do FC Porto pela primeira vez em 1945, a apontar o dedo para as Antas em 1943. E logo em princípios de 1944, o arquiteto Oldemiro Carneiro começou a analisar a obra de grande envergadura. Anos mais tarde, em agosto de 1948, o ministro das Obras Públicas, o sr. Engenheiro Frederico Ulrich, aprovou o anteprojeto do Estádio, que correspondia a uma área de 65 mil metros quadrados. No entanto não havia ainda acordo entre o Futebol Clube do Porto e os proprietários do terreno, tendo um até levado demasiado longe a intransigência. O problema ficou resolvido em 1 de Setembro de 1949, quando um despacho ministerial do Estado Novo mandou expropriar os terrenos. A partir desse dia o estádio seria uma realidade e o ministro Frederico Ulrich receberia uma justa homenagem (medalhão com a sua imagem) pelos portistas que lhe ficaram bastante agradecidos, pois em 4 de dezembro de 1949 o Futebol Clube do Porto toma posse dos terrenos das Antas.
Nesse domingo inesquecível, o presidente do FCP, Dr. Miguel Pereira, proferiu um discurso de agradecimento não esquecendo os cooperadores do Estado e da Câmara, os cooperadores anónimos e os do clube. Além do presidente do FCP, o ministro das Obras Públicas de Salazar falou também, sendo frequentemente interrompido por aplausos. Entre os aplausos anunciou também a concessão de 3000 contos para a obra se tornar realidade. Estavam assim reunidas todas as condições para que em 16 de janeiro de 1950 se começasse a primeira fase da construção do Estádio das Antas.
Através de inúmeras contribuições de norte a sul do país, gastaram-se 7500 contos para tornar o sonho realidade. A Direção do FCP contava já com Urgel Horta, ao leme quando em maio de 1952 (meio ano após o começo da segunda fase) era inaugurado o Estádio das Antas. O dia escolhido foi a quarta-feira de 28 de maio, dia em que 26 anos antes se instalou um regime totalitarista em Portugal e o clube convidado para a inauguração foi o SL Benfica. O resultado ficou para a história, sendo de 2-8 para o Sport Lisboa e Benfica – e Pinto da Costa era um entre os milhares de adeptos que assistiram ao vivo a esta inauguração.