Um dia, Marius marcou um golo daqueles que todos nós já tentámos marcar uma vez para humilhar os nossos amigos.
Já ouviu falar de Marius Mouandilmadji? Nós já, mas apenas há meia dúzia de dias. Este rapaz surgiu como reforço do FC Porto – o anúncio não teve a pompa de outros – e, para já, teve direito a ser apresentado no Dragão e até a escolher o número para 2018/19: será o 14, que era de Gonçalo Paciência.
Mas sejamos justos: neste momento, Marius ainda é praticamente um desconhecido, até porque chega a Portugal sem carreira na Europa. O Bancada conseguiu falar com Hans Djoumen, um amigo de infância de Marius. Quisemos conhecer um pouco melhor este avançado e temos uma historinha boa. Uma historinha e um golo surreal do avançado que, pelo visto, gosta de brincar com os adversários, no relvado. E começamos já por aqui. Um dia, Marius marcou um golo daqueles que todos nós já tentámos marcar uma vez para humilhar os nossos amigos ou irmãos mais novos. Ora veja.
Mas vamos apresentá-lo: Marius é um avançado chadiano (conhece este gentílico?), de 20 anos, que chegou do Cotonsport, campeão da Liga Camaronesa. Nasceu no sul do Chade e, aos 19 anos, foi “caçado” pelo Cotonsport, fixando-se na pequena cidade de Garoua, lá bem no Norte dos Camarões, entre a Nigéria e o Chade.
“Ele não teve um grande percurso antes de jogar pelo Coton. Jogámos juntos num clube daqui do Chade e ele, um dia, ligou-me a dizer que já estava nas reservas do Coton. Uns anos depois, encontrámo-nos e ele disse-me que já estava na equipa principal. Foi assim que ele me disse que estava lá”, conta Hans, ao Bancada.
E foi lá, no Coton, que conquistou o direito a ser olhado pela Europa. Segundo o “zerozero”, marcou 18 golos em 30 jogos, o que é um bom cartão de visita. Por lá, ficaram com pena de o ver sair. Fomos dar um “passeio” pela imprensa camaronesa e pudemos ler que o “Coton nada poderia fazer para reter a sua pérola, tinha as mãos atadas” e apresentam ainda uma cláusula do contrato de Marius com o Cotonsport.
“No caso de uma oportunidade melhor do que o Coton Sport de Garoua, o clube deve facilitar a conclusão da transação para o bem de todas as partes envolvidas: jogador, família, Federação Chadiana e clube”. Pressupomos, portanto, que não foi difícil ao FC Porto conseguir acordar a contratação do jogador.
Nota ainda para o relato do “Zone Foot”, dos Camarões, que conta que, há algumas semanas, o jogador esteve para ir fazer testes à Suíça, para se juntar ao Grashoppers, mas a viagem falhou. Problemas administrativos com os vistos bloquearam o jogador em Yaoundé, capital camaronesa.
O cozinheiro
Hans define-nos Marius como “muito simpático, bem-disposto e que trata toda a gente por igual” e acrescenta: “ele é muito trabalhador, focado, inteligente e respeitador”.
Um moço bem-comportado, portanto. Marius chega ao Porto e, por lá, certamente terá de se refugiar numa considerável “comunidade francófona”. O argelino Brahimi, o camaronês Aboubakar e o maliano Marega deverão ser a comissão de boas-vindas a Marius e, já agora, ao congolês Mbemba.
Para os seduzir e conquistar a amizade, Marius tem um trunfo. Dos bons. Pelo menos é Hans Djoumen quem o diz. “Ele adora ser cozinheiro”, garante, ao Bancada. Por falar em comida… Hans diz que Marius adora amendoins e que está sempre em grande forma física.
Já no Dragão, Marius assumiu que não foi fácil escolher o FC Porto. “Não foi fácil porque, quando tens de decidir, é preciso ter a cabeça fria e ter calma para fazer a escolha certa. Era importante encontrar um clube que me desse as melhores condições para continuar a aprender e evoluir. Penso que será o caso aqui no FC Porto porque é um clube com grande história (…) a presença de Sérgio Conceição motivou-me muito. O nosso treinador confia nos jovens jogadores e isso motiva-me. Também me encorajou a presença de Aboubakar”, explicou.
Fique com alguns momentos deste avançado de 1,82m.